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Um pastel e um amor, por favor?

Lembra? Você caiu na roubada e deu uma bela abocanhada no pastel, estava quente e quase te queimou.

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Publicado: 22/06/2015 às 11h36min

Tudo bem, todo mundo que termina um relacionamento sempre sofre. Isso é comum e até aquele cara mais bobão sabe.

Mas além de comum, isso tende a ser como comer aquele pastel na feira. Você sabe que vai te engordar, vai sujar sua mão, vai te deixar com cheiro de gordura e ainda assim morde com todo prazer aquele pedaço que tem o queijo puxa-puxa. O amor é assim, mas o que você pode não saber é que desde o primeiro pedaço você já sabe o que vem depois.

Lembra? Você caiu na roubada e deu uma bela abocanhada no pastel, estava quente e quase te queimou. Em outros momentos ele está frio, o queijo sem graça e murcho – e você também gosta. Assim pode ser, ou não! Basta escolher o pastel que você quer.

Bom, você foi lá e escolheu – bingo! Uma dolorosa baforada quente na boca. Já sabe né? Assopra e morde mais, pois o recheio deve ser mais gostoso e vai te satisfazer. Se está frio, insosso…. Vai te dar dor de estomago. Pode não ser hoje, mas que a longo prazo vai doer, ah meu irmão, vai sim. E não tem analgésico que resolva.

Quando a gente assume o risco de um amor fervente, sabemos que em algum momento isso pode extrapolar e sair das nossas rédeas. Aquele amor que dá frio na barriga, que dá a própria dor de barriga, que te faz ficar acordado até tarde trocando mensagens pelo WhatsApp e que te faz gostar até da fila do banco. Por outro lado, você também pode optar por aquele amor tranquilo, que te dá só a dor na barriga, te faz correr para não atrasar para o encontro de terça-feira – até porque na quarta você precisa acordar cedo para trabalhar -, e que te deixa viver uma vida livre de picos de paixão. Estás nas suas mãos essa decisão, e você sabe!

Mas é nessa escolha que está a grande verdade. Quem gosta de pastel frio, ou pastel quente demais? Eu não gosto. Gosto do pastel ao meu ponto, e seu eu puder fritar, melhor ainda. Mas nem sempre é possível, e é aí que as coisas começam a enroscar.

Nós, incansavelmente, buscamos o amor. Na esquina, no bar, na balada, no trabalho e até no hospital – ranhento -, esperando uma consulta. Atire a primeira pedra quem nunca viajou num pensamento sacana enquanto o dentista se apoiava para examinar aquele seu dente do fundo! Todos nós! Inconsciente ou não, o assunto relacionamento queima parte dos nossos neurônios diariamente. E aí está o nosso erro.

Sabe aquela frase “quem procura acha”? Acha mesmo, na maioria das vezes acha uma bela dor de cabeça. Mas fazer o quê? Somos humanos, curiosos e vivemos pelo mal do século que é a ansiedade.

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Dessa vez, tentei fazer diferente. Uma outra vez ouvi uma amiga e fui durão e fingi que não queria mais namorar. Fui tão durão que amoleci e chorei. Na outra, ouvi minha terapeuta e corri, amei, me entreguei – ninguém me esperou, amou ou aceitou. Meu coração tentou falar algumas vezes. Me fingi de surdo, pois meu cérebro gritava e nem eu conseguia entender o que era real. Daí, repito, decidi fazer diferente.

Não pisquei praquele olhar sedutor da balada, não cobicei aquele corpo malhado da academia, e nem me ‘agitei’ com aquele perfume que me deixou maluco no elevador. Apenas parei, pensei e disse Oi. Apenas Oi.

Oi para mim, e para o que desejo. Oi para as minhas angustias e meus planos lá da empresa. Acenei pelo futuro do que ainda posso controlar, e dei adeus ao que já passou.

Se doeu? Muito! Como aquele vapor que sai do pastel quando você morde, que faz lacrimejar até olhos (encare como o verbo chorar). Nada de “o que não me mata, me fortalece” porque isso é só naquela música que me fez pular final de semana passado na balada.

Apenas aceitei. Simples como aceito a cor dos meus olhos, e a minha pança conquistada através da breja nossa de cada sábado.

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Alguns veem isso como empurrar com a barriga, como fugir da realidade, e até mesmo como não encarar a verdade. Eu vejo diferente, não tão claramente como gostaria, pois, as vezes meu coração ainda insiste em fazer com que minhas lagrimas conheçam o castanho dos meus olhos. Somente encaro o que tenho na minha frente, os reais fatos e o meu sincero sentimento. Pois eu fui corajoso, mordi aquele pastel com toda a minha vontade, saboreei e hoje trato da minha dor de estômago. Assumi o risco!

Mas hoje, após tempos comendo aquele pastel gorduroso da feira, com aquela casquinha crocante por fora e que dava vontade de comer todos os dias; sei que aquele pastel engorda. Que me dá mais barriga que a cerveja, e que a azia não passa como a ressaca. Às vezes, confesso, a dor de estômago nem passa e me faz querer ficar em casa, debaixo das cobertas.

Daí decidi. Não vou comer qualquer pastel e nem vou mais a feira. Mudei minha alimentação, e vou a bons restaurantes. Lá eu sei que terei o que preciso: uma boa refeição, dedicação na preparação dos pratos que serão feitos somente para mim e com ingredientes selecionados.

Afinal, pra que comer pastel da feira se podemos comer o caviar do restaurante?

Você venceu, eu admito! Ainda gosto de pastel. Que não seja o caviar então, pode ser até o bom e velho pastel. Mas que ele além de ser gostoso por fora, tenha um recheio. Bastante queijo, frango, carne. Que realmente tenha sabor e principalmente, não me faça mal depois de um tempo.

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