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Dificuldade e falta de logística na 319

A recuperação do trecho intermediário da BR-319, com a extensão de 405 quilômetros foi embargada pelo IBAMA.

Publicado: 18/06/2017 às 05h25

Moradores da localidade de Realidade receberam os integrantes da caravana da BR-319

O município de Humaitá, localizado no Sul do estado do Amazonas, é mais um importante integrante na luta pela recuperação da BR-319, que liga Porto Velho, em Rondônia, à capital do Amazonas, Manaus.

Humaitá é cortado por duas importantes rodovias, que são a BR-230 (a Transamazônica) e a BR-319, e mesmo assim enfrenta dificuldades na comunicação logística com outras regiões do Estado, uma vez que as estradas estão sem nenhuma condição de trafegabilidade.

Promissora

Na vila de Realidade, distrito de Humaitá, o madeireiro Ronieque Zanys fez questão de procurar os integrantes da diligência para mostrar a dura realidade de quem ali vive. “O lugar aqui é bom, tem tudo para a gente crescer, mas falta estrada!”, desabafou. De acordo com o madeireiro, que é oriundo de Rolim de Moura, é possível trabalhar na produção rural e no extrativismo apenas três meses por ano. “O resto do tempo é ficar olhando a chuva cair do céu, não dá para fazer nada, porque ficamos isolados aqui. Ninguém vai plantar para depois ver o produto apodrecer”, explicou.

Zanys explicou que trabalha com compra e venda de madeira com manejo ambiental, e que a região é promissora, mas ele provavelmente vai ter que abandonar Realidade. “Se não fizerem estrada já no ano que vem não vou ter mais como fica acumulando prejuízos. Eu também sou brasileiro, também quero ter uma casa boa, um bom carro. Não sou bicho para viver isolado no meio do mato”, acrescentou.

Julho de 2013

Em julho de 2013, o Ipaam concedeu com autorização do Ibama, licença ambiental para a realização dos serviços de manutenção em um trecho de 82 quilômetros, que começa no km 432, no rio Tupanã, até o km 514 no rio Igapó-Açu, além de um trecho de 142 quilômetros da BR-230, conhecida como Transamazônica, na região do Igarapé Piquiá, que cruza com a BR-319 no município de Humaitá.

Mais de 40 caminhonetes integraram a expedição na BR

Novembro de 2013

Uma diligência da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal em 2013 percorreu todo o trecho da rodovia. Durante a diligência, o impasse entre Ibama e Dnit também foi evidenciado. “O Estudo de Impacto Ambiental para reconstrução da BR-319 apresentado não atendeu ao que estava estabelecido no termo de referência e por quatro vezes solicitamos estudos complementares”, afirmou o então superintendente do Ibama no Amazonas, Mário Lúcio Reis.

Para o Dnit, não haveria motivo para as exigências do Ibama, uma vez que não se trata de abertura ou duplicação da via, mas restauração. “O impacto ambiental já ocorreu quando da abertura da rodovia.Agora estamos falando de restaurar o que já estava feito”, disse na época o superintendente do Dnit no Amazonas, Fábio Galvão. A expectativa era que a restauração completa seja licitada no início de 2015.

Nos 400 quilômetros do meião da rodovia, o Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam) havia liberado a maior parte do trecho.

Dezembro de 2013

A Federação do Comércio de Rondônia (Fecomércio-RO) levou o tema para reunião da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) com o governo do Amazonas e conquistou o apoio de diversos empresários e da própria CNC para a realização da campanha. Os empresários entendem que a reconstrução da rodovia é estratégica para o Brasil e será de grande importância para dinamizar a economia regional. Para a Fecomércio, a reconstrução desta rodovia, a construção da ponte do Abunã e a construção da ferrovia transcontinental, com a conexão Porto Velho-Vilhena, são obras fundamentais para a economia da região Norte.

Essas três obras, segundo a Fecomércio, vão colocar Rondônia no centro logístico da América Latina, pois o Estado, através dos modais rodoviário, hidroviário e ferroviário, terá saídas para o Pacífico, para o Caribe e Atlântico. A federação acredita que Rondônia terá rotas mais curtas e mais econômicas para o exportar a produção de alimentos das regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, além de dinamizar o comércio com Manaus e os países andinos.

No distrito de Realidade, agricultores fazem protestos

Outubro de 2015

As manifestações espontâneas dos agricultores que moram nos municípios e distritos ao longo da BR-319 pela sua reconstrução foram acolhidas como forma de apoio pela caravana da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal, que percorreu em outubro de 2015 os 877 quilômetros da rodovia. A retirada do embargo do Ibama das obras de manutenção para a reabertura da rodovia foi o que motivou a diligência e a caravana, formada por três ônibus e mais de 50 caminhonetes.

Após percorrerem toda a estrada, os participantes constataram o que já era alegado pelo Dnit: os serviços de manutenção se restringiram a recomposição da plataforma da pista da rodovia, aberta na década de 1970.

Junho de 2017

A Justiça Federal embarga a obra de manutenção e preservação da rodovia pelo Dnit. O Ibama lançou pedido de embargo e a decisão acatou ao pedido do Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM).

 

Por Jaylson Vasconcelos Diário da Amazônia

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