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Diário da Amazônia

Analfabetos são os mais escravizados

Dos 1.550 trabalhadores resgatados de condições análogas a de escravo em 2014, 39,3% não tinham concluído o 5º ano do Ensino..

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Publicado: 29/01/2015 às 04h00min | Atualizado 29/04/2015 às 07h10min

Maior parcela de trabalhadores tinha como Estado de origem o Maranhão (23,6%)

Maior parcela de trabalhadores tinha como Estado de origem o Maranhão (23,6%)

Dos 1.550 trabalhadores resgatados de condições análogas a de escravo em 2014, 39,3% não tinham concluído o 5º ano do Ensino Fundamental, 32,8% eram analfabetos e 14,6% tinham do 6º ao 9º ano escolar incompletos. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que a maior parcela desses trabalhadores tinha como estado de origem o Maranhão (23,6%), seguido da Bahia (9,4%), do Pará (8,9%), de Minas Gerais (8,3%) e do Tocantins (5,6%).

De acordo com a CPT, o perfil do trabalhador resgatado se mantém com a predominância de migrantes do interior em busca de trabalho fora do Estado de origem.

“Ele é um trabalhador migrante que sai do interior de regiões empobrecidas do Maranhão, Piauí, do Pará e do Tocantins e se dirige para as frentes onde há possibilidade de trabalho. Essa situação evoluiu bastante porque as rotas de migração levam os trabalhadores também para grandes obras e regiões de economia mais aquecida. As obras da Copa [do Mundo] também tiveram um efeito muito importante”, explicou o coordenador da Campanha Nacional De Olho Aberto para não Virar Escravo, da CPT, frei Xavier Plassat.

“campeões”

Apesar de uma mudança da incidência de trabalho escravo nos últimos anos, das atividades consideradas rurais para as urbanas, a agropecuária, a lavoura e o carvão ainda lideram o ranking da CPT como “campeões” no recrutamento de pessoas para trabalho escravo. Ainda segundo dados da comissão, em 2014, Tocantins (188), Pará (113), Minas Gerais (158), São Paulo (137) e Maranhão (52) foram os Estados em que mais se libertou trabalhadores em condições análogas à escravidão. A mobilização institucional de entidades governamentais e da sociedade civil, nas últimas duas décadas, conseguiu libertar milhares de trabalhadores do trabalho análogo à escravidão e deu ao Brasil reconhecimento mundial.
Contudo, para frei Xavier Plassat, esse crime está tão enraizado na sociedade brasileira que o aumento da fiscalização levará também ao crescimento da descoberta de trabalhadores submetidos a situações degradantes.

Pará supera  em número de casos

Na região Norte do País, 337 trabalhadores em situação semelhante à escravidão foram resgatados no ano passado. Em todo o País, foram quase 1,6 mil. A maior parte das pessoas trabalhava nas atividades da Construção Civil, Agricultura, Pecuária e Extração Vegetal. A informação foi divulgada nessa quarta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O Pará é o Estado do Norte com o maior número de casos identificados de trabalho escravo. No ano passado, foram 107. Em segundo lugar, vem Tocantins, com 90 registros e em terceiro, o Acre, com 74 trabalhadores resgatados em situação de escravidão. No estado do Amazonas, os fiscais do trabalho encontraram 41 casos.

 



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