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ESPORTE

Superação: A trajetória do ultramaratonista Manuel Barbosa

“O esporte entrou e não saiu mais da minha vida, por meio dele recuperei a minha autoestima e consegui superar os meus..

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Publicado: 11/08/2018 às 09h02min | Atualizado 11/08/2018 às 09h20min

Foto: Roni Carvalho

“O esporte entrou e não saiu mais da minha vida, por meio dele recuperei a minha autoestima e consegui superar os meus limites”

Marcado pela determinação e força de vontade, Manuel Barbosa, que reside em Porto Velho, foi o único atleta de toda a região norte a ser selecionado para participar da Ultramaratona 1000 km Brasil que acontecerá de 21 a 30 de setembro no Rio de Janeiro.

Nascido no interior de São Paulo, no município de Pirajuí, em uma família simples, Manuel, viu desde muito cedo as dificuldades da localidade onde vivia, a falta de oportunidades e a desigualdade social fez muitos amigos entrarem para o mundo das drogas.

Volta por cima

Aos 11 anos de idade, Manuel, teve o seu destino à prova, foi quando o seu pai ficou doente e ele precisou assumir as responsabilidades da casa. Assim decidiu que pararia de estudar, mas com a ajuda e motivação dos professores ele continuou a frequentar a escola, já o esporte teve um papel fundamental neste período, pois foi ali onde ele começou a participar das primeiras competições.

“Eu tenho que agradecer muito as oportunidades que apareceram na minha vida, se hoje estou aqui realizando maratonas é porque Deus permitiu que muitas pessoas me ajudassem durante toda a minha trajetória. O esporte entrou e não saiu mais da minha vida, por meio dele recuperei a minha autoestima e consegui superar os meus limites”, disse o atleta.

Chegada em Rondônia

Chegando no estado de Rondônia, ele contou com a ajuda das pessoas, que lhe deram as primeiras oportunidades de emprego, hoje além de atleta, Manuel assume o cargo de chefe de cozinha em um badalado restaurante da capital, e a história aconteceu de forma inusitada, pois, a sua velocidade como corredor lhe proporcionou a oportunidade de emprego.

“A cozinha entrou na minha vida de uma forma inesperada. Eu passava todos os dias correndo em frente a um restaurante, onde os donos me olhavam, um certo dia eles me pararam e perguntaram se eu aceitava um emprego de entregador de marmita, eu aceitei na hora, e depois de dois anos já estava na cozinha do restaurante”, disse o atleta.

Foto: Roni Carvalho

Inspiração

Além de correr mais de 100 quilômetros por dia em seus treinos, ele ainda encontra tempo para se dedicar a cozinha, onde já cozinhou para políticos e artistas nacionais e locais, unindo as habilidades do seu multifacetado talento.

Manuel corre desde os 11 anos de idade, e defende que o esporte aliado a uma boa educação são as bases para uma mudança na vida das pessoas, proporcionado oportunidades igualitárias entre as diversas camadas sociais.

“Já vi muitos atletas que assim como eu, conseguiram superar a sua situação social pelo meio do esporte, pois, além do dinheiro, o esporte proporciona autoestima, algo que muitos jovens hoje em dia não têm, e tudo que falta é incentivo, principalmente por parte dos nossos governantes”, disse o atleta.

Falta de investimentos

Longe dos grandes investimentos governamentais que apenas validam e impulsionam o futebol, as outras modalidades esportivas como o vôlei, judô, atletismo, basquete que também já proporcionaram muitas alegrias ao povo brasileiro, não possuem tanta evidência, e com a falta de visibilidade muitos esportistas não conseguem viver apenas do esporte, sem casa, aposentadoria, benefícios ou simplesmente, reconhecimento eles desistem das carreiras, ou passam por inúmeras necessidades para poder realizar as competições.

Sobre ser um atleta no estado de Rondônia ele explica:”Rondônia é um estado maravilhoso, com potencialidade turística muito forte, os governantes deveriam usar toda esta qualidade do estado, principalmente no esporte. Acredito que muitos investidores esportivos não enxergam o Estado com bons olhos, principalmente a capital, realmente não tem investimentos, os lugares não são adaptados para a prática esportiva, mas eu me sinto muito feliz em poder representar o Estado, o que falta mesmo é investimento”, pontuou Manuel.

Títulos e competições

Correndo há 46 anos, Manuel já competiu em diversas maratonas nacionais e internacionais, como a Corrida do Atlântico onde conquistou a 4ª posição. A a última maratona que ele participou foi a Ultramarathon de 300 quilômetros em Minas Gerais, que durou 63 horas, quase três dias de prova, onde conquistou a 9ª posição.

Rotina de treinos

Foto: Roni Carvalho

Agora Manuel intensifica a sua rotina de treinos para participar da maior Ultramaratona da América do Sul, que acontecerá no município de Paulo de Frontin no Rio de Janeiro, durante o percurso é tido como regra o maratonista completar por dia 100 quilômetros.

Preparado para os dez dias de prova, Manuel tem uma rotina exaustiva de treinos, onde durante a semana percorre de 50 quilômetros até 40 quilômetros, já nos finais de semana a distância aumenta, percorrendo de 100 a 120 quilômetros.

Sobre o seu preparo físico ele explica: “Estou preparado. Como já treino há muito tempo, tenho uma noção de como é participar de uma Ultramaratona, corro todos os dias da semana cruzando os bairros da cidade. Durante a semana chego a percorrer 50 quilômetros, saio do bairro Ipanema até o Ulisses e outros bairros chegando a dar de 8 a 16 horas, já nos finais de semana saio da Zona Leste e vou até o outro lado da ponte do rio Madeira, aumentando o tempo para umas 18 horas de treino”.

Manuel espera trazer para o Estado o título da maior Ultramaratona da América do Sul, representando toda a região norte e principalmente Rondônia, o estado que o acolheu.

EXPEDIENTE

Reportagem

Jaylson Vasconcelos

Imagens

Roni Carvalho

Edição/Texto

Natália Figueiredo

Jaylson Vasconcelos



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