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Diário da Amazônia

Assis Canuto espera equilíbrio fiscal e apoio à produção agrícola

PORTO VELHO – O ex-vice-governador do Estado Assis Canuto, um dos responsáveis pela criação da maioria dos municípios no interior..

Por Jocenir Santanna Diário da Amazônia
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Publicado: 14/04/2019 às 07h00min | Atualizado 15/04/2019 às 14h52min

Foto: Diário da Amazônia

PORTO VELHO – O ex-vice-governador do Estado Assis Canuto, um dos responsáveis pela criação da maioria dos municípios no interior do estado de Rondônia, quando comandava o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), hoje Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), esteve na redação do Jornal Diário da Amazônia e revelou a sua grande preocupação com o futuro do governo do estado, no que diz respeito ao equilíbrio fiscal e infraesturura.

De acordo com Canuto, que também já foi prefeito de Ji-Paraná, o governador Marcos Rocha (PSL) foi eleito numa surpresa das urnas no ano passado, na onda Bolsonaro, e a princípio não estava preparado para administrar um estado como Rondônia, exatamente pela sua falta de experiência administrativa e política.

Canuto entende que o estado tem tudo para continuar dando certo, mas que o chefe do executivo precisa se preocupar muito com a situação fiscal. Para ele, o coração do governo está no setor fiscal, sem o qual nada se realiza e com ele fraco, o governo vai à bancarrota. Por isso acredita que a equipe do novo governo precisa focar sua atenção nesta área, para manter as contas equilibradas e continuar pagando os fornecedores e servidores em dia.

“Minha expectativa com relação ao governo do estado é bastante positiva. Nós temos um governador eleito como uma grande surpresa, mas que é alinhado com o presidente da República e isso pode ser muito benéfico para o Estado. Esperamos que ele possa usar esse crédito a ele concedido pela maioria do povo de Rondônia e  evidentemente, faça um bom governo. Rondônia não é um estado muito difícil de governar. O que precisa é ter uma preocupação com o equilíbrio fiscal do estado e com a questão da infraestrutura”, pontuou

Sobre os recursos públicos para gerir a máquina administrativa do estado, Canuto fala com experiência, pois já esteve “do outro lado do balcão” enquanto vice-governador. “A gente evidentemente reconhece que os recursos oriundos da nossa receita são insuficientes para fazer face à toda a demanda do governo do estado, então confiamos, e precisamos confiar muito também, no trabalho da nossa bancada federal, no sentido de carrear recursos do governo federal para investimentos no estado de Rondônia”, disse.

Experiente na área administrativa, Assis Canuto falou da pirâmide do poder e dos recursos públicos, onde, segundo ele, “quem mais precisa de dinheiro é exatamente quem menos tem acesso a ele”. Nesta afirmativa, Canuto se refere ao governo federal com relação aos estados e municípios, pois a grande fatia da arrecadação dos impostos vai para os cofres federais, enquanto as outras unidades da federação ficam com o pires na mão, mendigando investimentos para cumprir compromissos, que na maioria das vezes, deveria ser responsabilidade do governo federal, como por exemplo, saúde e educação, onde parte dos recursos do governo e do município já estão comprometidos por lei, e mesmo assim, muitas vezes até ultrapassando os valores estipulados por Lei, falta muito para atender à necessidade da população, que por não ter acesso ao governo federal, acaba batendo na porta do governo do estado e dos prefeitos, que, segundo ele, “até têm boa vontade, mas não conseguem recursos para o investimento necessário”.

“É por isso que precisamos acreditar no trabalho dos nossos deputados federais e senadores e cobrar que eles façam esta ponte entre o governo do estado e o governo federal. O dinheiro está em Brasília e precisamos dos nossos parlamentares, para que ele venha para onde se realmente precisa, que é na base da pirâmide, ou seja, nos estados e nos municípios”, disse o goiano que está há 49 anos em Rondônia, estado pelo qual também já foi deputado federal.

“É lógico que ainda estamos no início do governo, vivendo uma fase de transição e de ajustes, tanto aqui no estado como no governo federal, mas é preciso aproveitar desde já este alinhamento e buscar com os parlamentares, independente de partido, uma parceria para que esses recursos que não fazem parte daquela cota constitucional, que é exatamente o dinheiro que vai ajudar no desenvolvimento do estado e dos municípios, cheguem. Independente de partido político, de rivalidade eleitoral, o estado precisa desta união para manter a estabilidade e continuar crescendo”, disse.

Sobre o governador Marcos Rocha, Canuto disse não conhecê-lo ainda, mas que guarda uma grande esperança de que ele fará um bom governo para os rondonienses. “O governador é um homem jovem, inteligente e aparentemente bem relacionado, então, certamente vai conseguir unir todos, inclusive os deputados estaduais, que são, também de extrema importância neste contexto, para que Rondônia não entre na roda viva que a maioria dos estados estão passando, alguns como o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, por exemplo, que não conseguem mais cumprir os seus compromissos e estão à beira da falência. Marcos Rocha tem tudo para fazer um bom governo, só depende da vontade própria dele e da sua equipe de trabalho”, apontou.

O ex-líder político, que hoje concentra suas atividades na área da agricultura e pecuária também chama a atenção do governador no que diz respeito à conservação das estradas que são de responsabilidade do estado, pois o estrago das chuvas do inverno amazônico, que está no finalzinho, foi grande e tem muito trabalho para se fazer.

“As estradas em plenas condições de trafegabilidade são de extrema importância para a nossa produção rural, que hoje é o grande carro chefe da nossa economia estadual. Estou em Rondônia há quase 50 anos e nunca tinha visto um inverno tão chuvoso como o dos últimos dois ou três anos. E isso provoca um estrago muito grande nas estradas, que precisam ser recuperadas urgentemente. O produtor rural não quer nada mais do governo do estado e da prefeitura do que escola para os filhos e estrada para transportar a produção e isso precisa ser mantido. O equilíbrio fiscal do estado depende de uma agricultura e uma pecuária forte e o governo sabe disso, só basta fazer o trabalho de casa”, opinou.

Com relação ao crescimento do estado, Assis Canuto conta que chegou por estas bandas na época em que quase tudo aqui ainda era mato, lá na década de 1970. Era um jovem servidor público que desembarcou na antiga Vila de Rondônia,distrito de Porto Velho, (hoje Ji-Paraná),trazido pelas mãos do governo federal para promover o desenvolvimento do território, quando a palavra de ordem era o desmatamento e criação de novas cidades, diz que o desenvolvimento urbano defende muito do desenvolvimento rural. “Se o campo vai bem, a cidade também vai bem. Eu vi nascer a maioria das cidades deste estado. Quando cheguei aqui só tinha Porto Velho e Guajará Mirim. Vim para ajudar a implantar um núcleo urbano na região onde hoje é Ouro Preto do Oeste, então, acompanhei o desenvolvimento de casa um desses municípios, principalmente na região central do estado e posso garantir que o município que cresceu e se desenvolveu foi aquele em que a agricultura, ou exploração de minério, no caso de Ariquemes, foi forte.

Tem município do estado que tinha tudo para ser uma Ji-Paraná hoje, mas por causa da fraca atividade rural, seja por conta das terras mais fracas para a produção ou da falta de apoio para a agricultura, acabaram não crescendo e hoje sofrem com a falta de recursos. Rondônia é um estado novo e de grade futuro, basta que nossos governantes saibam cnduzir este desenvolvimento que precisa estar alinhado entre a cidade e o campo, não gastar mais do que arrecada e unir esforços em torno de um objetivo comum que é o emprego e a fenda para a nossa população”, finalizou.



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