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RONDÔNIA

Chegada da Uber em PVH é marcada por violência

Taxistas consideram competição desleal a implantação do serviço na capital.

Por Natália Figueiredo Diário da Amazônia
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Publicado: 18/05/2017 às 05h01min

Vítima diz que agressão e a depredação do carro foi armada por taxistas

O aplicativo Uber começou a operar na manhã de ontem, quarta-feira (17), às 8h, em Porto Velho. A informação foi confirmada pela assessoria da Uber. A cidade é a terceira mais populosa do norte do País, onde o aplicativo que faz o transporte particular de pessoas vai funcionar, através da modalidade UberX.

Mas nas primeiras horas de funcionamento do aplicativo na cidade, um motorista do Uber foi agredido e teve o carro destruído por taxistas, na rua João Pedro da Rocha em Porto Velho. De acordo com a vítima, de 26 anos, ela estava no estacionamento de um supermercado quando foi chamada para realizar uma corrida. Ao chegar ao local, que é próximo a uma cooperativa de táxi, diversas pessoas cercaram o carro em uma emboscada e passaram a destruir o veículo e a agredi-lo.

Motorista diz que terá prejuízo de R$ 20 a 25 mil

Na confusão, dois taxistas foram encaminhados à Central de Flagrantes da capital, um por dano e outro por perturbação do trabalho. Populares informaram que a vítima precisou se abrigar em uma casa e acionar a Polícia Militar (PM). O motorista da Uber, que preferiu não se identificar, afirmou que a agressão foi uma emboscada.

“Os taxistas fizeram a chamada e depois quebraram meu carro e me machucaram. Eu estou desempregado, pago pensão, meu carro é financiado, por isso eu estou trabalhando no Uber. Agora eu estimo que terei um prejuízo de R$ 20 a 25 mil. E eu espero que algo seja feito, pois eu estou cadastrado e estava só trabalhando”, disse o motorista.

O jovem disse ainda que embora tenha tido o prejuízo pretende continuar atuando como motorista do aplicativo. “Eu vou continuar, porque eu tenho que trabalhar para poder me manter”, relatou.

Um boletim de ocorrência foi registrado como dano e ameaça. Na ocorrência consta ainda que o suspeito ameaçou o motorista afirmando que iria agredi-lo caso o encontrasse na rua. Um outro taxista foi preso por perturbação do trabalho da Polícia Militar (PM).

Taxista revoltados

Como já vem acontecendo em várias capitais do País, em Porto Velho os taxistas consideram o serviço da Uber uma competição desleal. Muitos alegam que a Uber não paga impostos, por isso pode cobrar mais barato.

“Nós, taxistas, pagamos uma série de impostos, não temos como competir com esse serviço. Acho desleal”, explicou um taxista.

 

Vítima colidiu em um muro na fuga contra taxistas

Segundo caso de agressão foi registrado de manhã

Um outro motorista acusou taxistas de agressão ainda na manhã de ontem. Conforme infomações, o veículo, um Fiat Uno, colidiu em um muro de uma residência, quando fugia de um grupo de taxistas, na avenida Amazonas esquina com a Brasília, quase na frente da Secretaria Municipal de Trânsito (Semtran).

O motorista acredita que foi vítima de uma emboscada por taxistas. “Recebi um chamado há cerca de uma meia hora e, na esquina, me cercaram. Os taxistas me fecharam, tentei sair mas acabei colidindo no muro da residência. Desci do carro, quebraram meu celular, deram uns tapas e me socaram. Minha e sorte que um rapaz me ajudou. De tanta porrada que eu levei, fiquei leso e não consegui identificar as pessoas. Não imaginava que iam fazer uma armadilha pra mim. Já chegaram me batendo. Estou desempregado. Vou comunicar a empresa (Uber) e saber o que a Semtran vai decidir para ver se continuo trabalhando ou não”, disse o motorista.

A assessoria da Secretaria Municipal de Trânsito (Semtram) informou que o funcionamento do Uber é irregular e que os motoristas não possuem cadastro para realizar o trabalho, pois a secretaria não foi procurada para regularizar a situação. A secretaria disse ainda que, entende que em outras cidades o Uber atua e seja reconhecido.

Em nota, a Uber declarou que “considera inaceitável o uso de violência. Acreditamos que qualquer conflito deve ser administrado pelo debate de ideias entre todas as partes. Todo cidadão tem o direito de escolher como quer se movimentar pela cidade, assim como o direito de trabalhar honestamente”.

Legalidade

Ainda segundo a Uber, os motoristas parceiros da empresa prestam o serviço de transporte individual privado de passageiros, que tem respaldo na Constituição Federal e é previsto em lei federal (Política Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU Lei Federal 12.587/2012). Por diversas vezes, os tribunais brasileiros afastaram e consideraram inconstitucionais as tentativas municipais de proibição da Uber, confirmando a legalidade das atividades da empresa e dos motoristas parceiros e garantindo o direito de escolha da população.

Nota de esclarecimento

A cooperativa de transportes e motoristas autônomos do estado de Rondônia (Cooptaxi), vem a público informar que repudia qualquer ato de violência. O fato que aconteceu na manhã desta quarta-feira onde alguns taxistas agrediram motorista da Uber, foi um caso isolado e os responsáveis serão devidamente punidos e responderão legalmente pelos seus atos. A Cooptaxi esclarece ainda que não está de acordo com qualquer serviço irregular, e que trabalha dentro da lei que regulamenta o transporte de táxi no município de Porto Velho.



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