Porto Velho/RO, 28 Março 2024 04:14:06

O gradativo fim de um esbulho

Gerou arrepios de horror a aprovação por unanimidade, na noite de terça-feira, pela Câmara dos Deputados, de projeto de lei..

A- A+

Publicado: 21/08/2015 às 06h15min

Gerou arrepios de horror a aprovação por unanimidade, na noite de terça-feira, pela Câmara dos Deputados, de projeto de lei estabelecendo para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço a correção igual à das Cadernetas de Poupança. Juros que hoje são de 3% passarão, em 2019, a 6%.

Horror porque a medida deveria valer para hoje, ou melhor, para ontem. O trabalhador vem sendo garfado desde 1965, quando o FGTS foi criado como forma de extinguir a estabilidade no emprego. Foram coisas do primeiro general-presidente, Castello Branco, ou melhor, de Roberto Campos, representante do governo dos Estados Unidos no Brasil.

Mais horror ainda porque a espoliação de quem vive de salário durou cinquenta anos, sem que sequer as administrações do PT tivessem movido uma palha para corrigir o esbulho. Foi preciso o polêmico Eduardo Cunha colocar em pauta o projeto imobilizado nas gavetas do Legislativo.

Mesmo assim, para evitar que a petista Dilma Rousseff venha vetar essa iniciativa mais do que justa, os deputados tiveram de humilhar-se, aprovando o projeto em pílulas, ou seja, correção integral com a poupança, só em 2019. Até lá, firulas contábeis para continuar surripiando do trabalhador aquilo a que teria direito desde a criação do FGTS. Vale lembrar que esse monstruoso volume de dinheiro descontado da maioria da população, sem sua anuência, vem sendo utilizado desde a ascensão da “gloriosa” para finalidades variadas muito além da construção de casas populares. De uns tempos para cá, até para a corrupção, como quando Fernando Henrique desviou boa parte para chegar ao limite da irresponsabilidade, financiando a venda de patrimônio público pelas famigeradas privatizações.

De qualquer forma, melhor assim, ainda que o patrimônio popular, corrigido nos míseros 3%, ainda vá levar quatro anos para igualar-se aos rendimentos da poupança. Já é de bom tamanho ter a Câmara sinalizado o fim de um dos maiores crimes perpetrados contra a economia nacional. E com o governo dos trabalhadores precisando engolir a maldade que não conseguiu manter, de deixar tudo como estava.

Só para concluir: os recursos do FGTS foram durante meio século reajustados por uma merreca, mas os bancos e os especuladores recebem 14.25%…



Deixe o seu comentário