O avanço da epidemia causada pelo covid-19 gera turbulência no mercado de ações desde fevereiro, no entanto, ainda há esperanças de bons investimentos apesar do cenário caótico
Imprevisibilidade é a palavra do mercado de ações mundo afora neste começo de 2020. A razão para o clima de instabilidade é o novo coronavírus, ou covid-19.
O vírus foi detectado em Wuhan, na China e está se espalhando por todo o globo, chegando a países da Europa. O Brasil teve seu primeiro caso confirmado no final de fevereiro.
Com isso, o mercado reagiu e as bolsas operaram em queda no período. No Brasil, o Ibovespa, principal índice brasileiro, chegou a 7%, maior queda desde o Joesley Day, em 2017. No mesmo período, houve o feriado prolongado do carnaval que, tradicionalmente, representa uma queda. Os pregões nacionais não funcionam neste período.
Segundo especialistas, o cenário é delicado e difícil de fazer previsões. O comportamento de aversão ao risco é comum em situações como essa. Os grandes investidores tendem a se proteger de eventuais prejuízos, apostando em ativos mais seguros como o dólar, que tende a estabilizar no limite de R$ 4,50 e o euro, que bateu recorde ao atingir R$ 5 em meio à instabilidade gerada pelo covid-19 no mercado financeiro.
Para quem não está familiarizado com o mercado de ações pode parecer estranho que uma questão de saúde pública, como a epidemia do covid-19, interfira nos resultados do mercado de ações. Mas não é.
No mundo cada vez mais globalizado, as relações comerciais entre diferentes nações estão mais e mais estreitas. Portanto, é natural que um evento importante – uma doença que se espalha rapidamente e pode causar mortes – atingindo a segunda maior economia mundial impacte nos outros países.
O principal setor afetado é o de commodities. Ou seja, matérias primas com baixo índice de industrialização como petróleo e ferro, por exemplo, que têm na China boa parte de sua demanda.
Fora isso, o país asiático apontava como uma promessa para os próximos anos. Algumas previsões davam conta de que, ainda em 2020, a China poderia desbancar os EUA e assumir o posto de maior economia mundial.
No entanto, com a epidemia, essa expectativa de crescimento foi colocada em xeque.
A província onde o vírus surgiu está isolada e a recomendação para as demais localidades é para que as pessoas evitem sair às ruas para evitar o contágio.
Se as pessoas não saem, elas não consomem. Não consumindo, o dinheiro não circula. Isso impacta no Produto Interno Bruto (PIB) do país. E desencadeia um efeito cascata no resto do mundo.
Com esse cenário, o pânico se instala gerando o que os analistas de mercado de ações chamam de “efeito manada”: os investidores começam a querer vender suas ações. Quando tem mais gente vendendo do que comprando, o preço despenca.
Especialistas ponderam que, por mais que o momento seja delicado, a situação não é tão grave por se tratar de um evento externo ao mercado brasileiro, que não afeta os fundamentos do país de forma irreversível. Cautela é a melhor medida a ser tomada.
O panorama não é favorável para as empresas globais de commodities e também para as ligadas ao setor de turismo, como as companhias aéreas e agências de viagens.
No entanto, há uma luz no fim do túnel para os investidores.
Empresas como energia elétrica e saneamento podem ser boas oportunidades. Há três razões para isso:
Outro setor promissor nesse momento de crise é o de biotecnologia. Muitas empresas estão dedicadas à produção de uma vacina ou medicamentos contra as infecções causadas pelo covid-19. Algumas delas, listadas pelo índice Nasdaq, já anunciaram publicamente o investimento em tratamento para conter o avanço da doença. Logo, estão em alta no mercado.