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Diário da Amazônia

Banda fora do script busca reconhecimento

Na atividade há 2 anos, a banda está lutando por reconhecimento, até que este ano surgiu a oportunidade da gravação do primeiro álbum.

Por Jaylson Vasconcelos Diário da Amazônia
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Publicado: 23/04/2017 às 05h15min

“continuamos fazendo a nossa música, queremos merecimento”, diz Paulo

O cenário Musical da capital rondoniense é cercado de diferentes acordes, os estilos são variados e contam com a mistura de diversas referências. É comum andar pelas ruas e se deparar com esse ecletismo musical, em cada esquina se ouve um estilo diferente, rap, blues, samba são alguns de dezenas de estilos que os artistas da cidade produzem.

Porto Velho é um verdadeiro polo em termos de diversidade musical, e em meio a este conglomerado, estão inseridos os artistas independentes, ou seja, aqueles que produzem suas próprias músicas sem nenhum suporte financeiro, a arte pela gana de fazer arte, com esta intenção as bandas procuram formas de sobreviver e ressignificar suas obras. Em meio a toda esta diversidade, estão as bandas independentes de rock, com ritmos e referências as mais distintas possíveis, que vão do underground ao pop/rock.

Essas bandas por serem independentes, carregam prós e contras, como a liberdade de trabalhar em suas músicas sem se deixar afetar pela pressão mercadológica, o que garante maior autonomia no processo e resultado final da obra, por outro lado é necessário maior planejamento para divulgar o trabalho, e fazer com que o público ouça as músicas, por esse motivo a expressão em inglês Do it Yourself – (Faça você mesmo), é perfeitamente representada entre os artistas da cidade, que contando com boas ideias e criatividade conseguem driblar a falta de investimento e incentivo cultural, criando seus próprios eventos para movimentar a cena nas noites de Porto Velho.

A banda de pop rock Fora do Script, é uma dentre as dezenas que ocupam a cena, com criatividade, o grupo composto por (Pax bateria), Paulo Ledo (guitarra e voz), Flávio Birth (baixo), Ramon Benjamin (guitarra), criam meios próprios para ter o seu som conhecido na região. Segundo os artistas, existe uma problemática, pois, os grandes festivais que vem a Porto Velho, não valorizam os artistas locais, e para romper com essa “invisibilidade”, na última apresentação do cantor Thiago Iorc na cidade, a banda fez um show em um trio elétrico para as pessoas que esperavam na fila, não com o sentido de afrontar, mas de divulgar a banda para o maior número de pessoas.

Para o grupo existe uma atmosfera de preconceito do público com os artistas locais, algo que implica na desvalorização do trabalho, outro fator é a falta de apoio cultural, eles expõem que isso também influencia em um apagamento do cenário. Fica assim, os artistas existem e continuam produzindo e se apresentando em casas específicas, mas por falta de incentivo a cena se restringe a determinados grupos e não para um maior número de pessoas.

“A questão é cultural, porque nós não temos uma rádio que toque bandas de músicas locais, as bandas com maior poder de estar na mídia são elas que aparecem, a gente precisa mudar essa cultura, ter um espaço onde as bandas autorais e artistas locais possam tocar na rádio, e que possam ceder mais espaços para a gente apresentar o nosso trabalho, estamos por conta própria, tocar na frente da fila foi uma ação realmente para acordar a população e dizer que a gente existe, estamos contribuindo com essa pequena parte, para que essa cena possa crescer, o sonho de todos nós artistas é sermos reconhecidos pelo próprio lugar, é assim que a cultura avança, quando as pessoas se reconhecem na arte”, comenta Birth, baixista da banda.
Sobre os incentivos culturais da cidade em bandas locais, o vocalista Paulo comenta:

“Nós queremos construir o nosso trabalho, sabemos que não é apenas dinheiro, ou só depender do poder público, claro que se o poder público investisse mais nos músicos locais teríamos mais um estímulo, e a nossa música seria ouvida para um maior número de pessoas, também não adianta nada investimento sem antes uma divulgação, ter artistas no palco sem público não existe, por isso nós continuamos fazendo a nossa música, queremos merecimento e não apenas cachês altos”, disse Paulo, vocalista..

Na atividade há 2 anos, a banda está lutando por reconhecimento, até que este ano surgiu a oportunidade da gravação do primeiro álbum, todo composto por músicas autorais. Os artistas porto-velhenses viajaram em fevereiro deste ano para o Rio de Janeiro onde gravaram todas as faixas na Ong AfroReggae, para os músicos a experiência de poder ver que projetos ligados a arte podem definitivamente mudar realidades, é um estímulo a mais para continuarem a fazer música em Porto Velho.



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