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Diário da Amazônia

Reforma da Previdência ainda gera incerteza

Governo continua negociando aprovação da PEC na Câmara dos Deputados.

Por Assessoria
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Publicado: 06/02/2018 às 07h05min

Deputados e senadores retomaram as atividades ontem à tarde no Congresso (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

A reforma da Previdência, considerada um dos principais desafios do governo para o início deste ano, ainda é tratada como incerteza pela maioria dos senadores que se pronunciaram ontem, na abertura dos trabalhos do Legislativo. O governo negocia para conseguir os votos necessários na Câmara dos Deputados e alguns parlamentares admitem que o texto pode nem chegar ao Senado.

“Vamos dar um crédito ao processo de negociação entre as lideranças da Câmara. Cabe ao Senado aguardar e a todos nós torcer para que possamos ter uma conclusão que aponte para a responsabilidade fiscal no nosso País”, disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

A manifestação de jucá veio após o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) fazer duras críticas à forma de condução da reforma. Para ele, o governo erra ao tratar a PEC como um “balcão de negócios”, com a troca de votos pela liberação de emendas parlamentares, por exemplo. Essa postura, na visão do senador paraibano, afasta os votos dos que têm uma postura ética e que não estão dispostos a fazer qualquer tipo de negociação e sujar sua biografia.

“Não creio que a matéria conseguirá sequer sair da Câmara dos Deputados. Primeiro porque boa parte da base do governo manifesta-se contra a reforma; segundo, porque o governo não para de errar”, criticou Cássio.

Os governistas Valdir Raupp (PMDB-RO) e José Medeiros (PSD-MT) admitiram que a aprovação da reforma da Previdência ainda não é uma certeza, já que o governo encontra dificuldades para conseguir todos os votos na Câmara. Para Medeiros, muitos deputados não vão votar a favor da reforma para não perder votos nas eleições.

Segundo semestre voltando às eleições gerais 

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) disse acreditar que os primeiros meses do ano serão de trabalho intenso, já que o segundo semestre pode ser tomado pelas eleições. Para o senador, a reforma da Previdência precisa ser aprovada como uma sinalização positiva para o mercado.

“Se o governo conseguir votar a reforma da Previdência, ainda que haja uma ou outra modificação, vai sinalizar principalmente ao mercado e aos investidores que o País está se esforçando para que o retorno dos investimentos, a geração de emprego, e a questão fiscal sejam prioridade, principalmente neste último ano do presidente Michel Temer”, afirmou.

O líder do PSDB, senador Paulo Bauer (SC) defendeu a aprovação da reforma como uma maneira de garantir a continuidade do recebimento das aposentadorias no futuro. Para ele, o ideal é que as mudanças sejam aprovadas já porque são inevitáveis. “Se isso não acontecer, o problema terá de ser enfrentado pelo próximo governo”.

Críticas

Para o senador Paulo Rocha (PT-PA), toda a energia do seu partido será para barrar a reforma. Ele entende que o PT precisa mostrar que não há necessidade de mudar a Previdência, mas sim de investir no processo de crescimento econômico que gere mais empregos.

“O governo está mentindo porque não há déficit da Previdência. O que tem que ter é um combate à sonegação e uma cobrança principalmente dos grandes grupos econômicos que devem à Previdência Social”, afirmou.

A senadora Regina Sousa (PT-PI) classificou a Reforma como maléfica e disse considerar que o texto não retira privilégios de quem realmente tem. Para ela, uma reforma justa tem que começar “pelo andar de cima”.

Apesar de considerar que toda reforma é importante, Álvaro Dias (Pode-PR), classificou como “pífia” a reforma proposta por Temer. Para ele, o governo não tem credibilidade para fazer com que o texto seja aprovado na Câmara, mas, caso isso aconteça, o próximo governo terá de trabalhar em uma “reforma da reforma” para corrigir os erros do texto.

Para a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), a mensagem presidencial ao Congresso foi frustrante porque tentou capitalizar números frágeis da economia e se apoiou à promessa de uma reforma rejeitada por mais de 70% da opinião pública. Já Ana Amélia (PP-RS) disse que a mensagem tem mesmo de ser otimista e oferecer palavras de estímulo e de ânimo à população.



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