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Diário da Amazônia

Quatro anos pelos trilhos do tempo Amaury Dantas

Até o dia 24 deste mês, a exposição pode ser apreciada na Galeria Afonso Ligório, da Casa da Cultura.

Por Sílvio Santos Diário da Amazônia
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Publicado: 11/06/2017 às 05h15min

Portovelhense radicado em Mirassol do Oeste (MT), o publicitário Amaury Dantas tem como hobby pintar telas. Foi assim que em 2012, ao visitar seus parentes na capital de Rondônia, conversou com o então secretário de cultura Francisco Leilson, o “Chicão”, sobre a possibilidade de ver quadros seus no acervo do museu estadual.

“Pinta as telas expõe e quem sabe o governo compra”, essa foi a resposta. Cinco anos se passaram. No dia 5 passado, com Margot Paiva, coordenadora da Casa da Cultura Ivan Marrocos, Amaury Dantas abriu a exposição “Trilhos do Tempo” sobre a história da Estrada de Fero Madeira Mamoré.

Até o dia 24 deste mês, a exposição pode ser apreciada na Galeria Afonso Ligório, da Casa da Cultura, das 9h as 18h, de segunda a sexta — e aos sábado — até o meio dia. Quer saber como Amaury produziu a coleção em exposição, lê a entrevista que segue.

Zk – Vamos falar sobre sua origem?
Amaury – Meu pai trabalhou na Estrada de Ferro Madeira Mamoré e a gente nasceu com essa coisa da arte. Tinha o avô, José Ferreira Sobrinho, que foi prefeito aqui de 1933 a 1938, era poeta/escritor. O pai Heitor Dantas de Moraes também era metido a desenhar. Nasci em 1962, em Porto Velho.

Zk – Quando foi que você resolveu ir embora de Rondônia?
Amaury – Trabalhei no Governo do Estado em 1981/82. A Seplan na época, tinha como secretário o Renato da Frota Uchoa e, naquele tempo, não existia aqui agencia de publicidade. Então, o governo montou uma house dentro da Seplan e contratou eu, o Marco Aurélio (autor do brasão de Armas do Estado) e o João Zoghbi. Nós três integrávamos a casa das ideias do governdor de Jorge Teixeira. Em 1983, recebi uma proposta para trabalhar em Cuiabá e fui pra lá trabalhar numa agencia de publicidade. Estou fora de Rondônia há uns 35 anos. Atualmente moro em Mirassol do Oeste, em Mato Grosso.

Zk – Quando surgiu a ideia de criar as telas que compõem essa exposição sobre a Madeira Mamoré?
Amaury – Isso é um sonho que tenho há muito tempo. Em 2012 estive aqui, conversei com o Chicão que era o secretário de Cultura e falei que tinha observado que no museu estadual não existe quadros, não existe nenhuma referencia em obra de arte, com a história da ferrovia. Então expressei a ideia de produzir uma coleção sobre as fotos mais icônicas de Danna Merril, para transformar em óleo sobre tela. Ele respondeu, “Faça e traga pra gente ver, faça a exposição e o governo vai analisar e quem sabe, de repente a gente pode fazer uma aquisição pro estado ou para o município”. Passaram-se cinco anos [2012/17]. Na realidade, demorei quatro anos pra fazer esse trabalho.

Zk – Fala sobre a técnica utilizada?
Amaury – Quando estava pintando as telas, usei muito como referencia as fotos que estão no livro do Manoel Rodrigues Ferreira, o “Ferrovia do Diabo”. Eu usava as fotos como referencia fotográfica. Só que, as telas aqui da exposição, mostram algo além, não é apenas uma reprodução da fotografia. Sempre coloco uma criação minha, por exemplo, na tela “Ponte Danificada”, a choupana, mais para direita não existe na fotografia. Aquilo é uma criação minha. O lenhador cortando a árvore, foi colocado para o povo entender que aquela ponte foi uma árvore que foi derrubada. Outro exemplo, existe telas com araras, tucanos e outros bichos como onça etc. Na fotografia do Danna Merril essas aves e bichos não existem.

Zk – Um trabalho desses realmente é para fazer parte do museu estadual. Existe alguma negociação para que essas obras fiquem no acervo do estado?
Amaury – No dia do vernissage, na segunda-feira, dia 5, estiveram na galeria Afonso Ligório dois representantes, um do município, o Ocampo Fernandes, e um do Estado, o Rodnei Paes. Na ocasião, conversamos a respeito da possibilidade das telas ficarem em Rondônia. Pediram que eu formalizasse a proposta, então durante a semana produzi um documento e entreguei aos dois secretários. Sexta-feira, dia 8, graças a você, Zekatraca, estive com o presidente da Assembleia, deputado Maurão de Carvalho, e ele também pediu que eu protocolasse a proposta. Notei que ele ficou bastante interessado na coleção, já que o prédio novo da Assembleia, que está para ser inaugurado, vai ser batizado de “Madeira Mamoré”. Coincidência melhor não poderia ter.

Zk – Uma coleção como essa que você está expondo, precisa ser do conhecimento dos nossos jovens, para que eles saibam como foi que Porto Velho surgiu. Essa coleção é de uma importância histórica sem precedentes. Você pretende dar prosseguimento nesse estilo, retratando outros monumentos históricos de nossa cidade e Estado?
Amaury – Sim! Meu próximo projeto, será a retratação, através de óleo sobre tela, do imobiliário urbano de Porto Velho, dos prédios históricos. Vou pintar o palácio Getúlio Vargas, o antigo Porto Velho Hotel (Unir Centro), o Prédio do Relógio, tudo nesse padrão. Inclusive, consegui junto a um órgão (fica na rua Calama) as plantas desses prédios (o projeto arquitetônico) eles me passaram em CD e minha intensão é desenvolver maquetes.

Zk – Esse material você vai produzir em Porto Velho?
Amaury – Não, vou fazer lá em Mirassol e quando estiver pronto venho expor aqui. Vou ficar sempre em contato com a direção da Casa da Cultura Ivan Marrocos, não sei se a Margot ainda vai estar aqui, mas sempre estarei perturbando quem estiver na direção da Casa.

Zk – Você tem trabalhos em artes plásticas com outros contextos?
Amaury – Agora dei uma parada, mas, já viajei muito pelo Brasil, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Nordeste e em todos esses lugares deixei alguma marca. Devo frisar que nunca vivi exclusivamente disso, sempre trabalhei com publicidade, a pintura em artes plásticas é uma coisa que faço tipo um hobby.

Zk – Para encerrar a nossa conversa. Quanto tempo passa para você concluir um trabalho no estilo dessa da Coleção Madeira Mamoré?
Amaury – Fiz um cálculo. Fiquei quatro anos pintando essas telas e cheguei à conclusão, que levei em torno de 90/120 dias pra pintar cada tela.



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