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PLANTÃO DE POLÍCIA

Reviravolta no caso Jéssica Hernandes

Imagens e relatos de testemunhas contradizem versão de Diego e podem inocentar Ismael.

Por Redação e Vilhena Notícias
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Publicado: 10/09/2017 às 05h35min

Diego de Sá disse que atraiu Jéssica para realizar um ‘teste de fidelidade’

A morte da adolescente Jéssica Moreira Hernandes, de 17 anos, assassinada com 13 facadas no final de abril deste ano na cidade de Cerejeiras, pode sofrer uma reviravolta. Isso porque as provas anexadas ao processo e relatos de testemunhas ouvidas nas Audiências de Instrução dos dias 23 e 31 de agosto, contradizem pontos importantes e a cronologia dos fatos narrados pelo réu confesso Diego de Sá Parente.

Documentos anexados nos autos e relatos de testemunhas ouvidas na Instrução, apresentaram contradição entre a versão dada por Diego Parente em depoimento ao delegado do caso, no dia 25 de abril, data em que ele e o primo Ismael José da Silva – namorado da adolescente – foram presos e apontados como autores do crime.

As contradições mais marcantes são em relação à compra da lona usada para enrolar a vítima e à caminhonete usada para carregar o corpo. Nos depoimentos prestados por Diego, ele confirmou que atraiu Jéssica até a casa, mas disse que Ismael foi o autor das facadas que vitimaram a moça. Após o crime, Diego contou que ficou no imóvel, enquanto Ismael teria saído e minutos depois retornado com a lona, a gasolina e a pick-up S-10 usada para transportar o corpo até o matagal.

O proprietário da S-10 em depoimento prestado na Audiência de Instrução disse que foi Diego quem pediu a caminhonete emprestada no dia do crime. Assim como o proprietário do estabelecimento onde a lona foi comprada, que confirmou na audiência que Diego esteve na loja para comprar a lona. Outra testemunha do processo também teria confirmado que Diego comprou o combustível. Os depoimentos das testemunhas contradizem a versão do réu Diego Parente dada desde o primeiro momento de sua prisão.

Outros pontos

Jéssica saiu de casa de bicicleta por volta das 8h do dia 20 de abril e o corpo dela foi encontrado na noite do dia 24 daquele mês.

Nas primeiras divulgações ainda no dia em que o corpo foi encontrado, foi apresentada a versão com base em relatos de conhecidos da vítima, que Ismael teria tido um comportamento estranho ao ir na casa da família ainda no período da manhã do dia 20 e anunciado o desaparecimento de Jéssica.

Segundo a advogada de Ismael, Shara Eugênio de Souza, seu cliente chegou no local de trabalho por às 7h23 do dia 20, conforme mostram imagens de câmeras de monitoramento que registraram o veículo de Ismael.

A reportagem teve acesso ainda às conversas trocadas entre Ismael e a mãe de Jéssica através do aplicativo WhatsApp no dia do crime.

Pouco depois das 9h30 Ismael envia uma mensagem dando bom dia à mãe de Jéssica e pergunta: “Jéssica foi pro hospital?”. Do outro lado a mãe da moça responde: “Não sei, ela saiu para ir ver umas coisas dela foi isso que ela falou para mim”. Ismael então envia outra mensagem dizendo que ligaria para Jéssica.

Diego atrapalhou casamento

No dia 31, última Audiência de Instrução, a justiça ouviu a mãe de Ismael. Segundo informado através da defesa do réu, ela teria dito que Diego teve interferência na separação de Ismael com a ex-esposa, com quem tem um filho menor.

Perícia identifica sangue humano na calça de Ismael

A calça e camisa usada por Ismael Silva no dia do crime foram entregues por ele mesmo à polícia. As peças foram enviadas para a capital Porto Velho, onde a perícia identificou na calça a presença de sangue humano, mas não foi possível realizar exame de DNA.

Shara esclareceu que a mancha de sangue foi identificada dentro de um dos bolsos da calça. Segundo ela, o próprio réu justificou ainda em depoimento à polícia que o sangue encontrado na calça era dele mesmo. “Ismael esclareceu a mancha de sangue. Ele trabalha no setor de vistoria do Detran e durante a audiência mostrou a mão na qual ainda havia sequelas de ferimentos causados pelo trabalho que exerce, e o próprio Ismael também relatou que sofre com dores de cabeça e quando isso acontece ele tem sangramento pelo nariz”, disse Shara Eugênio.

No processo também consta outro documento no qual o Vilhena Notícias teve acesso. O laudo foi assinado pelo médico legista Ricardo Braz das Neves Rocha em 25 de abril, dia em que Ismael e Diego foram detidos. O documento é referente ao exame de corpo de delito feito em Diego. O exame mostra a presença de três ferimentos superficiais e em fase de crosta com 0,7 cm de comprimento. Tais ferimentos, segundo o laudo, foram identificados no dorso do quarto e quinto dedos da mão direita. A perícia aponta ainda que os ferimentos podem ter sido causados há cinco dias, o que corresponderia ao dia do crime.

Pertences da vítima

Shara Eugênio disse que a bolsa de Jéssica e o cartão de memória do celular dela foram encontrados pela polícia na casa de Diego. “O cartão de memória da Jéssica foi encontrado entre as calças jeans dele [Diego]”, destacou Shara.

No dia 26 de abril homens do Corpo de Bombeiros encontraram a bicicleta da vítima, duas camisetas sujas de sangue e um par de chinelos dentro de um poço no quintal da casa onde Jéssica foi morta. Segundo apurado pela reportagem, o réu Diego confirmou em juízo que as duas camisetas pertencem a ele, já o par de chinelos pertencia à vítima. A própria mãe de Jéssica reconheceu o calçado como sendo da filha.

A família da vítima diz estar convencida que Ismael é inocente.

A mãe de Jéssica redigiu de próprio punho uma carta de duas páginas que foi entregue à advogada de Ismael. Nela a mãe da jovem diz que ela, o esposo e o irmão da moça acreditam na inocência de Ismael e pede a libertação dele.

Alegações finais

Os advogados de ambos os acusados apresentaram as alegações finais. A defesa de Ismael Silva acredita que ele será impronunciado – ou seja, o juiz concluirá que não há nenhuma prova contra ele. Se isso acontecer, apenas Diego Parente que confessou o crime deverá ser levado a júri popular. A decisão da justiça pode sair já na próxima semana.
A reportagem não conseguiu manter contato com a defesa de Diego Parente.

 



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