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No pais das frustrações

Admite-se que o cidadão comum disponha de memória curta. Ficaria doido caso lembrasse de todas as frustrações porque passou desde que,..

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Publicado: 20/08/2015 às 06h15min

Admite-se que o cidadão comum disponha de memória curta. Ficaria doido caso lembrasse de todas as frustrações porque passou desde que, entrando na idade da razão, começou a desiludir-se da política e dos políticos aos quais emprestou apoio e esperanças. Nos tempos recentes, entre altos e baixos, um período sobressai para acentuar a desilusão geral. O país reencontrara a expectativa de voltar a ser uma democracia, com a eleição de Tancredo Neves. Infelizmente, a vida nos pregou uma das maiores de suas peças, com a doença e morte daquele que simbolizava a esperança nacional, sem poder assumir. José Sarney fez o que pode, assegurou a transição, mas limitado por trajetórias antigas. Veio Fernando Collor, bem nascido e mal formado, em pouco tempo refugado pela opinião publica. Itamar Franco surpreendeu, recuperando combalidos sentimentos de que o Brasil tinha jeito. Recomeçar era preciso e o vice-presidente, depois de uma administração mais do que louvável, foi buscar um molde imaginado quase perfeito, com passado, presente e futuro definidos. Fernando Henrique vinha de lutas socialistas, intelectual perseguido pela ditadura, disposto a repelir radicalismos e a dar passos concretos no rumo do aprimoramento social, político e econômico.

No entanto… No entanto, desmentiu-se e frustrou a nação. Menos, é claro, as elites que com toda certeza conheciam sua verdadeira face e nele também tinham apostado. Submeteu o governo aos interesses multinacionais, alienando patrimônio público imprescindível ao nosso desenvolvimento. Esqueceu os compromissos com a classe trabalhadora, congelou salários públicos e privados, nenhuma iniciativa adotou para ampliar direitos sociais. Pelo contrário, comprimiu os pobres e beneficiou os ricos. Chegou a ser referido como o Hood Robin, antípoda do Robin Hood. De graça essas coisas não acontecem. Enfrentou o acerto de contas no final de seu duplo período de governo, ele mesmo responsável por haver mudado e comprado as regras do jogo depois de começado. Ouvia-se com frequência o “Fora FHC!” ecoado na ante sala da vitória do Lula. Seus índices de reprovação só não foram maiores do que sua vaidade, presunção e arrogância. Atrasou o Brasil em dez ou vinte anos e até deixou um modelo em boa parte adotado pelo sucessor.

Pois não é que o sociólogo está de volta, ou melhor, jamais deixou o sonho de ocupar parte do palco? Ontem, começou a pregar a renúncia de Dilma, aliás, uma proposta oportuna, só que formulada por quem carece de embasamento político para tanto.



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