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PLANTÃO DE POLÍCIA

Roubo e clonagem de veículos aumentam a insegurança em RO

Porto Velho está em 2º lugar no ranking nacional das capitais com maior taxa de ocorrências.

Por Natália Figueiredo Diário da Amazônia
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Publicado: 19/11/2017 às 07h00min

A cada minuto, um carro é roubado ou furtado no Brasil, segundo as estatísticas divulgadas no 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública Roni Carvalho/Diário da Amazônia

Os altos índices de violência no Brasil reforçam a sensação de insegurança que atinge toda a população. Em Rondônia a situação não é diferente. Levando em consideração a soma de furtos e roubos de veículos proporcionalmente à frota de cada Estado, Porto Velho (RO) está em segundo lugar no ranking nacional das capitais com maior taxa de ocorrências a cada 100 mil veículos.

As pesquisas apontam números preocupantes da criminalidade em todo o Estado, vários índices de violência cresceram, como os de homicídio e latrocínio. Dentre eles, um dos mais graves e que mais chama a atenção das autoridades hoje no Estado é o roubo e clonagem de veículos.

Com a criminalidade tão alta, as seguradoras adotam padrões mais rígidos para realizarem cotações, o que dificulta a vida do motorista para conseguir um seguro auto.

Várias pesquisas apontam a realidade do aumento de roubos e clonagem de veículos, a última e mais recente divulgada foi a do 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública que a cada um minuto um veículo é roubado no Brasil. Para os rondonienses, o medo de ter o carro roubado virou rotina e está cada vez mais presente, um crime grave que não tem hora e nem local para acontecer.

De acordo com o secretário Adjunto de Segurança de Rondônia, Luiz Roberto de Mattos, o problema está relacionado com o tráfico de drogas. “O que nos observamos, e é algo que reflete nacionalmente, o maior problema envolvendo a criminalidade no Brasil são as drogas. E o reflexo também se dá com relação ao furto e roubo de veículos”.

Ainda mais preocupante é a destinação destes carros roubados, que na maioria das vezes são utilizados para cometer ainda mais crimes como o transporte de drogas, roubos e sequestros. Segundo o secretário, o fato de Rondônia fazer fronteira com a Bolívia aumenta os índices desse tipo de crime.

“Aqui há uma situação sui generis quando nós falamos de Rondônia. Comparando com outros Estados, nós temos uma fronteira muito grande com a Bolívia, e em razão dessa fronteira a possibilidade de um veículo que é furtado ou roubado aqui ser levado para o país vizinho é maior, principalmente porque ele serve como moeda de troca por drogas. Então você tem um veículo, produto de crime que facilmente é recepcionado no outro país em troca de drogas”.

Ainda segundo o secretário, parte do problema é a legislação do país vizinho que recepciona sem grande dificuldade a circulação de veículos em que não é muito necessário a comprovação de procedência.

De acordo com as estatísticas, ano de 2016, 557 mil veículos foram roubados no Brasil, um aumento de 8% relacionado ao ano de 2015, fazendo uma soma dos dois últimos anos, foram roubados 1.066.674 veículos em todo o País. Outro dado que chama atenção é que 41% destes crimes estão acontecendo nas capitais. Em Rondônia, a pesquisa mostra que, em 2016 a taxa foi de 1.908 veículos roubados, o maior índice se concentra na capital, com 1.420 ocorrências.

Dados atualizados pela GEI mostram que houve uma redução de -18,6% de roubo de veículos em comparação a 2016

Em 2017, os dados atualizados pela Gerência de Estratégia e Inteligência (GEI) da Secretaria de Estado da Segurança Pública de Rondônia (Sesdec), mostram que houve uma redução de -18,6% em comparação a 2016. De janeiro a setembro de 2017, foram registrados 1.228 carros roubados.

Fiscalização e prevenção combate o crime de clonagem de veículos em Rondônia

Muitos rondonienses, além dos carros roubados, estão sendo vítimas de clonagem de placas, segundo a Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos de Rondônia, os dois tipos de crimes estão intimamente ligados. A placa é o item mais comum e fácil de adulterar, as quadrilhas roubam o carro, procuram na internet, ou na rua, um veículo de cor e modelo semelhante e fazem a clonagem da placa. Eles encontram assim facilidade na passagem por blitz, já que não há como identificar a clonagem.

Em 2016 foram emplacados mais de 63 mil carros em Rondônia, deste total, apenas 5 motoristas abriram processos administrativos no Detran por suspeita de clonagem. Esse número tende a ser ainda maior, já que muitas pessoas não fazem o registro do crime junto ao Detran.

De acordo com a diretora Técnica de Veículos do Detran, Raíssa Coelho Marques, a maioria desses processos são improcedentes. “Isso acontece porque, muitas vezes é uma placa suja de outros Estados ou até mesmo de Rondônia, que em uma lombada eletrônica identifica uma placa e acaba caindo em outro veículo”, disse.

Os relatos das vítimas mostram que as quadrilhas agem de forma organizada, muitas vezes por encontrar brecha e facilidade na ação. As pessoas que prestam queixa porque foram vítimas desses bandidos, explicam que temem que as placas sejam usadas para a prática de delitos e acabam tendo o nome envolvido em ações criminosas. Muitas delas só percebem que teve o veículo clonado quando começam a receber multas de infrações que nunca cometeram, infrações muitas vezes feitas em outros Estados, já que as quadrilhas clonam a placa de Rondônia para cometer crimes em Estados vizinhos, por exemplo.

Hoje, mais 90 empresas de placas de veículos estão credenciadas pelo Detran-RO para venda de placas e apenas cinco empresas são credenciadas para fabricar as placas. Raíssa explica que o processo de controle de placa começa a partir da fabricação primária. “Cada empresa recebe uma quantidade de códigos de barras que ajudam na identificação do veículo, quando essas placas são fabricadas o fabricante insere o código de barras e informa o órgão por um sistema online. Assim, o Detran sabe a quantidade de placas que estão sendo confeccionadas”.

Mas em outro Estados, essa falta de controle facilita a compra de placa fria, pois muitas dessas empresas adquirem materiais de procedência duvidosa, sem a emissão de notas fiscais e sem o devido controle de circulação pelo órgão fiscalizador.

Segundo a Sesdec, a clonagem de veiculos só é detectada em uma abordagem ou quando o veículo se envolve em algum acidente de trânsito. A forma que o Estado está empregando em parceria com o Detran para combater esse tipo de crime, é a instalação de câmeras com sistema OCR previsto para o ano que vem. “O sistema é uma câmera que consegue fazer a leitura da placa. Então com o cruzamento com banco de dados você consegue saber se aquele veículo está circulando em pontos diferentes se caso estiver com a placa clonada. O que um policial ou agente de trânsito não conseguiria detectar visualmente”, disse o secretário.

Hoje somente o município de Cacoal (RO) tem o equipamento que já funciona com duas câmeras. “Só as câmeras não resolve, então estamos trabalhando para a aquisição de um sistema big data para podermos cruzar mais informações em um grande banco de dados que facilite a recuperação mais eficiente de veículos furtados ou clonados”, completou.

Em relação à atividade policial “nos temos as ações de rotina de policiamento ostensivo feito pela Polícia Militar (PM), e também Polícia Judiciária e Polícia Civil (PC) que constantemente prende envolvidos com o tráfico de drogas e também criminosos envolvidos com furto e roubo de veículos. Essas ações têm diminuído inclusive os índices de roubo de veículos no Estado, embora Porto Velho esteja entre as capitais com o maior numero de roubos, em números absolutos, nós estamos enfrentando uma redução deste crime no Estado em comparação com o período do ano passado”, concluiu o secretário.



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