O setor portuário brasileiro, mas uma vez, mostrou crescimento em 2017, apesar da forte crise que atingiu de forma intensa o mercado das exportações e inúmeras operações desastrosas ocorridas no mesmo período. Os números divulgados ontem pela Gerência de Estatística e Avaliação de Desempenho da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) revelam que o setor produtivo está no caminho correto já há um bom tempo.
De acordo com os números apresentados pela Antaq, pelos portos públicos e terminais de uso privado, foram movimentados 1,086 bilhão de toneladas. Os números revelam um crescimento de 8,3% em relação a 2016, quando foram movimentadas 1,002 bilhão de toneladas. Já o volume de cargas transportadas nos portos privados foi de 10,3%, superando os portos públicos.
Esse movimento de cargas é positivo para o Brasil, mas por outro lado mostra um problema grave, principalmente na região Norte onde é grande a falta de investimentos do Governo Federal nas estradas. Nos últimos anos, a população presenciou um número intenso de carretas transitando diariamente nas rodovias federais com destino aos portos nos Estados.
Em Rondônia, a BR-364 é a única de acesso aos terminais de uso privado e particular. Ocorre que a rodovia não apresentou melhoria nos últimos anos e o governo não conseguiu colocar em prática obras de restauração e manutenção das rodovias que estavam no cronograma do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) em 2017.
O órgão federal ainda sofre o reflexo do profundo corte no orçamento. A pasta teve uma redução de R$ 36 bilhões em seu orçamento e várias obras previstas para melhorar o tráfego nas rodovias foram prorrogadas para este ano eleitoral.
O resultado da falta de investimento do Governo Federal nas rodovias é bem claro. Basta analisar as estatísticas de acidentes divulgadas pela Polícia Rodoviária Federal nas rodovias. Motoristas perderam a vida nas rodovias por conta da falta de sinalização e até mesmo imprudência dos condutores.
Apesar da falta de investimento do governo na melhoria da infraestrutura da malha viária federal, o setor portuário demonstrou que tem toda a capacidade de dobrar essa produção nos próximos anos, principalmente na região Norte, onde a logística ainda atrapalha o desenvolvimento da região.
De qualquer forma, o setor produtivo pensa bem diferente em relação ao governo e tem grande vontade de ajudar a superar a crise. Mas para isso, é fundamental o apoio do governo. É preciso oferecer as mínimas condições de trafegabilidade nas rodovias consideradas de grande importância para o escoamento da safra agrícola.