Porto Velho/RO, 25 Março 2024 15:50:43
Diário da Amazônia

Talentos e exemplos de vida a todos nós

“Mais de 140 entrevistas sobre culinária, escritores, autores, artistas cênicos e visuais ”.

Por João Zoghbi Diário da Amazônia
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Publicado: 24/12/2017 às 06h40min

Sempre buscamos espaços na mídia para servir as melhores expressões artísticas de Rondônia, apesar dos espaços serem tão poucos e reduzidos, importante é o comprometimento e colocar à disposição de quem tem muito talento, que é persistente e produz com qualidade, muitas vezes em silêncio nos bastidores e nos ateliês desse universo cultural.

Não tivemos muito tempo para buscar todas as ‘feras’ nos mais longínquos recantos, em ateliês espalhados por toda parte, você deve estar se perguntando: Por que eu ainda não fui entrevistado?

Talvez você não tenha nos procurado ou eu ainda não conheço seu trabalho ,mas gostaria e, aposto que em 2018 a gente vai se encontrar aqui, como foram esses que relembro em nossa retrospectiva:

João Bosco Cardos “ARTE AMAZÔNICA”.

João Bosco Cardoso, autodidata, filho de Porto Velho, nasceu com o dom natural da arte de esculpir, desde criança observava os animais da floresta e se encantava tentando reproduzir em barro. É o segundo filho dos cinco de João Cardoso que trabalhou nos seringais de Rondônia, demarcando, fazendo anotações, levando os ranchos nas colocações em lombo de burros, meados de 1956. É casado com Nala Micrely tendo a filha Rebecca Beatriz e, o filho Bruno Cardoso. João é irmão de Nelson, Rosinéia e Rosimeyri Cardoso.

Começou fazendo vasos de cimento para plantas, em seguida algumas esculturas de jardim moldadas em formas de fibra de vidro depois desenvolveu a técnica em cimento recebendo ajuda de toda a família principalmente de seu pai. Desenvolveu sua técnica de fazer escultura em ferragem e cimento para jardim, daí buscando inspiração na natureza, com o resultado atendendo encomendas em residências e condomínios: “na venda de uma escultura, na entrega quando vou instalar a peça no jardim, pergunto ao cliente se posso dar uma sugestão para melhorar o ambiente, daí faço um pequeno projeto de paisagismo que é um diferencial do meu espaço artístico ‘Artes Amazônica’’, relata, João.

Auxiliadora Nunes Ribeiro “O SONHO AMAZONENSE TAMBÉM É NOSSO”.

Maria Auxiliadora Nunes Ribeiro, filha do distrito de Abunã, hoje, município de Rondônia, traz o dom pela culinária e como curiosidade desenvolveu a arte de fazer comida com sua mãe Nilce Nunes, por intuição tinha o hábito de modificar melhorando as receitas da mãe. Filha de maquinista que fazia o trajeto de G. Mirim a Porto Velho. “Quando viajava de trem, com minha mãe de Abunã a Porto Velho, em meados de 1965, de Porto Velho a Guajará Mirim, passava em Jaci e Mutum Paraná. O trem parava e, era comum a gente ver na ponte, vários vendedores de canjica, pamonha, café com ‘bodó’ (bolinho de chuva), lembra saudosa, Dora.

Hoje, é Educadora no Centro Educacional Mojuca, casada com Raimundo Pereira Ribeiro ‘Timides’, mãe de: Marina, Mariana e Tiago, vovó de quatro netos: João Pedro, Augusto Luiz, José e Heloísa. Segundo Maria Auxiliadora, o bombom regional era mais conhecido como ‘Sonho amazonense’ na década de 70 e hoje, bombom de cupuaçu. Quando minha tia Iolanda Torres Mustafá, esposa de Júlio Mustafá, conhecidos empresários da época, ajudava a amiga, Maria Mendonça, que tinha uma cozinha em sua residência, onde recebia encomendas diárias, para festas e variadas celebrações das famílias de Porto Velho, foi onde aprendeu a fazer os bombons. “Eu aperfeiçoei a receita, essa cultura tão preciosa e tão caseira que veio de pai para filho, ou melhor, de mãe para filha e de tia para sobrinha. Antes, o chocolate demorava muito a secar e para colocar recheio do doce de cupuaçu e cobrir a castanha, era mais difícil, daí resolvi modificar o jeito de fazer, até porque o chocolate mais apurado ficava mais firme e homogêneo, eliminando também o açúcar cristal, onde eram passados os bombons depois de recheados… “Era doce demais”, enfatizou, Dora. A comercialização do bombom de cupuaçu e castanha, foi sua principal renda familiar, durante 9 anos, quando fornecia com exclusividade para a casa do Artesão, que funcionava na E.F.M.M.

As Comadres no “ARRASTA PÉ NA TERRINHA”.

Uma das maiores festas juninas particulares de Porto Velho é o “Arrasta Pé”, nasceu da vontade de ser feliz e espalhar felicidade para todo mundo: da família, dos amigos e simpatizantes da professora Maria Auxiliadora Nunes Ribeiro. Tudo começou, em julho de 1999, para fomentar uma cultura quase esquecida de muito tempo atrás, em que sua mãe e os vizinhos dela, nessa época, era de costume festejar os dias dos Santos padroeiros nas ‘festas juninas’, desde Santo Antônio dia 13, passando por São João, dia 24, São Pedro, 29 e no dia 30, São Marçal, na queima de cestarias e palhas. Até hoje, é tradição, principalmente nas escolas, onde essas festas fazem parte do calendário escolar; referentes as datas comemorativas e folclóricas: “Sempre tive esse sonho, então, organizei e motivei a família e amigos a participarem. A primeira vez, aconteceu no sítio do meu cunhado, Marcondes, próximo ao rio das Garças, com o nome “Arrasta Pé Na Roça”.

Desde então, passou a ser realizada todos os anos na segunda quinzena do mês de julho, e já são 15 anos, como “Arrasta pé na Terrinha”, mas, sempre com esse aspecto de arraial de fundo de quintal. Envolvo a família, amigos próximos e voluntários que gostam de brincar. Festa boa, tem que ter bandeirinhas, comidas típicas, brincadeiras e adivinhações, tudo como manda o figurino. Com barracas de palha, doces, comidas e bebidas típicas, pula pula para as crianças, fogueira queimando a noite inteira e as quadrilhas dançando em volta levantando o poeirão”, relembra saudosa, Auxiliadora.

Maria Dóris “UM SONHO DE NATAL”

“Todo ano tem um tema diferente, e esse ano é em homenagem ao “Espírito Santo”, há mais de trinta anos eu faço a decoração de casa e o que mais me motiva, é por ser uma festa de família e ser a chegada do Menino Deus.” Foi dessa forma simples e sincera que a professora Maria Dóris Lima Sobreira mais conhecida como Dóris, filha de Seu Noé e irmã de Carlinhos Noé, o nosso Papai “Noé” Noel em destaque aqui página no ano passado e (no ‘Evidência’ no canto direito abaixo da página), que nos recebeu em sua casa de “Sonhos de Natal,” realizado. “Tem a Ceia do Senhor e a árvore de Natal com peras em cima da geladeira decorada por mim e recebo ajuda de meu esposo Francisco Sobreira e dos meus filhos Ulisses e Francisca e, até o “puxa saco” aqui, tem que ser de Noel,” sorrindo a professora nos mostra a cozinha e o objeto de tecido fixado na parede.

Nesse tur pela casa, a cada momento se dá de encontro com um novo detalhe, é explendoroso, só vendo como ficou harmonioso o ambiente e o clima é de Natal sem dúvida. No canto da sala havia um Papai Noel e ela foi até ele, habilidoso… canta e dança, muito interessante e ela aproveitou para dizer que é muito feliz com tudo isso, é como falar com as plantinhas, “não tem gente que é feliz falando com as plantinhas, não sei o que é depressão tenho com que me ocupar, eu sou feliz assim com meu Papai Noel e a Sagrada Família, Graças a Deus”, mencionou apontando para diversos presépios em cima de uma bancada, cada um mais bonito do que o outro incluíndo o primeiro que ganhou de sua irmã Sonha do Socorro, já falecida, que o comprou na loja T.T. Dias “Casa Saudade”, há trinta e três anos. “Feliz Natal!”, diz Dóris.



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