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Diário da Amazônia

Qualidade e novos mercados determinam futuro da cafeicultura

Considerando um valor médio de R$350 a saca, isso pode representar R$ 87 a mais em cada saca para o produtor.

Por Redação Diário da Amazônia
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Publicado: 25/06/2017 às 05h15min

Busca pela excelência na produção tem melhorado a qualidade

A cafeicultura de Rondônia tem passado por transformações positivas nos últimos anos, com aumento da eficiência. A produtividade cresceu quase 100%, com redução de 43% da área plantada, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O desafio encarado agora pelos 22 mil produtores é a melhoria da qualidade e a conquista de novos mercados. Os incentivos são muitos e os maiores cuidados estão na colheita e pós-colheita do café, que interferem na manutenção da qualidade dos frutos, ou seja, são nessas duas etapas que o produtor precisa se atentar às recomendações técnicas para evitar a depreciação do seu produto. Para se ter uma ideia, um produtor que colhe o café verde, em média, precisará de 21 latões para obter uma saca de café de 60 quilos beneficiada. O mesmo produtor que esperar o momento ideal para a colheita, com pelo menos 80% dos frutos maduros, precisará de apenas 18 latões para a mesma saca. Apenas observando-se o rendimento, o produtor que preza pela qualidade ganha cerca de 25% em massa de grãos. Considerando um valor médio de R$350 a saca, isso pode representar R$ 87 a mais em cada saca para o produtor.

O pesquisador Enrique Alves, da Embrapa Rondônia, cita este exemplo e conta que o cafeicultor que busca a excelência de qualidade tem um produto de maior aceitação no mercado e retorno financeiro. Ele alerta que o café colhido fora do ponto ideal e processado de maneira indevida apresentará defeitos que depreciarão a qualidade física e sensorial. “O cafeicultor terá mais dificuldades em vender o produto, ou deixará de ganhar incremento em valor de venda. Cafés considerados de boa qualidade podem receber até 15% de sobrepreço em alguns mercados”, argumenta Alves. O cafeicultor Júlio César Romualdo, de Nova Brasilândia d’Oeste (RO), já entendeu esta conta e as vantagens de produzir café com qualidade. Ele está investindo em sua lavoura já há alguns anos e não tem dúvida dos resultados. “Ano passado colhi com a máquina e tive uma redução do custo de 60% e este ano estou repetindo.

Novos mercados e conceitos

O café sempre foi classificado em função de critérios físicos e sensoriais de qualidade e tem sido uma busca constante dos produtores mais avançados. A qualidade do café consiste em uma mistura entre genética, ambiente e manejo adequado. Está vinculada também com as atividades de colheita e pós-colheita e representam uma forma de valorização do produto, explica o pesquisador Enrique Alves. Enquanto o mercado de cafés finos cresce a uma taxa superior a 15%, o tradicional, conhecido como “commodities” não ultrapassam 3%.

Se o mercado de cafés finos para os cafés do tipo arábica já é uma realidade, com conceitos definidos e bastante consolidados. Para os cafés canéfora (conilon e robusta) ainda são tratados como novidade e exceção à regra. Mas, o que alguns produtores enxergam com incerteza e desconfiança, já têm sido encarado como oportunidade de evolução da cafeicultura para um novo patamar, pelos que veem o café do futuro.



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