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Editorial

coluna

Publicado: 12/03/2019 às 10h51min

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A dor não é só delas nos atos de violência

O índice de violência contra a mulher em Porto Velho, divulgado pela Justiça, vai além do assombro e do medo. Que fenômeno é esse que..

O índice de violência contra a mulher em Porto Velho, divulgado pela Justiça, vai além do assombro e do medo. Que fenômeno é esse que coloca a mulher como objeto de violência e humilhação num país aberto e democrático. Faz necessária investigação cientifica mais profunda sobre a cultura bruta e machista que prevalece na capital rondoniense.

Uma das razões aparentes vem da cultural garimpeira que impregnou a cidade desde a época dourada. A herança social deixada foi o sentimento de posse do homem sobre a mulher, a sensação de liberdade ou libertinagem sexual de ambos, os traumas do abandono e da desestruturação familiar, e muito mais. As mulheres abandonadas por seus pares e os filhos bastardos dos garimpeiros relutam sozinhos para recompor uma característica familiar que sonham, mas não vivem na realidade, e jamais terão sem uma interferência positiva para os auxiliar.

Para diminuir a violência contra mulher em Porto Velho é necessário muito mais do que patrulhas, delegacias e juizados. Tudo isso é importante, mas não o suficiente sozinho. Não se pode descarregar sobre a segurança pública e o judiciário um problema que é de todos. É evidente que existe um problema social que merece estudo amplo e profundo para identificar as causas e efeitos, e traçar políticas públicas que possam minimizar ou erradicar tão vergonhosa estatística.

Alguns resultados já existem através de diversos estudos de gêneros realizados pela Universidade Federal de Rondônia, mas nunca ganharam a consideração necessária por parte daqueles que executam as políticas públicas. São dados diversos de dissertações e teses que apontam o perfil das vitimas e dos agressores, dados fenomenológicos que podem ser úteis para implantar ações imediatas e à longo prazo na defesa da mulher e seus filhos. Outras pesquisas existentes também podem contribuir com informações que favoreçam à construção de um destino melhor contra a cultura da violência à mulher.

As ocorrências como maus tratos, agressões, mutilações, mortes, abusos e assédios e em quantidades tão grandes não podem passar despercebidas e carecem de imediatas soluções. A medida que os disques denuncias são divulgados e conhecidos, e a população encorajada à denunciar, as estatísticas tornam cada vez mais assombrosas.

Isso demonstra que o problema é grave e que muitas mulheres ainda estão fora das estatísticas, mas dentro da realidade da cultura da violência doméstica e sexista.


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