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Diário da Amazônia

As retretas da esplendorosa Praça Marechal Rondon

Quando completei quatro anos de idade, minha mãe veio morar em Porto Velho logo após o sepultamento do meu pai em Guajará-Mirim. Lembro..

Por Sílvio Santos Diário da Amazônia
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Publicado: 02/10/2015 às 06h35min

Ilustra ZéQuando completei quatro anos de idade, minha mãe veio morar em Porto Velho logo após o sepultamento do meu pai em Guajará-Mirim. Lembro que para nos sustentar, ela resolveu colocar “banca” na feira que funcionava em frente ao Mercado Municipal justamente onde hoje é a Praça Getúlio Vargas e que em 1953 foi transferida para a então Rua do Coqueiro (hoje Euclides da Cunha) entre a sede do Clube Internacional (hoje Ferroviário) e a Usina de Energia Elétrica do Salft (sede da Eletrobras/Ceron hoje), onde ficou até 1958, quando o governador Ênio Pinheiro inaugurou o barracão da Feira Modelo, que hoje é conhecido como Mercado Central.

Deu pra notar, que minha infância e adolescência foi vivida entre a Beira do Madeira e a José de Alencar. Por muito tempo moramos na rua Farquar justamente em frente ao Mercado Central que a época era a Feira Modelo. Dali assiste o fogo destruir a padaria do Raposo (no canto da Henrique Dias com a Presidente Dutra – Guitar Music) e o fogo consumir os Quiosques que existiam ao lado da estação da Madeira-Mamoré e da Cooperativa dos Ferroviários.

Os desfiles carnavalescos aconteciam na Presidente Dutra entre a D. Pedro II e a Sete de Setembro. Bom! O que quero dizer, é que um dos pontos mais frequentados pela população de Porto Velho aos domingos era a Praça Rondon. Na Rondon enquanto esperávamos o início da primeira sessão do Cine Reski ficávamos paquerando as meninas, curtindo a “Retreta” que era realizada pela Banda de Música (Furiosa) da Guarda Territorial.

Quem não gostava de ficar rodando na praça, ficava nas mesas do Restaurante e Bar Plaza, que era bem ao lado da praça (antes, a pista da esquerda da rua Presidente Dutra separava a praça, do hoje prédio do Baú). O burburinho de gente aumentava na Rondon tão logo terminava a matinê do cine Reski e do cine Brasil por volta das 18h e só terminava, quando começava a segunda sessão do Cine Reski por volta das 21h.

O refrigerante da moda era o Grapete, a Coca Cola ainda não havia chegado a Porto Velho e após a matinê, a gente ia tomar sorvete na Sorveteria Elite, que ficava na rua José de Alencar com a Sete de Setembro. “Quem bebe Grapete, repete”, dizia o reclame. Seguindo pela Sete, onde hoje, é o Banco Santander era o Cine Avenida, da família Lacerda.Tinha uma turma que preferia ficar no Clipper do João Barril, que ficava no meio da avenida Sete com a presidente Dutra, os mais conservadores preferiam o Café Central.

Quando o Café Santos passou a funcionar na esquina da Prudente de Moraes com a Sete de Setembro abalou um pouco o movimento da Rondon. Aliás, em frente ao Café Santos ficava a Pernambucana, que depois foi para onde hoje é uma loja Romera.

Na Praça Jonathas Pedrosa que era cortada ao meio pela rua José Bonifácio, existia o Posto São Luiz e foi lá, o primeiro terminal de transporte coletivo de Porto Velho cujos carros eram Kombi.

A Sete de Setembro, da Praça Jonathas Pedrosa até a Gonçalves Dias não existia, era um buraco só.

A Porto Velho da minha infância e adolescência não passava da Joaquim Nabuco, mas era muito gostosa de viver.
(*) O autor é responsável pela coluna Zekatraca.



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