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Diário da Amazônia

Opinião: Divórcio entre imprensa e sociedade

O país não encontra nunca uma forma de continuidade, pois só se vive e fala das “reformas necessárias”.

Por Pedro Cardoso
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Publicado: 14/03/2017 às 06h25min

Virou mais um clichê afirmar que determinada cobertura ou imagem mostrada não seria papel da imprensa. E aqui vale a menção para todos os veículos de comunicação de massa, seja revista, jornal, sites, televisão ou rádio. Caso a pergunta fosse devolvida a quem formula essa negativa, não se saberia afirmar qual seria o “papel da imprensa”. Com ou sem papel definido, a imprensa vai desempenhando sua atividade como qualquer outra, com pequenos e grandes erros e acertos. Há décadas qualquer nomeação ou posse de um ministro, por mais insignificante que seja, é destaque na abertura de telejornais na televisão e manchete em capa de jornais e de revistas. Já sobre educação, é preciso procurar com lupa para encontrar uma capa ou uma abertura televisiva.

Faz-se também uma cobertura sensacionalista em ondas periódicas, sempre em defesa das autoridades governamentais. Há várias décadas, por exemplo, a onda é sobre a necessidade de reformas constitucionais. O país não encontra nunca uma forma de continuidade, pois só se vive e fala das “reformas necessárias”. Elas são justificadas como solução de crises econômicas causadas por gastos supérfluos, desperdícios e corrupção em qualquer obra ou projetos sociais. Nove constituições federais e centenas de emendas não corresponderem à única bicentenária dos Estados Unidos. Outra cobertura tendenciosa é sobre a ressocialização de presos, mas não faz menção a que a prática de um crime antecede uma escolha do indivíduo. Esses são dois exemplos de ondas de longa duração, mas a maioria ressurge em períodos bem curtos e sobre o mesmo tema.

No ano de 2014, São Paulo descobriu que água potável era uma fonte esgotável. Toda a cobertura da mídia se voltou contra o cidadão. Que desperdiçava água lavando calçadas, não colocava redutor nas torneiras, os grandes condomínios e indústrias não reutilizavam água e tantos outros, sempre a culpar o cidadão. Esqueceram-se totalmente de que muitas campanhas incentivavam o consumo, exatamente para encher as burras dos fornecedores. Graças a São Pedro, tudo já foi esquecido. Só vão condenar a população novamente quando a irresponsabilidade estatal deixar a população sem água para beber.

E agora são as reformas da Previdência, Trabalhista e Tributária. As outras são apenas para camuflar a rasteira que querem dar nos cidadãos. Os argumentos todos já conhecem, sempre superficiais e para prejudicar o trabalhador comum. Enquanto isso, os salvadores da pátria, que agora propõem aposentadorias com cem anos de idade e 50 de contribuição se aposentaram bem jovens. Alguns ex-governadores, e até algumas viúvas, recebem aposentadorias de mais de 30 mil mensais depois de trabalharem apenas alguns meses ou somente alguns dias como governadores.



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