Porto Velho/RO, 24 Março 2024 09:48:35

A prisão dos executivos da JBS

A prisão da dupla afasta aquela conversa de que a cadeia é feita para pobre. Grande engano.

A- A+

Publicado: 12/09/2017 às 06h00min

A prisão de Joesley Batista e Ricardo Saud, donos da JBS, no último final de semana, já era esperada e visa garantir o bom andamento do trabalho da Justiça. Joesley pode sim contribuir com a Justiça, mas dentro da cadeia, e ajudar no processo de conclusão da operação Lava Jato, a maior mega-operação de combate à corrupção deflagrada pela Polícia Federal.

Batista, após gravar o presidente Michel Temer (PMDB) e viajar para o exterior, com a autorização da Justiça, se prontificou em colaborar com a Justiça, mas não esperava que estava sendo monitorado. Até então o empresário estava solto, mas a gravação em poder da Justiça revela a possibilidade de obstrução da Justiça.

O nome da operação que resultou na prisão de Joesley e Ricardo foi batizada de Bocca e refere-se a “Bocca della Verità”, cuja característica é seu papel como detector de mentiras. “Desde a Idade Média, acredita-se que se alguém contar uma mentira com a mão na boca da escultura, ela se fecharia ‘mordendo’ a mão do mentiroso”, diz nota da PF, distribuida à imprensa logo após prisão da dupla.

Batista é o maior empresário no ramo de carne do mundo, mas essa condição não lhe dá o direito de sair por aí contando fatos relacionados ao acordo de delação premiada. Em uma das gravações, o dono da JBS falava em escapar das garras da Justiça, gerando revolta na população. Por fim, tentou complicar a vida do presidente Michel Temer. A mídia chegou a dedicar amplo espaço na mídia em benefício de Batista, que chamou Temer de “ladrão geral da República”.

As declarações de Batista não merecem atenção. O empresário, se ficar um bom tempo na cadeia, poderá repensar no que fez para a economia do Brasil. Foi por conta dos escândalos de corrupção que o País chegou ao fundo do poço e sua participação foi importante para a construção da política corrupta.

A prisão da dupla afasta aquela conversa de que a cadeia é feita para pobre. Grande engano. Nos últimos anos, a população assistiu com frequência gente graúda sendo algemada e políticos influentes de grandes partidos políticos, mesmo com malas de dinheiro (algo em torno de R$ 51 milhões), amanhecerem na cadeia. A Justiça pode estar no caminho certo quando tira de circulação uma pessoa do porte de Batista. O empresário representa um grande perigo, até mesmo para o Poder Judiciário, mesmo dentro na cadeia.



Deixe o seu comentário