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PLANTÃO DE POLÍCIA

Caso Tainá: Polícia aguarda resultado de DNA de ossadas

Mãe e tio reconheceram roupas femininas achadas no local onde estavam as ossadas.

Por Natália Figueiredo Diário da Amazônia
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Publicado: 16/07/2018 às 16h55min | Atualizado 16/07/2018 às 22h56min

Quando desapareceu, no dia 27 de outubro, Tainá estava no oitavo mês da gravidez (Foto: Arquivo Pessoal)

O delegado regional da delegacia de Polícia Civil de Ariquemes (RO), Rodrigo Duarte informou na manhã desta segunda-feira (16) em uma coletiva de imprensa que a Polícia Civil está investigando se uma ossada humana encontrada na ‘Serra do Sapateiro’, a cerca de 14 quilômetros de Monte Negro (RO), pertence a Taina Carina de Lima Mendonça de 21 anos. A Jovem estava grávida de oito meses e desapareceu em outubro de 2017, quando saiu de casa para cobrar a pensão do ex-marido e exigir que ele assumisse a paternidade do filho que esperava. Também foram encontrados junto aos restos mortais ossos de um possível feto, que pode ser o filho que a Tainá esperava.

Segundo o delegado, na última sexta-feira (6) a noite, a equipe de investigadores da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Vida de Ariquemes recebeu uma denúncia anônima que dava conta de que uma ossada aparentemente humana foi encontrada em Monte Negro. A ossada foi encontrada no dia 7 de julho a 270 metros da BR-421.

Delegado diz que exames apontarão se pequenos ossos encontrados são de filho que a jovem gestava (Foto: Amaral Seixas)

O delegado, informou também que roupas femininas foram encontradas no local e após o material ser avaliado pela perícia técnica, ele determinou que os policiais fossem até a delegacia de Monte Negro apresentassem as roupas a família de Tainá para fazer o reconhecimento das vestes.

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“Foram encontradas algumas vestes como blusa, calça legging preta, calcinha e sutiã. Os policiais pegaram essas roupas e foram até Monte Negro para apresentar a família da vítima Tainá, devido à proximidade entre o local de desaparecimento e onde os ossos foram achados. Para a nossa surpresa, ouve o reconhecimento das vestes pela mãe e o tio da Tainá, a partir daquele momento, nós já tínhamos um grau de certeza bem grande de que a ossada poderia ser da vítima Tainá”, disse.

Após o reconhecimento da família, o material encontrado foi levado até o Instituto Médico Legal (IML) de Ariquemes para que se iniciasse os trabalhos de antropologia forense, com o objetivo de identificar a origem dos ossos encontrados. Segundo Duarte, os primeiros resultados constatados pelo odontólogo legal foram bastantes significantes para a Polícia Civil manter a relação dos ossos encontrados com a jovem Tainá Carina.

“Já no IML, as primeiras informações que o odontólogo legal repassou, foi justamente sobre a compatibilidade da ossada encontrada com a vítima Taíná. O primeiro critério era identificar se a ossada era humana e de idade adulta, de fato a ossada era. Pelo crânio e pela bacia, ele conseguiu identificar que se tratava de uma mulher estabeleceu a etnia, altura e a idade aproximada. Foi feita uma faixa etária entre 19 e 29 anos que se encaixa no perfil da vítima, que tinha 21 anos, a altura não foi confirmada”, explicou Duarte.

Com relação ainda a ossada, durante o exame o odontólogo legal ainda separou alguns ossos que não tinham nenhuma pertinência a ossada humana adulta. A suspeita é de que esses ossos sejam do filho que Tainá esperava quando desapareceu. A jovem estava no oitavo mês da gravidez.

“Sobraram alguns arcos costais que eram muitos pequenos e um dos ossos foi identificado como uma base de crânio. Apesar do danos causados pela localidade, pôde-se estabelecer que aqueles pequenos ossos trata-se de um mamífero bípede, portanto, ou é um macaco ou um feto. Sendo feto, ele estaria aproximadamente na 32ª semana de gestação aproximadamente, o que é condizente com o feto que vinha sendo gerado pela vítima Tainá. O que vai dar um grau de cem porcento de certeza se o feto e a ossada era de Tainá é o exame de DNA”, comentou Rodrigo Duarte.

Todo o material foi encaminhado para Porto Velho onde foi solicitado prioridade nos exames. Dentro de 10 dias, a polícia acredita que terá os resultados, e através disto identificar a paternidade da criança.

“A Polícia busca com o DNA não só a confirmação de que os restos mortais são da Tainá, mas queremos também o perfil genético do feto para saber quem é o pai, por que a investigação gira em torno disto. Agora temos condições de saber portanto quem era pai da criança, o que é muito relevante”, esclareceu Duarte.

Caso

Tainá Carina desapareceu no dia 27 de outubro deste ano, depois de dizer aos familiares que iria até a residência do ex-marido, para exigir que ele pagasse a pensão da filha de cinco anos que eles tiveram e para que ele assumisse a paternidade do filho que ela esperava. Ela estava no oitavo mês da gravidez e o parto havia sido marcado para o dia 14 de novembro.

Segundo os familiares, a jovem de 21 anos alegava ser ameaçada de morte pelo ex-marido e o suspeito dizia que ela teria “uma surpresa” antes do bebê nascer e fazia várias ameaças.

Conforme a PM, a jovem foi procurar o ex-marido, que mora no sítio, mas ele havia ido à cidade. Depois disso, ela não foi mais vista. Horas depois, a motoneta dela foi encontrada abandonada em uma estrada rural perto de Monte Negro.

Ex-marido

O ex-marido foi detido em Monte Negro, no dia 28 de outubro e apresentado à Unidade Integrada de Segurança Pública (Unisp) de Ariquemes. Em depoimento, ele afirmou não saber do paradeiro de Tainá e foi liberado em seguida.

No início das investigações, de acordo com a Polícia Civil, o ex-marido de Tainá era tratado com o principal suspeito de ter envolvimento no desaparecimento da jovem. Porém, durante uma entrevista, o delegado regional de Ariquemes disse que o homem comprovou que estaria em uma autoescola do município.

“Conseguimos ter as provas concretas de que na hora exata em que a vítima havia desaparecido, ele estava em uma autoescola e apresentou as provas de que estava na localidade”, comentou o delegado regional Rodrigo Duarte.

Manifestação na BR-421

No dia 7 de novembro, cerca de 50 familiares e amigos de Tainá Carina realizaram um protesto e fecharam a BR-421, em Monte Negro. Os manifestantes bloquearam a rodovia e cobraram das autoridades competentes mais ímpeto na investigação do caso. Pneus foram colocados nas duas pistas da rodovia e o fluxo de veículos no local foi interrompido.

Familiares e amigos bloquearam rodovia com pneus (Foto: Rondônia Vip/Reprodução)

O protesto encerrou depois de uma reunião entre uma comissão de manifestantes, representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o delegado na Unidade Integrada de Segurança Pública (Unisp) de Ariquemes, onde foi informado o curso das investigações.

Possível cativeiro

Depois de receber uma denúncia anônima, a Polícia Militar encontrou no dia 8 de novembro uma residência localizada na zona rural de Monte Negro, que poderia ter servido como cativeiro para a estudante. Uma cama sem colchão, um batom, uma calcinha, embalagens de remédios e uma pedra amarrada a uma corda foram encontrados no interior da residência.

Casa que teria servido de cativeiro para manter a jovem grávida Tainá (Foto: Assessoria/PM)

No dia seguinte após a descoberta, Maria das Graças gravou um vídeo dizendo que os objetos encontrados na casa pertenciam à filha. Mas para a Polícia Civil, a residência não foi utilizada como cativeiro da estudante e, durante as investigações, a família reconheceu que os materiais encontrados não pertenciam à jovem.

“No calor da emoção, eu vi que o batom encontrado parecia com um que ela possuía, mas como todas as embalagens são iguais, não dava para se ter certeza. A polícia descartou a possibilidade de a residência ter sido usada como cativeiro, mas eu ainda não sei se realmente é verdade”, disse a mãe da jovem na época.

O cunhado

Em janeiro deste ano, o cunhado de Taina Carina foi preso por usar o número de celular da jovem. Segundo a Polícia Civil, ele não era suspeito do desaparecimento de Tainá, mas a prisão aconteceu para esclarecimentos sobre o uso do número da grávida em um aplicativo de mensagens.

Cinco dias depois, o cunhado de Taina foi solto após a mãe e a irmã da jovem confessarem que colocaram o chip no celular do cunhado da grávida sem o conhecimento dele.

Ossada encontrada em Buritis

No dia 24 de junho, pescadores encontrarem ossada de uma mulher às margens do Rio São Francisco, a 16 Km de Buritis (RO). Roupas femininas foram encontradas no local onde a ossada estava.

O delegado de Buritis, Leomar Gonçalves, explicou que não havia nenhum registro de desaparecimento de uma mulher registrado no município, o que a princípio suspeitou-se em os restos mortais serem o de Taina, mas os familiares da jovem não reconheceram as roupas encontradas no local.



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