Porto Velho/RO, 19 Abril 2024 23:27:40

Sobre a fé que me fez desistir de você

Foi um dia cansativo, não muito produtivo e cheio de angustia.

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Publicado: 07/06/2015 às 02h27min

Tentava pensar em outras coisas e perder o meu foco que estava em você. Passei meses ao seu lado, acordando, dormindo, beijando, discutindo, despindo e vivendo. Era mais uma sexta-feira, e eu já estava certo do que viria pela frente. Uma noite a mais sozinho, uma madrugada a mais com o netflix, e um dia a menos por cumprir meus sonhos. Como soa bonita a expressão “estou namorando”. Para mim, tinha a mesma entonação de “eu sou feliz, me dê licença”. Naquela noite, enquanto nos falávamos por mensagem, martelava sobre a minha a mente todas as boas recordações que tinha sobre a gente. O primeiro encontro, o primeiro beijo de amor, o primeiro “eu te amo”, e nosso primeiro jantar romântico. Claro, também me lembrava do que era engraçado, do que era divertido e do que me tirava o ar. Mas não me lembrava muito bem sobre o que fizemos de errado juntos.

A conversa fluía, os ânimos, as sensações e dai comecei a me lembrar da parte não tao boa. Da parte em que você não respondeu ao meu recado carinhoso por voz, mesmo sabendo que odeio minha voz. O dia em que deixei um recado num pedaço de papel junto ao seu relógio, antes de sair, dizendo pela milésima vez o quanto estava feliz com você. E que a sua empregada leu, e você nem ao menos viu. Tentei mais uma vez, e você leu e disse: que gracinha. E isso era tudo o que eu queria ouvir! – Só que não. Fiz questão, deixei mais um bilhetinho com sua escova de dentes, dando apenas bom dia. Até hoje ainda aguardo um boa noite.

Aos poucos, fui lembrando de como você era lindo. Lindo, e mais uma vez estava lá deitado, e eu te olhando apaixonado, enquanto você dormia e eu já saía para o trabalho. E me esquecia do sono que atormentava, pois mais uma vez havia dormido apenas 3 horas para poder ficar com você. Fui lembrando em como eu era um cara de fé, que acreditava em Deus, e que enxergava cada novo amanhecer como um novo sorriso. E que pra você, isso e aquilo tudo, não fazia sentindo algum.

Detalhes. Apenas detalhes. Tão nossos. E que me fizeram desistir de você.

Você já não cuidava, não se preocupava, não amava e não dizia sobre como meus olhos eram mais lindos quando te olhavam.

Você ainda era lindo, era amarelo, era meu amor. Mas já não fazia mais sentindo em minha vida. E, acima de tudo, isso era o mais difícil para se admitir. Tanto, que eu não consegui.

Passou um tempo, fiquei pra trás. Mas decidi ir atrás.

A saudade nunca, nunca, tinha me pego com tanta força como naquele final de semana. Oras você aparecia num olhar de uma face no aeroporto, noutro em um “bom dia” de um colega de trabalho. Você esteve presente em todos os dias. Seja ali, acola, ou aqui dentro de mim.

Fui contra todos, contra mim, contra minha mente e contra o que acreditava. Fui a você.

E você também foi. Foi contra mim, e mais uma vez não fez nenhum esforço.

Você apenas continuava igual, continuava sem fazer, sem cuidar, e sem fé. E sabe, parece que ali a minha ficha começou a cair. E meu amor também.

E o mais engraçado para mim foi que, mesmo após 2 anos, eu não sabia quem tinha ao meu lado. Apenas sabia que não era quem as pessoas diziam, viam ou queriam. Mas eu também não sabia quem era você – se era o confuso, ou o prático –

Naquele dia em que desisti de nós, estava calor, era noite, eu estava me sentindo bonito, a minha vida estava bem. A terra não parou de girar, aquela minha constante dor de cabeça não apareceu, e eu dormi bem.

Acho que foi fé. Um ato de fé. Amar tem sido um ato de fé.

Ah, esqueci. Você não fala sobre fé.

 



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