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Diário da Amazônia

Mortes em conflitos agrários está longe de acabar

Apesar da redução a violência e as mortes elas ainda são uma realidade.

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Publicado: 14/07/2018 às 12h00min

Rondônia registrou 91 casos de conflitos agrários, envolvendo cerca de 4.316 famílias, conforme apontou ontem à imprensa a Comissão Pastoral da Terra (CPT). As estatísticas indicam uma redução de mortes. Em 2016 foram registradas 21 mortes no campo contra 17 contabilizadas pela Policia em 2017.

Mas não há motivo para comemorar. Este ano, várias propriedades rurais foram invadidas por líderes ligados a sem terra, causando sérios prejuízos econômicos aos donos das propriedades rurais.
Os invasores se intitulam integrantes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), matam gado, destroem residências e deixam um rastro de destruição por onde passam.

Na última semana, quem foi vítima da criminidade foi um proprietário de uma fazenda em Alvorada do Oeste. Os proprietários da fazenda foram torturados pelos invasores. Não há motivo para tanta violência no campo.
No início do ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou a Campanha da Fraternidade 2018, com o tema “Fraternidade e Superação da Violência”. O documento aponta formas e tipos de violência no Brasil, dando destaque às praticadas contra os negros, os jovens e as mulheres.

O tema é importante pelo fato de ter grande conexão com a superpopulação carcerária no Brasil, fruto da violência desenfreada que assusta a população em todos os Estados. A situação da violência é tão preocupante que a própria presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, chegou ao ponto de dizer que o brasileiro está “cansado da ineficiência” e que o Judiciário tem “débito enorme com a sociedade”.

O governo tem feito um trabalho amplo na questão da regularização fundiária e sancionado lei que facilita a vida de quem tem a posse da terra. A tática utilizada pelos coordenadores da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) não é alternativa correta nesse momento. Invadir propriedade rural não é o meio mais correto para pleitear a reforma agrária. O Estado, sem dúvida, tem a obrigação de agir e a sociedade já mostrou que não aprova esse tipo de prática.

A população ainda não consegue esquecer o episódio que resultou na morte de 11 sem-terra, sendo 2 policiais militares na fazenda Santa Elina, em Corumbiara, no sul do Estado. O fato ocorreu em agosto de 1995 e repercute até hoje no mundo.

Não podemos esquecer também da invasão na fazenda Urupá, na região de Mirante da Serra. Foi desgastante para o dono da propriedade rural testemunhar o seu gado sendo abatido por sem-terra. O proprietário da área deixou de investir em Rondônia e hoje possui propriedade rural no Estado vizinho do Mato Grosso, gerando dezenas de empregos.

A população não quer mais testemunhar violência no campo. Está na hora de dar um basta nesse tipo de ação. É preciso chegar a um acordo pacífico e evitar novamente derramamento de sangue.



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