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Diário da Amazônia

Médico acusado abuso deixa a prisão para operar paciente

O médico ortopedista Célio Eiji Tobiwawa, de 51 anos, condenado por abusar sexualmente de pacientes, recebeu autorização para deixar a..

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Publicado: 07/08/2018 às 15h47min

Médico ortopedista Célio Eiji foi preso novamente nesta quinta-feira (Foto: Ronaldo Teixeira/ Arquivo pessoal)

O médico ortopedista Célio Eiji Tobiwawa, de 51 anos, condenado por abusar sexualmente de pacientes, recebeu autorização para deixar a prisão no Centro de Ressocialização de São Félix do Araguaia, a 1.159 km de Cuiabá, para operar um paciente no Hospital Regional da cidade.

Ele responde a diversos processos e já foi condenado por estupro e estupro de vulnerável.

A decisão, do dia 24 de julho, é da juíza Janaína Cristina de Almeida, da Segunda Vara Criminal e Cível. A juíza atendeu a um pedido da Procuradoria Jurídica do Município de São Félix do Araguaia, que justificou a saída temporária do preso pela falta de médico ortopedista na cidade.

Centro de Ressocialização de São Félix do Araguaia (Foto: Sejudh/MT)

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Mato Grosso (Sejudh-MT) disse ao G1 que o médico fez o procedimento e o acompanhamento pós-cirúrgico com autorização judicial.

Tobiwawa fez um procedimento de cirurgia de ligamento na mão de um paciente.

A saída e a permanência dele foi feita com a escolta de agentes penitenciários. Todo o procedimento ocorreu no mesmo dia e o médico já retornou para a cadeia.

O G1 não localizou o advogado dele.


“O município não dispõe de médico ortopedista para realizar o procedimento cirúrgico de emergência. Além disso, o encaminhamento para Cuiabá, ainda que de UTI aérea, poderá inviabilizar o sucesso do procedimento, dada a urgência que o caso requer”, salientou a magistrada na decisão.

O paciente foi internado com um ferimento na articulação de um dos dedos da mão esquerda, ainda correndo risco de amputação e com urgência de ser atendido.

Decisão

Tobiwawa é especialista em cirurgia de mãos e foi mencionado no pedido. A juíza não encontrou problemas em autorizar a saída dele para o procedimento cirúrgico.

“O recuperando Célio Eiji Tobisawa é um médico ortopedista especialista em cirurgia de mãos, notoriamente reconhecido na comunidade local como um excelente profissional da área da saúde. Além disso, apresenta bom comportamento carcerário e reiteradamente presta atendimento médico aos demais presos e agentes penitenciários”, afirmou a juíza.


A Justiça também levou em consideração o fato de que, apesar da condenação pelo crime de estupro, o registro do médico não está suspenso ou cancelado, conforme informado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM).

Célio Eiji Tobiwawa (Foto: Divulgação)

O advogado de Tobiwawa fez um pedido à Justiça para que o médico, atualmente condenado em regime fechado, tenha autorização para fazer trabalho externo, já que atua como ortopedista.

A defesa do recuperando, em audiência de admonitória, com fundamento ao art. 36 da LEP, requereu a saída para trabalho externo, haja vista o recuperando é médico ortopedista (fls. 376/377).

O médico

O médico ortopedista foi condenado, em 2011, por estupro de vulnerável e ato violento ao pudor pela Comarca de Colíder, a 648 km de Cuiabá. Ele está preso desde agosto de 2017 em São Félix do Araguaia, quando foi encontrado no consultório dele.

Célio Eliji Tobisawa era foragido da Justiça e estava com mandado de prisão expedido pelo Juízo da 2ª Vara Criminal de Cuiabá.

Em 2011, ele foi condenado a 17 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, por ter abusado de um paciente menor de idade dentro do hospital público onde trabalhava, em Colíder.

Na decisão proferida pelo então juiz da 3ª Vara Criminal de Colíder, Érico de Almeida Duarte, ele afirma que o médico possui péssimos antecedentes, sendo que, apenas durante aquele processo, sete vítimas haviam sido descobertas.

Em 2014, ele voltou a ser condenado pela Justiça, dessa vez a oito anos de prisão, por ter abusado de um paciente em um hospital em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, em fevereiro de 2009.

Na decisão proferida pela juíza Graciene Pauline Mazeto Correa da Costa, da 2ª Vara Criminal e Cível daquele município, consta que ele passou pela vítima no corredor do hospital e a chamou para ir ao seu consultório.



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