Porto Velho/RO, 24 Março 2024 09:54:20

Carlos Sperança

coluna

Publicado: 27/03/2020 às 08h33min

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A Amazônia é tão grande que nela tudo é urgente e exige pressa

Fama de preguiçosos O folclore político rondoniense registra que uma das maiores dificuldades dos candidatos ao governo do estado de..

Fama de preguiçosos

O folclore político rondoniense registra que uma das maiores dificuldades dos candidatos ao governo do estado de Rondônia oriundos de Porto Velho nas décadas passadas em campanha pelo interior rondoniense onde ficam concentrados quase dois terços do eleitorado  era a fama espalhada pelos adversários da roça, de que eram preguiçosos e que não gostavam de trabalhar. Ocorre que os políticos do interior, cito os casos dos ex-prefeitos Melki Donadon (Vilhena), Cassol e Raupp (Rolim de Moura), Acir (Ji-Paraná), Sales (Ariquemes), Carlos Magno (Ouro Preto), acordavam com as galinhas, e antes do raiar do sol já estavam tomando chimarrão ou correndo as feiras para que a população soubesse que eles estavam em atividade.

No entanto, a maioria dos postulantes ao governo de Rondônia em campanha, oriundos da capital, naquela época, hospedados pelos hotéis interioranos acordavam tarde para a lida  e despertar oito horas da manhã na roça era considerado vagabundagem. Os adversários aproveitavam para cutucar que os representantes da capital eram preguiçosos. Com uma população bairrista, formada por migrantes paranaenses, capixabas, gaúchos, mineiros o eleitorado rural rejeitava os candidatos de fora, considerados “paraquedistas”.

Se os políticos da capital tivessem aprendido a lição com o governador Teixeirão, que acordava de madrugada  durante seus governos itinerantes para tocar e inspecionar estradas, certamente seus discípulos de Porto Velho não teriam sofrido tanto nas garras das lideranças interioranas – que até hoje falam que os políticos de Porto Velho são preguiçosos durante as campanhas eleitorais. 

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Tempos difíceis

Tempos difíceis também para as teúdas e manteúdas dos políticos. Com os organismos de fiscalização mais atentos, muitos servidores fantasmas foram demitidos neste início de ano em repartições públicas, entre tantos, estavam elas, as ficantes de políticos. Mas como existe o tal de nepotismo cruzado, e neste caso com um verdadeiro cipoal de rabos amarrados, ainda temos muitos casos conhecidos espalhados nesta aldeia rondoniense. 

Um cemitério

Desde quando foi inaugurada em 1984 pelo presidente Figueiredo, a BR 364 tem sido um  verdadeiro cemitério para os rondonienses. Também tem sido uma bacia das almas para os políticos. Ainda em  meados dos anos 80, o deputado estadual Jô Sato (PDS-Colorado do Oeste) eleito deputado constituinte em 1982 foi uma das primeiras vítimas da estrada. Já, na década passada, a tragédia envolvendo o deputado federal Eduardo Valverde (PT) foi uma das mais lamentadas pela população.

Tudo urgente

A Amazônia é tão grande que nela tudo é urgente e exige pressa. Infelizmente, por vezes se perde tempo demais travando lutas que não levam a lugar algum. Se a história tem a qualidade de iluminar os fatos atuais com as luzes do passado para que os erros não voltem a se repetir, seria conveniente verificar no que resultaram as guerras travadas na história amazônica.

Pestes e pragas

Depois de pestes e pragas não é incomum que os desesperados procurem saídas, inclusive acusar terceiros e atacá-los. Nesta hora tormentosa de Covid-19, a história aponta o caso da varíola que devastou a mão de obra da região no século 18.Saindo para capturar índios e pô-los em serviço nas colônias, os portugueses entraram em atrito com a tribo dos Manáos, liderados por Ajuricaba. Mataram o filho do cacique e sofreram sérias represálias, causando o caos na economia regional em quatro anos de conflito.

Virou herói 

Ajuricaba foi preso e todo imobilizado por correntes se atirou na água para nunca mais ser encontrado.Virou o herói popular e o mito que atravessou os séculos, enquanto de seus captores não resta nem poeira de memória. Essa tragédia, portanto, começou com uma doença mal resolvida. A lição que fica é enfrentar a doença e não os doentes. Lutar contra os problemas e não contra quem procura soluções, como os cientistas, as ongs provadas em ações construtivas e nações amigas que também estão em luta contra o mal.

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Via Direta

*** No interior do estado de Rondônia já temos algumas cidades parecendo cidades fantasmas com o advento do coronavirus. Já não tinham muito movimento e agora a coisa acabou de vez *** Com a Energisa fechando suas agências por quase duas semanas, teremos um festival e “gatos” em Porto Velho. A cultura por aqui desde os idos do território é voltado as ligações clandestinas, até celebridades locais praticam o malfeito *** Com a Gaeco no pé, Tesari dos Expeditos queimou a indicação de vice do prefeito Hildon Chaves. A coisa está mais para Garçon  da Universal agora *** Mesmo porque todos os bispos da igreja fecharam com a indicação do ex-deputado *** Sumidos e já sem o controle dos recursos do fundo partidário do MDB, o ex-senador Valdir Raupp e a ex-deputada federal Marinha sofrem dificuldades para refazer suas carreiras políticas *** Ainda mais Raupp, com a Lava Jato no seu pé.  


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sobre Carlos Sperança

Um dos maiores colunistas político do Estado de Rondônia. Foi presidente do Sinjor. Foi assessor de comunicação do governador José Bianco entre outros. Mantém uma coluna diária no jornal Diário da Amazônia.

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