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Assassinatos em Rondônia tem alta de 38,7 em abril, aponta Monitor da Violência

Os números de assassinatos em Rondônia foram quatro vezes maior do que a taxa nacional registrada em abril, se comparado ao mesmo..

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Publicado: 22/06/2020 às 09h01min | Atualizado 22/06/2020 às 09h03min

Assassinatos em Rondônia tem alta de 38,7 em abril, aponta Monitor da Violência

Os números de assassinatos em Rondônia foram quatro vezes maior do que a taxa nacional registrada em abril, se comparado ao mesmo período do ano passado. No país, a taxa de mortes por causas violentas (homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguida de morte) foi de 8%. No Estado, o índice ficou próximo dos 40% e fechou abril em 38,7%. Isso representa 2,42 mortes por cada grupo de 100 mil habitantes.

A taxa foi apurada pelo “Índice Nacional de Homicídios – Monitor da Violência”, mantido pelo portal G1, do Grupo O Globo, em parceria com instituições como o Núcleo de Estudos da Violência, ligado do à Universidade de São Paulo (NEV/USP) e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A base de dados é alimentada com números oficiais repassados pelas secretarias de seguranças dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal.

Em abril do ano passado Rondônia registrou 31 mortes violentas, de acordo com os números do Monitor da Violência. Este ano foram 43 assassinatos, sendo 41 foram homicídios dolosos (quando há a intensão de matar) e dois latrocínios (roubo seguido de morte). No mesmo período no ano passado foram 30 homicídios dolosos e um latrocínio. A diferença é que em abril de 2019 o mundo ainda não vivia sob um a pandemia.

Esse fato chama atenção porque teoricamente, devido as medidas restritivas adotadas pelo Estado e pelos municípios para combater a proliferação do novo coronavírus, como o isolamento social, o fechamento do comércio, de bares, restaurantes, de espaços públicos e a restrição de circulação de pessoas, a tendência era de houvesse uma redução nos casos de mortes violentas no Estado, assim como ocorreu com o trânsito.

Em termos percentuais, os números de Rondônia contrastam com o de outros estados da Região Norte, como o do Amazonas, por exemplo. No estado vizinho houve uma diminuição de 44,08% no número de assassinatos no mesmo período apurado pelo portal. Esse número positivo é reflexo da redução da taxa de mortes violentas por cada grupo de 100 mil habitantes. O estado já havia registrado uma redução nos casos de assassinatos em março (27,2%)

Mortes no Brasil

Em nível nacional, de acordo com a ferramenta, houve 3.950 mortes violentas em abril de 2020. No mesmo mês no ano passado, foram 3.656. Já considerando o período de janeiro a abril, foram 15.868 vítimas de assassinatos neste ano, contra 14.580 em 2019, uma diferença de 1.288 mortes.

A alta no início deste ano vai na contramão de 2019, que teve uma queda de 19% no número de assassinatos em todo o ano. O Brasil teve cerca de 41 mil vítimas de crimes violentos no ano passado, o menor número desde 2007, ano em que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública passou a coletar os dados.

Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também cita o estado do Ceará e seus números elevados. Para ela, um dos principais motivos por trás da alta de assassinatos no país foi o motim de parte da Polícia Militar que aconteceu no estado em fevereiro.

O Ceará, inclusive, foi o estado com a maior escalada de violência do Brasil. Nos primeiros quatro meses do ano, o número de vítimas quase dobrou, passando de 759 para 1.514.

O ano de 2020 teve o mês de fevereiro mais violento do estado desde pelo menos 2013, com mais de 450 mortes. Desse total, 312 aconteceram durante os 13 dias da greve policial. Houve uma média de 26 mortes por dia. Antes, a média era de 8 por dia.

Para o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Luiz Fábio Silva Paiva, a greve foi um fato circunstancial. “Obviamente que os grupos armados que estavam envolvidos em acerto de contas e disputa pelo tráfico encontraram uma ótima oportunidade para intensificar determinadas ações. Mas a greve não é determinante. Em janeiro [antes da greve], a gente já tinha uma situação grave. Depois, em abril, maio e junho, esses conflitos se intensificaram, com invasões de bairros e com ocupação de territórios de grupos inimigos”, afirma.

O professor também destaca a pouca atuação dos órgãos públicos para responsabilizar as mortes e reduzir a violência. “O cenário é muito grave e ele não é tratado pelo governo, pelo Executivo, pelo Legislativo e pelo Judiciário como um cenário grave”, diz. (Joel Elias e G1)



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