Invasões, impunidade e conivência com os crimes praticados. É o que acontece quando estão em jogo as terras indígenas localizadas no estado de Rondônia. Foi o que afirmou a coordenadora do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Estado, irmã Laura Vicuña Pereira Manso, da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, na denúncia feita, ontem, à Rádio Vaticano.
“Nós vivemos uma situação de completo abandono e, sobretudo, de completa impunidade, com relação a essas invasões dos territórios indígenas”, afirmou. De acordo com a missionária, a atual política indigenista do país tem favorecido esta situação, ao permitir a redução de direitos assegurados na Constituição Federal.
A coordenadora do Cimi também denunciou que todas as 20 reservas indígenas existentes no Estado têm invasões, e os casos mais emblemáticos são os das terras uru-eu-wau-wau, karitiana, kaxarari e karipunas.
Nessas quatro áreas indígenas existem garimpeiros, madeireiros e, o que ela afirma ser mais preocupante, a presença de grileiros, loteamentos e posse ilegal de terras, com a total conivência do governo brasileiro que estaria fechando os olhos para a situação, o que contribui para a impunidade.
Outras denúncia que ela faz é com relação aos projetos de manejo florestal desenvolvidos no entorno das áreas indígenas que, segundo afirma, não passam de um disfarce para mascarar o roubo de madeiras e de riquezas do subsolo.
“Tem comunidade que está sem liberdade até para fazer a coleta de castanha e do açaí porque, quando eles saem, se deparam com os invasores dentro do seu território”, afirmou.
Assassinatos e ameaças de morte também têm ocorrido com frequência, principalmente quando os indígenas denunciam alguma invasão ou roubo de madeira. Resentemente um líder índígena foi morto por esse motivo, disse ela.