A aula inaugural do Instituto Abaitará, que aconteceu ao final da tarde de segunda-feira (20), em Ouro Preto do Oeste, reuniu 300 alunos com seus sonhos ousados, além das autoridades.
Um exemplo é a indígena Arlinda Macurap Canoé, que veio da aldeia Ricardo Franco, na região de Guajará-Mirim, e está decidida a criar gado para ajudar sua comunidade.
Os estudantes ficarão, durante três anos, estudando e morando em Abaitará. Por pelo menos 90 dias, as aulas acontecerão no Centro de Treinamento da Emater (Centrer), em Ouro Preto do Oeste, que passou por algumas adaptações para comportar o entusiasmo e o conteúdo da grade escolar.
A alegria dos alunos se completou com o discurso incentivador do governador Confúcio Moura, que fez questão de participar do evento.
Para o governador, o ensino na região deve ter foco no conteúdo que deve levar o jovem ao mercado de trabalho e, ainda, influenciar nas propriedades rurais de onde saíram e na comunidade. “Não adianta ter uma escola que forma, mas não prepara para vida”, disse aos alunos.
Arlinda, a indígena que quer fazer a diferença em sua aldeia, optou por estudar agropecuária. Mas são oferecidos também os cursos de agroecologia, apicultura, agronegócio e informática.
Com 21 anos e mãe de duas filhas, Arlinda deixou as crianças com os pais. “Ela sempre foram mais apegadas aos avós”, revela.
Determinada a novas conquistas, a jovem indígena está disposta a enfrentar três anos longe da família. “Vai dar tudo certo”, prevê.
Até 2016, o instituto atendia 100 alunos. Agora, são 300. Eles representam 38 municípios de Rondônia, o que significa que o conhecimento transmitido em período integral estará espalhado num espaço significativo do Estado. Há, também, dois alunos que vieram do estado de Mato Grosso.
Motivação
E motivação não vai faltar. Tiago Lagassi concluiu a formação técnica em 2016 e agora cursa agroecologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ele reviu colegas e testemunhou sua trajetória em Abaitará. E ainda aproveitou para fazer três recomendações aos novos alunos: respeito aos colegas e funcionários da escola, determinação para superar as adversidades e zelo pelo instituto.
“Esta é, a partir de agora, a casa de vocês. No lugar onde moram seus pais, vocês serão apenas visitantes nos próximos anos”, afirmou Tiago enquanto era demoradamente aplaudido.
O ex-aluno também quer mais colegas formados em agroecologia. “Podemos fazer uma agricultura que respeite o ambiente e a saúde das nossas famílias”, defendeu.
Inclusão
A diretora do instituto, Eliane Cristina, chorou várias vezes durante a cerimônia. Ela chamou a atenção de todos para o fator inclusivo da turma que inicia neste ano. “Aqui estão filhos de produtores rurais e indígenas. São representantes de famílias que confiaram a nós uma grande responsabilidade”, explicou.
Eliane destacou que o mundo só pode ser mudado pela educação com qualidade e fez uma homenagem ao governador do Estado. “Ele assumiu a missão de fortalecer o instituto Abaitará. Ele honra a educação com esta determinação”, concluiu.
Profissão
O governador voltou a dizer que sente um profundo amor pela escola e que vê na instituição o caminho para que os alunos tenham ocupação profissional garantida.
No decorrer dos cursos, disse ainda o governador, os alunos vão conhecer propriedades rurais, onde conhecerão as práticas de qualidade, as lojas, os criadouros de aves e os laticínios, por exemplo.