‘Nasartes’ na varanda de casa em ‘Caxarias’ norte de Portugal, exibe sua obra: ‘O Galo Português’
Maria de Nazaré Alves Carvalho Laginha nasceu em Guajará Mirim, Pérola do Guaporé, filha de Tereza Alves a primeira de seis irmãos, quatro homens e duas mulheres, seus pais vieram morar em Porto Velho vindo de trem da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré na década de 1969. Concursada, funcionária pública na área administrativa durante vinte e sete anos, licenciada do cargo, foi morar em ‘Caxarias’ norte de Portugal, onde trabalhou na área de decoração e limpeza de vidros nas alturas, onde ganhava mais e, numa dessas idas e vindas, já casada com João Portugal, artesão decorador onde se conheceram na profissão.
Em 1985, quando morava em Portugal na cidade ‘Albufeira’, ao sair para uma de suas rotinas de trabalho, num daqueles dias na vida, de inexplicável ‘surpresa’ que vêm acontecer com qualquer trabalhador, sofreu um grave acidente de trabalho. Meses depois já de volta ao Brasil, por recomendações médicas à sua recuperação e, de um grande amigo, o artista plástico Júlio César, Botôto: “Comecei a pintar e fazer ‘artes variadas’, quando certo dia, criei uma técnica nova que se chama: “vidro sobre pintura chapada” de onde pego a matéria-prima das calçadas, vindo da reciclagem de vidro estilhaçado acometidos pela violência urbana. Consigo graças a Deus, transformar o que aconteceu comigo em “Belas Artes”, o meu acidente aconteceu com vidros e por ironia do destino criei a técnica com eles”, comenta a artista.
‘Nasartes’, nome que adotou e gosta de ser chamada no meio artístico. Vem de Nazaré para simplificar seu nome artístico e tem uma teoria de que provem, também, das pessoas conhecidas quando lhe chamavam, proseando, de Nasa ( centro de pesquisa dos Estados Unidos) daí, juntou Nasa com arte, por isso não é com ‘z’ de Nazaré.
Fez terapia, para se recuperar da lesão que sofreu do acidente, começou com o artesanato: caixa para presentes, decoração em garrafa pet, objetos, etc. Muito depois foi convidada pelo artista visual Bobôto, à frequentar o seu atelier e a aconselhou fazer arte e participar da primeira ‘Oficina de Maio’ na Casa da Cultura Ivan Marrocos com a temática ‘Poronga uma luz na floresta’, “fui convidada para participar da oficina e só tinha ‘fera’, fiquei morrendo de vergonha, mas fiquei e participei com uma obra chamada ‘As borboletas’.
‘Vasos de Flores’, feito com vidros e flores de tampas de perfume
Na oficina, assistia a um vídeo documentário sobre as artes visuais e lá ficou encantada com as obras de ‘Pablo Picasso’: “Aí pensei, se o Picasso criou um touro com guidão de bicicleta por quê não posso criar uma outra coisa? Peguei vários barbeadores descartáveis e transformei numa tela cheia de lindas borboletas coma asas de vidro temperado. – Surreal!!! “Gritou o Botôto ao ver a obra e, eu fiquei sem saber direito o que fiz, mas ficou real”, feliz e sorrindo conta, Nasartes.
Mais tarde foi desenvolvendo a técnica, buscou aprimorar a partir dos vidros temperados estilhaçados: “Passei pelo atelier do Botôto, onde desenvolvi os vidros, é meu maior incentivador e conselheiro, fiz uma oficina de pintura com você, João Zoghbi e fui para o beiradão fazer várias oficinas de arte e artesanato, ajudando a comunidade no seringal ‘Santa Catarina’ com a consagrada e amiga, artista visual Rita Queiroz. Quando voltar para Portugal a Rita me aconselhou ir às galerias em Lisboa e fazer curso de desenho e pintura, o que sei é o básico, mas quero aprender muito” diz a artista.
Segundo Rita Queiroz, Nasartes tem muito talento e pode mostrar muito mais: “Você vai à Portugal aprender a desenhar, observar e pintar, você é uma artista de muito talento é só se dedicar e usar a sua ‘teimosia’, dedicação e empenho principalmente superação daí, sua técnica vai melhorar muito”, disse a artista para a artista.
