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Mulheres fazem pit stop em apoio ao caso Adelir

Na última sexta-feira mulheres participaram de um pit stop alusivo ao caso Adelir – referente a uma mulher obrigada judicialmente a..

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Publicado: 15/04/2014 às 09h08min | Atualizado 27/04/2015 às 04h44min

protestoNa última sexta-feira mulheres participaram de um pit stop alusivo ao caso Adelir – referente a uma mulher obrigada judicialmente a passar por uma cirurgia cesárea, no Rio Grande do Sul, no início deste mês. A mobilização foi idealizada pela educadora perinatal Cariny Cielo, que também atua como ativista da rede ‘Parto do princípio’ há cinco anos. Mulheres que apoiam a causa participaram do protesto, que teve boa aceitação por parte dos motoristas que passavam pelo local, na avenida Porto Velho, Centro. “Foi ótimo chamar a atenção das pessoas para o caso Adelir, percebi que muitos queriam mesmo mais informações e apoiavam o movimento, todos foram unânimes em apoiar o parto natural, inclusive um médico com quem conversei”, disse.

Para Cariny, militante das causas pela liberdade da mulher em decidir o tipo de parto que mais deseja, a violação deste direito – como aconteceu no caso Adelir, divulgado pela mídia – é grave. “Eu entendo uma ofensa grave à autonomia dá mulher, desrespeito à medicina baseada em evidências científicas que fundamentava o desejo dela. Se o fundamento é a ‘proteção ao nascituro’ então temos que prender todos os médicos que todos os dias realizam cirurgias agendadas por conveniência”, argumentou.

A fisioterapeuta Mayara Tassi, que também participou da mobilização ficou surpresa com os relatos de mulheres e pessoas que passavam pelo local. “A manifestação chamou a atenção até mesmo daqueles que nunca tinham pensado no assunto, ouvi um relato de um parto normal forçado, com uso de violência”, relatou. Neste caso a mulher disse que teve um filho aos 15 anos e sofreu diversas formas de violência obstétrica, como episiotomia, manobra de Kristeller. Neste sentido ela ficou sensibilizada e percebeu ainda mais a importância da militância feminina pelo direito ao parto conforme a escolha da mulher. “O movimento pretende esclarecer que a decisão de como, quando e onde parir deve ser respeitada”, observou.

CONHEÇA O CASO E COMO TER ACESSO A INFORMAÇÃO

Na última sexta-feira houve protestos em 32 cidades brasileiras em decorrência do caso Adelir. O caso ocorreu em Torres, no Rio Grande do Sul, na madrugada do dia primeiro de abril. Quando uma mulher em trabalho de parto foi retirada de sua casa à força – mediante uma ordem judicial, policiais armados e ameaças de prisão ao seu marido, na frente de seus filhos mais velhos – e levada sob custódia para um hospital público designado por uma juíza para sofrer uma cesárea sem seu consentimento.

Durante o transporte, ela pediu para ser conduzida a outro hospital, que considerava uma melhor opção para si, e isso foi negado. A mulher foi levada à cirurgia sozinha, tendo sido negada a presença de um acompanhante – direito garantido pela Lei Federal 11.108/2005.
A decisão judicial, provocada a requerimento do Ministério Público, foi fundamentada na opinião de apenas uma médica, sem que a mulher tenha sequer sido ouvida, sem que tenham sido apresentadas provas ou pedida uma segunda opinião, sob a alegação de “proteger a vida do nascituro”, ainda que isso ferisse direitos fundamentais da mulher.

No site www.somostodxsadelir.wordpress.com é possível obter mais informações sobre o caso e principalmente sobre o objetivo da militância feminina em todo o território nacional.

Carolina de Sá – Repórter do Diário da Amazônia – Foto: Carolina de Sá

 



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