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Lenha na Fogueira

Vamos lembrar algumas histórias dos bastidores do nosso carnaval. Exemplo: 1981 o ano que o Bainha nos vendeu para a Diplomatas do Samba...

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Publicado: 27/01/2018 às 06h30min

Vamos lembrar algumas histórias dos bastidores do nosso carnaval. Exemplo: 1981 o ano que o Bainha nos vendeu para a Diplomatas do Samba.

O Bainha foi levado para a escola de samba Pobres do Caiari por mim no final do ano de 1973 e juntos, fizemos o samba-enredo “Odoiá Bahia”, que foi o enredo da escola no carnaval de 1974. Depois do carnaval de 74, dona Marise resolveu dar uma parada nos desfiles da escola e deu todos os instrumentos da bateria para o Bainha.

De posse dos instrumentos, Bainha me procurou e juntos criamos a escola de samba “Mocidade Independente do KM-1”, que desfilou até o ano de 1980. Na época, nosso grupo “Samba Sete” tocava no “Caiari Cobra Show”. Que ficava na rua Afonso Pena no bairro São Cristóvão.

Enquanto isso, Heitor Costa assumiu a direção da escola de samba Os Diplomatas e convidou Bainha a retornar a escola que ele havia criado, junto com o Cabeleira, Valério, Ricardo e Tário de Almeda Café. O convite veio acompanhado de uma gorda quantia em dinheiro e o compositor não contou conversa. Além de aceitar a proposta, ainda garantiu que nós, integrantes do Samba Sete iriamos também desfilar pela Diplomatas.

O Samba Sete era composto pelo Bainha, Jorge Andrade, Sílvio Santos, Deusdete Careca, Pedro Silva e às vezes o Osires Lobo, Babá e Haroldão.

Acontece que nesse mesmo tempo, havíamos decidido parar com a Mocidade do KM-1 e voltamos para a Pobres do Caiari, foi quando levei o Babá e ele se tornou o Mestre-Sala da escola. Não sei porque, aceitei a proposta do Bainha em desfilar pela Diplomatas. Porém, certo dia, fui ao ensaio da Pobres do Caiari que estava acontecendo no quintal da casa da dona Marise e o amor pela azul bateu forte e então comuniquei ao Bainha que não desfilaria pela vermelha e branco.

O problema foi que no negócio fechado com o Dr. Heitor, Bainha se comprometia em me levar para desfilar na Diplomatas e como jamais tinha vestido “Vermelho” na minha vida, não aceitei de jeito nenhum.

Certo dia Bainha levou o tecido para confeccionar minha fantasia e deixou lá em casa, quando cheguei, peguei aquele pano vermelho, fui até o bar do Cassimiro e joguei o embrulho com o tecido da fantasia nos pés do meu amigo Waldemir Pinheiro da Silva.

O interessante disso tudo foi que o Bainha não ficou com raiva de mim, até porque, naquele carnaval ele desfilou pelas duas escolas de samba, Diplomatas e Caiari. Como nem eu nem ele havíamos participado das composições dos sambas-enredos das escolas, ficou praticamente por isso mesmo. Fomos apenas mais um brincante.

Acontece que pouquíssimos da escola de samba Pobres do Caiari sabiam da arrumação do Bainha, entre eles a professora Marise Castiel que até concordou que o Bainha desfilasse nas duas agremiações. Porém:

Quando alguns brincantes e torcedores mais acirrados da azul e branco, viram o Bainha também desfilando pela Diplomatas queriam linchar o baixinho, o que só não aconteceu, porque dona Marise acalmou os ânimos dos mais exaltados.

Naquele ano, Bainha perdeu desfilando pela Diplomatas e foi campeão como “sambista show” (ele é exímio passista) pela Pobres do Caiari. O enredo foi “Carnaval dos Carnavais” e o samba-enredo quem compôs foi o Cláudio Feitosa.

No carnaval de 1982, primeiro de Rondônia Estado, Bainha foi um dos autores do samba-enredo da escola Os Diplomatas e a escola foi campeã.

Daí pra frente Bainha voltou pro Caiari e foi campeão no ano de 1986 com o samba-enredo que falava sobre Orellaña e as Amazonas. Compôs também em 1987, o samba “Sobre o Verde Selvagem da Amazônia, o Límpido Azul do Céu”, último enredo escrito pela professora Marise Castiel para a escola de samba Pobres do Caiari.



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