Há mais de 30 dias quem tem necessidade de encontrar uma farmácia aberta no período da madrugada até o início do expediente comercial do dia seguinte, para comprar qualquer tipo de medicamento, não consegue em Ji-Paraná. A única do ramo que atendia nos dois Distritos do município suspendeu o atendimento, em decorrência da exigência da presença de um farmacêutico, justificando alto custo. Ontem (10), a Vigilância Sanitária informou ter conhecimento do fato, estando tomando as devidas providências.
A ausência de farmácias abertas durante a madrugada veio a público na última semana com inúmeras reclamações através da imprensa, sobretudo, na Rádio Alvorada, Diário da Amazônia e Rede TV! Rondônia. Maria de Lurdes Ribeiro, moradora do Segundo Distrito, reclamou não ter encontrado uma unidade aberta para comprar o medicamento prescrito pelo médico que lhe atendeu no Pronto-Socorro ‘Dona Nega’. “Somente consegui comprar o medicamento no dia seguinte. Isso é um absurdo”, criticou.
A reportagem foi à única rede de farmácias que atendia durante a madrugada. A funcionária preferiu não se identificar, mas disse que o proprietário justificou o alto custo para manter o atendimento neste período, especialmente quando lhe foi exigido a presença de um farmacêutico. “Infelizmente, não podemos fazer nada”, declarou.
Conselho
Em contato com o Conselho Regional de Farmácias, a conselheira federal Lérida Vieira deixou claro que a função da entidade se limita apenas em fiscalizar o exercício da profissão de acordo com o que estabelece o Artigo 6º da Lei Federal 13.021, que obriga farmácias e drogarias a ter o farmacêutico profissional durante o seu expediente.
Ainda segundo a conselheira, a autoridade máxima para estabelecer o horário de funcionamento das farmácias e drogarias, é o município. “Penso que cabe ao município, através da Vigilância Sanitária, a criação de uma escala de plantão. Assim como aconteceu em Pimenta Bueno”, declarou.
Sindicato
Outra entidade que comentou o caso foi o Sindicato dos Farmacêuticos de Rondônia através do seu presidente, Antônio de Paula. Para ele, farmácia e drogaria é um estabelecimento de saúde, portanto, deve fazer o máximo para atender bem a população, e trabalhar de acordo com as leis vigentes. “A sociedade, cada vez mais exige um trabalho de alta qualidade”, afirmou. “Até entendo que para alguns proprietários o custo realmente fique alto, mas tudo que se exige consta nas leis em vigor. O valor que se paga para o farmacêutico, em Ji-Paraná, é o mesmo para qualquer outro município”, declarou. Para ele, a Vigilância Sanitária é o órgão responsável pela forma de funcionamento desses estabelecimentos.
Vigilância
O Diário também ouviu a diretora da Divisão de Vigilância Sanitária de Ji-Paraná, Ana Maria dos Santos. Ela afirmou já ter conhecimento do problema, e que as providências estão sendo tomadas. Ainda segundo ela, a Lei Municipal que rege sobre o funcionamento de farmácias e drogarias da cidade, já se encontra defasada, por isso, encaminhou cópia para a Procuradoria Geral do Município (PGM) com objetivo que a mesma seja analisada pelo procurador da Saúde.
Ana Maria ainda disse que a maioria das farmácias atendem até as 22h. “Tão logo que recebermos a orientação da procuradoria, executaremos as providências necessárias”, garantiu. Atualmente, o município conta com uma população de quase 140 habitantes e aproximadamente 70 unidades, entre farmácias e drogarias.