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RONDÔNIA

Casa de Acolhimento já atendeu 289 mulheres vítimas de violência

A luta feminina continua crescendo a cada dia, porém ainda falta muito para ser conquistado.

Por Larina Rosa Diário da Amazônia
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Publicado: 07/03/2020 às 08h00min | Atualizado 07/03/2020 às 09h43min

O dia internacional da mulher comemorado dia (08) lembra o legado de luta e prática da igualdade de direitos entre homens e mulheres. A luta feminina continua crescendo a cada dia, porém ainda falta muito para ser conquistado.

Para se ter uma idéia o acesso à educação, o direito ao voto, a autorização para trabalhar sem a permissão dos maridos e a cota de 20% de mulheres nos partidos eleitorais foram direitos conquistados a menos de 140 anos.

Ainda existem diversos desafios para que as mulheres conquistem seu espaço no mercado de trabalho, entre as preocupações das tarefas do lar e filhos muitas delas abrem mão da vida profissional. De acordo com o levantamento divulgado pela Catho 30% das mulheres deixam o mercado de trabalho para cuidar dos filhos. Entre os homens, essa proporção é quatro vezes menor, de 7%.

Em consequência da desigualdade a dependência financeira se torna o principal motivo das mulheres que sofrem violência doméstica. De cada quatro mulheres que sofrem violência em casa, uma não denuncia o agressor porque depende financeiramente dele.

Segundo a edição de 2019 do Atlas da Violência, no Brasil, cerca de 13 mulheres foram assassinadas por dia em 2017. Ao todo, 4.936 mulheres foram mortas, o maior número registrado desde 2007.

Casas de acolhimento 

Conhecidas em amparar mulheres vítimas de violência doméstica no Brasil, as Casas de acolhimento existem em todo o país. Desde 1986, data em que a primeira casa foi inaugurada em São Paulo, mulheres e crianças vítimas de violência doméstica já passaram por espaços de acolhimento sigilosos.

Em Porto Velho existe uma Unidade de Acolhimento às Mulheres vítimas de Violência em endereço sigiloso. A casa oferece moradia temporária de até três meses para mulheres que sofrem violência doméstica e que não tem para onde ir com seus filhos. Na residência as mulheres podem aguardam a medida protetiva de urgência.

Fundada em 2010, a residência possui uma equipe de 4 técnicas, 2 psicólogas, 2 assistentes sociais que já atenderam 289 mulheres. De acordo com uma servidora da casa de acolhimento no local o acesso é restrito. “O que se preconiza no espaço é a segurança se elas vão para o local é porque estão em risco de morte. Por isso na casa as mulheres não têm acesso à internet”, disse à servidora que prefere não ter sua identidade revelada.

A Coordenadora do Centro de Referência Especializado da Assistência Social no atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica (CREAS Mulher), Silvânia Tomás explica que recebem denúncias das instituições da rede da mulher vítima de violência, além das demandas espontâneas. “É feita a escuta ampla do caso por uma equipe composta por assistente social e psicóloga e para cessar o ciclo de violência identificamos o que pode ser feito para saúde mental, econômica, assessoria jurídica e encaminhamos para o local específico que possibilitará para essa mulher a oportunidade de recomeço, com alternativas para se livrar da dependência econômica”, disse.

Ainda de acordo com a coordenadora as primeiras providências tomadas na Casa de Abrigo é a segurança, “Quando a mulher sofre a violência ela precisa de socorro imediato, naquele momento o importante é ter a vida dela assegurada, por isso ela tem esse lugar seguro para que no decorrer do tempo sejam tomadas todas as medidas, como o boletim de ocorrência e solicitação de medida protetiva. É importante lembrar que mesmo com os filhos ela será acolhida”, pontuou a Coordenadora do CREAS.

Somente no ano passado 47 mulheres e 54 crianças passaram pela casa de na Capital. “A vida da vítima muda completamente depois de uma agressão, uma ameaça faz um dano emocional muito grande. O nosso desafio é desmistificar a culpa delas, por acreditam que tem culpa. Muitas delas são gratas por aprenderem artesanatos na casa que podem ajudar em suas rendas. O nosso salário afetivo é acompanhar o diferencial dessas mulheres após serem acolhidas, elas saem da casa sem precisar daquela dependência emocional e financeira do agressor”, contou a servidora da casa.

A porta de entrada para a Casa de Abrigo é o CREAS Mulher localizado na Rua Antônio Lourenço Pereira Lima (antiga Venezuela), 2360, ao lado da Maternidade Municipal, bairro Embratel em Porto Velho. Nos finais de semana no período noturno e em feriados existe o Plantão Social (SEAS) pelo número 0800-6471311 ou 984734725 onde a mulher também pode procurar ajuda.



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