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Diário da Amazônia

“Nem tenho amigo com R$ 51 milhões em apartamento”

O procurador revela que não foi convidado nem mesmo para transmitir o cargo.

Por O Globo
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Publicado: 21/09/2017 às 06h15min

Jonot afirma que não criminalizou a política, mas os bandidos

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot afirmou que sabe que sofrerá ataques como reação às denúncias que apresentou contra políticos importantes, principalmente o presidente Michel Temer, mas frisou que não é ele que tem “amigo com R$ 51 milhões em apartamento.”

“Vão tentar usar todo mundo e tudo contra mim… Tudo é possível, vão tentar desconstituir a figura do investigador”, diz, emendando: “Não levei dinheiro do Miller nem autorizei ninguém a receber mala de dinheiro em meu nome. Nem tenho amigo com R$ 51 milhões em apartamento”. Ele também nega que tenha “exagerado” nas acusações: “Não criminalizei a política. Criminalizei os bandidos”. As declarações foram dadas em entrevista ao Correio Braziliense.

Janot também comentou porque não foi à posse da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge: “Quem vai em festa sem convite é penetra”. O procurador revela que não foi convidado nem mesmo para transmitir o cargo. Se fosse ao auditório, teria de procurar um assento. Ele conta que não havia sequer uma cadeira reservada. Mas garante que não se sentiria constrangido em dividir a cena com políticos que denunciou, como o presidente Michel Temer. “As pessoas que têm de se sentir constrangidas”, aponta.

O ex-PGR falou também do fato de Dodge não ter mantido a equipe da Lava Jato na PGR: “Em tese, todos estão preparados para esse tipo de trabalho. É claro que as pessoas têm que trabalhar com quem têm afinidade. Isso é normal. Eu me espantei porque havia ofício formal, com convite para que toda a equipe da Lava-Jato continuasse. Existia um ato formal dela. Houve uma conversa com o pessoal da equipe, em que ela disse novamente que todos estavam convidados. Depois, ela começou a desconvidar.”

Janot também comentou sobre o polêmico caso da JBS: “Existem estratégias de defesa. Quando o fato é chapado, quando o fato é mala voando, são R$ 51 milhões dentro de apartamento, gente carregando mala de dinheiro na rua de São Paulo, gravação dizendo “tem que manter isso, viu?”, há uma dificuldade natural para elaborar defesa técnica nesses questionamentos jurídicos. E uma das estratégias de defesa é tentar desconstruir a figura do acusador. É assim que eu vejo. De repente, passo a ser o vilão da história, o dito vilão da história, porque há necessidade de desconstituir a figura do acusador.”, disse.



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