Uma proposta que se parece um sonho, mas pode ser desenvolvido em áreas urbanas ‘degradadas’ próximo a regiões de lagos e rios, com a possibilidade de restauração e revitalização urbana de forma humanizada e reaproveitamento de áreas ‘impactadas’, sem agredir e descaracterizar na essência de sua cultura original.
Foi dessa forma e, considerando os bairros Baixa da União e Triângulo dentre os mais tradicionais e mais antigos e o último, historicamente, o primeiro de Porto Velho, as arquitetas Dandara Cecília Valverde Oliveira Araújo e Ísis Nogueira de Araújo, consideram um projeto de extrema necessidade para o melhoramento e revitalização da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, criação da Orla do Rio Madeira e Porto Fluvial – Terminal Hidroviário Público de Passageiros e Pequenas Cargas do Município de Porto Velho.
Pode se tornar realidade pela seriedade, dedicação e carinho das duas arquitetas, como filhas de Porto Velho e de famílias tradicionais. O sentimento vai além do sonho, pelo empenho de querer o melhor e ter orgulho de transformar a cidade de berço num grande portal de recepção da Amazônia.
Dandara Valverde e Ísis Nogueira relatam que o projeto elaborado, quando ainda em conclusão do curso de Grau em Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, na Instituição de Ensino Faculdades Integradas Aparício Carvalho – Fimca, sob a orientação do Professor Antônio Lopes Balau Filho.
Em razão à degradação urbana das áreas portuárias da cidade de Porto Velho e visto que é algo notório para a economia do Estado, as arquitetas desenvolveram uma proposta através dos projetos urbanos: “Urbanização em Comunidade Ribeirinha no Rio Madeira” de Dandara, integrado ao projeto arquitetônico em parceria com Ísis, “Porto Fluvial” nos bairros, Baixa da União e Triângulo, possibilitando a relação de ‘cidade-porto’: “A questão é melhorar as condições dos transportes hidroviários, tornando assim um local com maiores possibilidades de modernização e crescimento, visando também, elevar os padrões de habitabilidade e de qualidade de vida. Com a implantação de uma infraestrutura básica para os residentes, além de revitalizar os elementos naturais do local, Igarapé de Santa Bárbara, com a restauração do trecho da Ferrovia Madeira-Mamoré e toda a memória que a ela é inerente das atividades náuticas da cidade e respeito a cultura local”, disse Dandara.
Foram realizados estudos, pesquisas qualitativas e bibliográficas e, levantamentos para composição do projeto arquitetônico, desenvolvimento e qualificação do local, fortalecendo a sua relação com o entorno, de modo que restem justificadas as mudanças propostas. Com a valorização do turismo fluvial resulte em benefícios para a população e um novo atrativo cultural para a cidade ‘impactando’ positivamente, área de 42.888,20 m² envolvendo os bairros, Baixa da União e Triângulo, formando, pela margem direita do Rrio Madeira, um polígono: rua João Alfredo, avenida Farquar e rua Rio Madeira dessa forma valorizando o setor Oeste do Município de Porto Velho.
Antes, a Prefeitura de Município de Porto Velho em conjunto com o Governo Federal, alicerçaram recursos para o Projeto de Aceleração do Crescimento – PAC, o que acabou concebendo o projeto “Igarapés do Madeira”, com a pretensão de realocar a massa habitacional para outro terreno, e utilizar o vago, qual seja a atual localidade do bairro Triângulo, para a construção do “Parque Madeira-Mamoré”, de autoria da arquiteta e paisagista Rosa GrenaKliass e do escritório Barbieri & Gorski Arquitetos Associados.
O projeto, também conhecido como “Parque das Águas”: Com o prazo de conclusão da obra de 12 meses, dando seu início na Baixa da União e parte do bairro Triângulo, na região do Cai N’água. Incluindo a retirada de famílias carentes das áreas de risco e, a proposta busca também em parte a restauração da Ferrovia Madeira-Mamoré inserida no bairro Triângulo e todo o seu patrimônio ‘histórico cultural’ atrelado ao rio Madeira e Mamoré.
“Para esta restauração será utilizada (como referência) a mesma técnica aplicada para a construção da High Line, pista suspensa, da Ferrovia Central de Nova York, que adveio de uma movimentação dos habitantes do entorno que foram os responsáveis por toda a gestão documental do processo”.
A temática proposta para este projeto parte de três necessidades a se cumprir, segundo as arquitetas: “A primeira é a reurbanização do entorno onde atualmente está inserido o atual Terminal Hidroviário, o qual apresenta diversas irregularidades como a ocupação em Áreas de Preservação Permanente e a desvalorização da área do bairro, devido ao abandono de algumas áreas decorrente das cheias quando ultrapassou a cota natural do rio. Assim, o bairro possui grandes potenciais em sua melhoria, de modo a atender população local com atrativo turístico e cultural.
A segunda necessidade é a requalificação do Patrimônio Histórico Cultural, a reativação dos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré para utilização de fins turísticos. Além disso, há também a necessidade de revitalizar o espaço da Caldeira à vapor, visto que ela pertence ao cenário da história da cidade.
A terceira necessidade é aquela que se refere à melhoria da qualidade de serviço, arquitetônica, funcional e urbanística de um Terminal Hidroviário para passageiros e transportes de pequenas mercadorias”, conclui Ísis.
Dessa forma, o novo Terminal Hidroviário Público de Porto Velho, vem para atender estas três demandas, possibilitando assim a qualidade de vida e total integração do comércio, do turismo e de lazer em um mesmo lugar.
Viabilizando a expansão de atividades econômicas, como a pesca, agricultura e transporte de passageiros das cidades.
“O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar”
(Oscar Niemeyer)
O transporte fluvial é de uma grande importância e a maioria da população ribeirinha utiliza embarcações para trabalhar e produzir em pequenas atividades econômicas, comerciais e de serviços, como a pesca, transporte de passageiros e produtos agrícolas.
Situado à leste das margens do rio Madeira, Porto Velho possui área territorial de 64.090,926 km de acordo com o IBGE em 2016: 511.219 habitantes, aproximadamente.
O principal acesso à cidade é rodoviário através das BR 364 via Cuiabá (MT) e BR 319 via Manaus (AM), aéreo e fluvial por intermédio da hidrovia do rio Madeira.
O uso hidroviário é contínuo devido às vilas e distritos situados às margens do rio Madeira, apresentando vínculo com a capital.