Porto Velho/RO, 19 Março 2024 09:27:58
Diário da Amazônia

Produtores acreditam no potencial da piscicultura

Agricultores alimentam a esperança da rodovia ser transitável.

Por Jaylson Vasconcelos Diário da Amazônia
A- A+

Publicado: 18/06/2017 às 05h00min

Em plena floresta e com autorização dos órgãos de controle, produtor investe na construção de tanque de peixe na região do Amazonas

A BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM), apresenta diversos problemas. A pista não possui asfalto e ao todo são contabilizados 877 quilômetros de rodovia, sendo 400 em estado crítico. A estrada está completamente deteriorada, o que prejudica tanto os moradores do local que ficam completamente ilhados em tempos de chuva, como o escoamento de alimentos produzidos na região.

O problema afeta diversos setores, como é o caso dos produtores da região, pois com o único meio de transporte indisponível, todo o trabalho vai se perdendo. Em tempos de inverno fica impossível transitar pela rodovia federal, que fica completamente alagada e impede que os produtores escoem seus alimentos para outras regiões, afetando até mesmo a subsistência dos produtores e comprometendo a economia do lugar.

É o caso do produtor rural Curt Ristow, que mora às margens da rodovia há 25 anos. Durante todo o período que viveu na localidade, não obteve sucesso para o escoamento da sua produção.

Em entrevista ao Diário ele relata a dificuldade de se produzir na região. “Produzir aqui é muito difícil, pois, tudo se perde, eu já produzi muito aqui, na época já plantei melancia, farinha, mel de cana. As frutas que produzia apodreciam todas, pois, não tinha como levar devido a estrada ruim , com a promessa da melhoria nessa estrada, vou começar a plantar de novo, para ver se tenho uma renda, com essa estrada do jeito que tá, não tem como, fica difícil”, disse o produtor.

O produtor é um exemplo das dificuldades que todos os produtores passam para escoar suas produções e, no meio de tanta dificuldade ainda encontra esperança de um dia poder ver as melhorias na BR.

Brasil está entre os países que mais consome peixe no mundo

O Brasil está entre os países que mais consome peixe no mundo, o que se deve ao seu extenso território litorâneo, que são as regiões que mais produzem peixes e frutos do mar, esta característica se torna favorável para o desenvolvimento da piscicultura, ou seja, criação de peixe para comércio, uma atividade muito promissora economicamente e em expansão.

A criação desses animais é feita de maneira controlada, com o uso de ferramentas e substâncias específicas, além de um acompanhamento periódico para estimular o crescimento saudável dos peixes. A piscicultura se caracteriza por ser um criadouro de peixes, que é estruturado de acordo com os órgãos regularizadores do meio ambiente, possibilitando que o criador comercialize o produto de forma totalmente legal.

Base de apoio localizada ao longo da BR-316

A piscicultura é uma boa fonte de renda para os criadores, pois esta atividade não causa grandes impactos ao meio ambiente, uma vez que ela pode ser instalada em áreas permitidas do mar ou em criadores e lagos artificiais e particularidades. Na piscicultura, as espécies criadas são totalmente controladas, desde o início da vida até o momento em que atingem a condição ideal para consumo, recebendo os tratamentos e substâncias apropriadas, o que é necessário para que se tornem produtos de boa qualidade.

Os peixes criados para consumo são rigorosamente avaliados pela vigilância sanitária e precisam atender todos os padrões de qualidades exigidos para o consumo.

Transportar peixe para Manaus

Mesmo em péssimas condições de locomoção, devido a falta de infraestrutura na BR-319, entre o município de Humaitá e o distrito de Realidade, produtores investem no ramo da piscicultura, que consiste na criação de peixes para o comércio. Cândido Gobb é um dos sócios do negócio, que ainda está em fase de construção, estão sendo feitos vinte e quatro tanques e, o objetivo é trasportar para Manaus todos os peixes produzidos, o produtor conta que todo o recurso investido depende da BR, pois, é ela que possibilitará o trajeto para que a mercadoria chegue em boas condições no destino, acelerando o processo.

“Nosso objetivo aqui é acelerar a entrega, pois se o transporte for realizado por via fluvial dura cerca de três dias para o peixe chegar, o que compromete a qualidade do produto. Pela estrada o transporte dura menos tempo. Demoraria em torno de oito a dez horas.”, disse.

“Estamos investindo com a intenção de revender por aqui porque a promessa política da época era que em cinco anos teríamos o asfalto. Aqui é o último lugar que é visto pelos políticos. Nós não entendemos se para eles é mais fácil o povo viver na miséria aqui do que ter um respaldo político e ter uma vida melhor, tem gente que morreu aqui porque não tem estrada “, disse o piscicultor.

O produtor cogita a ideia de revender pela região os peixes, enquanto a estrada continua intransitável, para o projeto de piscicultura foi investido R$: 1,8 milhão, nos 45 hectares de terra serão construídos 24 tanques de engorda, a faixa de produção vai chegar a 50 toneladas ao mês, sendo retirados os peixes duas vezes ao ano, para suprir a demanda exigida por Manaus. O recurso foi contraído por meio de empréstimo junto ao Banco da Amazônia. A piscicultura, devido ao controle que é exigido para a criação dos peixes, não ocasiona grandes impactos ao meio ambiente.



Deixe o seu comentário