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Diário da Amazônia

Chamma dos Andes, a história em G. Mirim

“Era uma estrangeira num país lindo, que me acolheu de braços aberto.”

Por João Zoghbi Diário da Amazônia
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Publicado: 21/01/2018 às 06h40min

Maria Teresa Merino Chamma, feliz por sua história

Maria Teresa Merino Chamma não conheceu sua cidade natal Villa Bella no rio Beni na Bolívia, foi morar, aos 6 meses de idade, em Cochabamba, localiza-se no oeste do país, numa depressão da Cordilheira Oriental a 2.560 metros de altitude na Bolívia.

Foi criada por seu padrasto que ocupava um alto cargo federal, na Bolívia, que proporcionou sua educação nos melhores colégios da época em Cochabamba. Fez o primário no Colégio Alemão e o ensino fundamental no Colégio Santa Ana (Ambos colégios de freiras), dois anos em Santa Cruz, Bolívia no Colégio Metodista para aprender a falar o inglês fluentemente e logo retornou a Cochabamba e terminou seu bacharelado no Colégio Santa Ana em 1969: “Eram outros tempos. Tive à sorte de ter uma infância feliz onde estudei 12 anos, dança clássica, sapateado e as freiras nos ensinavam a bordar , cozinhar, além das disciplinas normais, tive uma educação muito boa, apesar de meu ‘pai’ que me criou era muito rígido, porém minha adolescência foi igual a de todas as jovens de classe média, com oportunidades de estudar e se preparar para uma faculdade”, relata Tereza.

Num momento de descanso, após uma jornada de ação

Além disso, ela jogava basquete em Santa Cruz e Cochabamba e por diversas vezes foi rainha do esporte e uma vez ficou em segundo lugar para concorrer a miss Cochabamba, mas para ela nada era tão importante que a fizesse mudar o objetivos de fazer uma faculdade. Em fevereiro 1970, foi visitar sua mãe que morava em Guayaramerín no rio Beni na Bolívia:
“O destino nos reserva muitas surpresas: Trazia em mãos minha passagem para Espanha, para estudar medicina por meio de uma bolsa de estudo. Nessa minha estadia em Guayaramerín fui ao Brasil para visitar meu tio, Hernan Merino Roca que era cônsul honorário, em Porto Velho”.

“Ao lado brasileiro conheci a Maria Elena Chamma , que casualmente estava viajando a São Paulo para estudar”;
Ao pegar o mesmo ônibus rumo a Porto Velho, numa dessas surpresas do destino, estava Abrahim Cuellar Chamma, irmão e acompanhante de viajem de sua amiga Maria.

Teresa Chamma e Rita Queiroz , grandes guerreiras pela cultura de Rondônia

“A viagem nessa época durava vários dias e foi assim que conheci o homem que mais tarde seria meu marido e pai do meus filhos”, relata a escritora.

Quatro meses depois se casaram e, nasceu em 1973 o primeiro filho Abrahim Merino Chamma que hoje é médico em Ji-Paraná e em 1975 nasceu o segundo filho Michell Merino Chamma que está também terminando medicina.

Durante alguns anos, teve uma escola de dança particular em sua casa, diz que muitas vezes nem cobrava pois gostava de ensinar aquilo que amava. Mas por motivos particulares deixou o sonho um pouco de lado: “Quando meu último filho nasceu Fernando Edgard, hoje é médico no Paraná, me dediquei mais a ele e deixei as aulas de dança. De lá, até me aposentar me dediquei e ser professora e, a até hoje a escrever”. Teve épocas que Porto Velho tinha concursos de danças, nas duas vezes que nos levamos e eu como coordenadora a gente trouxe o troféu. Uma vez dançamos no Vila Rica com a dança a ‘diablada’ e fomos convidados para ir até Brasília. Mas infelizmente não conseguimos chegar até lá”;

Nomeação da equipe técnica da Semed, ginásio Affonso Rodrigues , G. Mirim

Recebeu comendas, medalhas, diplomas de reconhecimento de órgãos públicos e privados, mas o maior reconhecimento é o carinho da população de Guajará -Mirim que ainda sentem quando a vem: “O carinho das pessoas me preencheram o vazio que tinha da saudade do meu país. Principalmente o orgulho e carinho que meus três filhos e netos têm da minha trajetória de vida . Eles são os três únicos homens e amores da minha vida”, relata a escritora.

Teresa com a assessora Arlete Cavalcante

Lecionou muitos anos espanhol e além disso ensinava danças aos seus alunos nos arraiais da escola Paulo Saldanha que tinha como diretora a Dra Aliete Matta Morhy e, em 1978 passou para o quadro federal e passou a lecionar ciências físicas e biológicas, biologia, química e física:
“Em 1979 fui convidada pela querida e saudosa Lenir Bouez Silva para ser diretora de Cultura e o professor Mário Venere no Esporte da Semed, foi na administração do Engenheiro Isaac Bennesby. A gente trabalhava de segunda a segunda e todos éramos unidos”, enfatiza a escritora.

Realizou muitas atividades e começaram a resgatar a história e a catalogar os pontos turísticos e, no esporte foi a época em que Guajará-Mirim mais se destacou, por muitos anos:
“Tínhamos bons profissionais e excelentes funcionários. Fizemos por Guajará o que sonhávamos para a época. Trabalhar por amor a Guajará-Mirim”.

Pérola do do Mamoré, às margens do Beni a G. Mirim

Após algum tempo a própria secretaria Lenir, viu a necessidade de criar a Semcet. Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo. Foi aí que o trabalho, ou seja, a semente começou a dar frutos: “Trabalhamos muito com uma equipe coesa e com vontade de trabalhar. Continuei dando aula na escola de ensino fundamental e médio Simon Bolivar, até me aposentar. Quando fui secretária de Cultura Esporte e Turismo fizemos 9 calendários culturais e diversos artigos sobre a história de Guajará-Mirim”.

Quando Nova Mamoré foi emancipada, foi ser a primeira secretaria de educação do município, no mandato de Zé Brasileiro.

Ficou apenas um ano e retornou a Guajará-Mirim para trabalhar como diretora de Cultura na administração de Chiquinho Nogueira e voltou a ser secretaria da Semcet: “Fui diretora de Cultura na gestão Dedé de Melo, mas foram pouco meses, em seguida recebi o convite para assumir a Secretaria de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer em Alto Paraíso. Fiquei dois anos nesse município maravilhoso, onde conheço pessoas tão grandes de coração que até hoje, tenho contatos com elas.
Fizemos tanto por Guajará-Mirim, ficaram muitas lembranças boas”, com emoção finalizou Teresa Chamma.



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