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RONDÔNIA

Queimadas atingem índices elevados

Em Porto Velho, campanha alerta a população sobre os riscos das queimadas.

Por Daniela Castelo Branco Diário da Amazônia
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Publicado: 18/07/2017 às 05h00min

Os índices de queimadas registradas por satélite em todo o Estado causam preocupação

Fazer queimadas em Rondônia já se tornou comum. Há quem diga que é até questão cultural. Mas o problema vai muito além do que apenas uma prática comum ou hábito da população. O período da estiagem é propício para aumentar os índices de queimadas e sérios problemas são gerados por essa prática. Nesta época do ano, as UPA’s ficam lotadas por conta dos danos respiratórios causados às pessoas, principalmente àquelas mais vulneráveis, como as crianças e os idosos. Outro prejuízo está relacionado aos riscos de acidentes de trânsito, tendo em vista que a fumaça compromete a visibilidade dos motoristas. Isto sem mencionar os danos financeiros e sociais, já que um incêndio pode até acarretar risco de morte.

Segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), o período mais seco do ano para o Estado são os meses de junho, julho e agosto, sendo que julho é o mais mais seco, baseado na série de precipitação do Zoneamento Sócio Econômico e Ecológico – ZSEE. A Sedam informou ainda, através de relatórios realizados no período de 01 a 10 desse mês, disponibilizados pelos satélites de referência, que Rondônia ocupa o terceiro lugar na Região Norte, registrando 140 focos de calor, o equivalente a 9,6% do total de focos de calor registrado em toda a região.

A Capital Porto Velho registrou 42 focos, seguido de Candeias do Jamari com 13, Cujubim com 10 e os demais abaixo de 8 focos de calor. “O nosso trabalho é passar esses dados divulgados pelos satélites para a fiscalização, para que possam fazer as intervenções e as campanhas de combate”, informou o meteorologista Fábio Monteiro, da Sedam. Segundo ele, nos primeiros dez dias deste mês (julho) foram registrados 42 focos de queimadas, segundo o satélite de referência. “Historicamente, agosto e setembro são os meses em que mais são registradas queimadas porque o período da estiagem contribui muito para isso. Já estamos de 25 a 30 dias sem chuva, o que favorece qualquer intensificação de incêndio”, acrescentou.

Corpo de bombeiros destaca situação

O Capitão Iranildo Dias, do Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia, explicou que a situação está bem crítica no Estado, destacando que, em média, são feitos cerca de 14 atendimentos por dia para combater os focos de incêndio – a maioria na cidade. De acordo com o capitão, dependendo do dia, esse número pode chegar a 18 atendimentos, quantidade não pode ser maior por conta do efetivo trabalhando nas viaturas: duas equipes são do Corpo de Bombeiros e três do Prevfogo, totalizando cinco equipes que atuam na capital.

No começo da noite de quinta-feira (13), em Candeias do Jamari, houve um incêndio florestal com grandes proporções que, segundo Dias, chegou a atingir o município de Porto Velho. O capitão disse ainda que os maiores índices de incêndio são aqueles em que a pessoa faz para ser controlado, mas acaba perdendo o controle e o fogo se transforma num grande incêndio, o que termina sendo um incêndio intencional, já que a pessoa sabe que pode perder esse controle. “Estamos na temporada de incêndio florestal e da vegetação. Do dia 15 de junho em diante, tivemos um ápice nesses incêndios, que vai até setembro. Temos agora os índices de junho, que demonstram que na Capital foram registrados 181 focos de calor. O fato é que essas queimadas começam sempre pela cidade, pois as pessoas começam a fazer a limpeza dos seus terrenos e, infelizmente, ainda utilizam o fogo para isso. E a tendência é de que até o período de 20 de agosto ainda tenhamos muito calor e mais fumaça na cidade”, destacou o capitão Dias.

Prefeitura anuncia o recolhimento de entulhos das residências

Para evitar que a população realize as queimadas, a Semusb anunciou que no próximo dia (20), fará o recolhimento de todos os entulhos dos terrenos e quintais das residências de Porto Velho. Com isso, pretende evitar a prática das queimadas. Cunha espera que com a campanha de conscientização ao combate às queimadas reduza os índices no município e orienta a população adotar outras medidas para o despejo de seus entulhos e folhas. “Para evitarmos o agravamento das queimadas, seria melhor ensacar o lixo e as folhas ou transformá-los em adubos por meio da compostagem orgânica”, aconselha.

O gerente de Educação da Sema alerta para a punição penal para quem for pego realizando queimada, baseado na Lei Complementar 138 de 2001 que trata sobre o Código do Meio Ambiente. “A pessoa vai ser inicialmente notificada baseada no Artigo 189, inciso I, e dependendo do agravo da ação, será autuada com base no Artigo 277, inciso XXXI, com o pagamento de multa que vai de R$ 3.500 a R$ 7 milhões”. Para denúncia, a Sema disponibiliza o telefone que funciona via whatsapp (99374-8556), onde a pessoa pode enviar fotos e a localização e pelo Disk Denúncia no 0800 647 1320.

Campanha alerta a população

Com a campanha de conscientização “Queimada Mata”, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) procura erradicar essa prática habitual em Porto Velho. Segundo Wellington Cunha, o gerente de Educação Ambiental, a meta é orientar a população sobre os riscos gerados pelas queimadas. No seu slogan de campanha, a Sema recomenda as pessoas a não colocarem fogo em terrenos, pastos ou quintais, explicando que é nessa época de seca e de muito vento que o fogo se alastra. A Sema deixa bem claro que, além de poluir o ar, as queimadas podem causar uma série de doenças e danos ao meio ambiente. A campanha, que inclui palestras, seminários e mutirões ambientais com visitas às casas, será estendida até o dia 31 de outubro, atingindo toda a Capital e os distritos. Além da Sema e Corpo de Bombeiros, mais de 25 parceiros estão envolvidos nessa campanha de sensibilização e conscientização, incluindo a Secretaria Municipal de Serviços Básicos (Semusb) e até comunidades religiosas engajadas no projeto.



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