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Diário da Amazônia

Casa Ruante comemora cinco anos de trabalho em Porto Velho

Fazer arte em nosso país nunca foi fácil, por isso que cada passo dado, cada pequena vitória em nossa caminhada deve ser comemorada. A..

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Publicado: 18/11/2019 às 12h34min

Fazer arte em nosso país nunca foi fácil, por isso que cada passo dado, cada pequena vitória em nossa caminhada deve ser comemorada. A aridez de nosso tempo histórico se soma, às vezes, a aridez do lugar.

Em Porto Velho e no estado de Rondônia a realidade para as artes são mais difíceis, seja pela ausência de políticas públicas de cultura (embora existam leis, mas seguem sendo desrespeitadas), seja pelas distâncias, que se somam ao custo amazônico (por não produzir muito dos materiais necessário ao teatro, a produção por aqui, por exemplo, é sempre mais cara do que nas demais capitais).

Uma das dificuldades é a afirmação de festivais em nosso estado, tão necessários para o desenvolvimento do teatro. No momento em que escrevemos essas notas, recebemos a notícia de que o Festival Amazônico, que ocorre no sul do estado (Vilhena), por falta de recursos, não irá ocorrer esse ano; o Festival Internacional de Guajará-Mirim também foi bastante reduzido e adiado a data; na mesma linha o Amazônia Encena na Rua ocorreu sem espetáculos, por falta de apoio, resumindo-se a oficinas.

E nem vamos elencar a tragédia em âmbito federal, bem como as perseguições aos artistas, que foram eleitos como inimigos públicos.

Mesmo diante desse cenário, o Teatro Ruante chega a cinco anos de muita atividade em Porto Velho, cidade em que aportou desde 2015. De lá pra cá, não foi pequeno o esforço de manter-se de pé, também não foi pouca nossa produção. Por isso há que se comemorar.

Em 2019, em fevereiro o grupo circulou por Poconé/MT com seu espetáculo Cabaré Ruante e uma oficina de palhaço. Em março inaugurou seu espaço, Casa Ruante, local em que o coletivo ensaia, pesquisa, pode guardar seus materiais, mas também oferece ao público em geral oficinas de teatro, circo (técnicas circenses: acrobacia de solo, perna de pau, malabares etc.), palhaço e contação de histórias. A Casa Ruante foi inaugurada em abril com duas exposições: O amor é filho do tempo de Elisabete Christofeletti e Nós que aqui estamos, por vós esperamos de Nilson Santos. Além disso, foram realizados seis Saraus. O sarau é um espaço de encontros e de possibilidade de expressão, com pouca distinção entre público e artista, pois se os artistas experimentam pequenas cenas, o público também pode se expressar dizendo seus poemas, cantando ou performando como quiser. O Sarau é um ambiente de livre expressão.

Ainda em 2019 não paramos nossa criação. Duas cenas curtas foram produzidas: Ofélia-Pátria, criada a partir de um fragmento de Hamlet-Máquina de Heiner Müller e Cotidiano-Mulher, texto de Andressa Ferrarezi e interpretação de Selma Pavanelli. Ambas as produções foram apresentadas na Casa Ruante, participaram do Mercado Performance-Arte de Porto Velho e da Mostra Tapiri. Além disso, Cotidiano-Mulher participou do Festival Elas Por Elas em Porto Velho e Natal/RN, sendo que, por aqui, ficou em primeiro lugar na categoria teatro e em Natal (encontro nacional) em segundo lugar.

Encerraremos 2019 com a 2ª edição da Mostra de Repertório do Teatro Ruante, em dezembro. A Mostra contará com quase todos os espetáculo do grupo e terá a participação dos estudantes dos cursos da Casa Ruante. Serão três espetáculos, cenas de palhaços, contação de histórias e um debate, que ocorrerão nos dias 06, 07, 08, 13, 14 e 15 de dezembro de 2019.

O ano de 2018 foi bastante promissor, pois o grupo foi contemplado com o Prêmio Sesc de Incentivo às Artes Cênicas de Rondônia, que permitiu a montagem do espetáculo A muy lamentável e cruel história de Píramo e Tisbe, a partir da obra de William Shakespeare. O espetáculo apresentou-se em três cidades do estado: Porto Velho, Ji-Paraná e Presidente Médici.

Ainda em 2018, o grupo participou de alguns festivais, como o maior festival de multilinguagens do Brasil, promovido pelo Sesc, nas cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo no Rio de Janeiro. Além disso, o coletivo foi ao Festival Matias de Teatro de Rua (AC) e três festivais no estado: Festival Palco Giratório (Porto Velho), Festival Amazônico (Vilhena) e Festin-Açu (Guajará-Mirim). Ainda nesse ano realizamos uma pequena temporada do espetáculo Cabaré Ruante.

Nesse mesmo ano, 2018, um dos integrantes, Adailtom Alves, ganhou o Prêmio Funarte de Dramaturgia, na categoria infantojuvenil pela Região Norte, com o texto Pedro.

2017 é marcado pela montagem de Cabaré Ruante e por uma pequena temporada. O grupo participou com sua contação de histórias da programação do Museu Casa Dom Aquino em Cuiabá/MT. Participou também com seus espetáculos da Aldeia Pantanal das Artes em Poconé/MT e dos festivais Matias de Teatro de Rua (AC), Amazônia Encena na Rua (RO), Festival Palco Giratório (Porto Velho e Ji-Paraná/RO); realizou a primeira temporada de contação de histórias no Parque da Cidade.

Foi também nesse ano que o grupo realizou sua 1ª Mostra de Repertório, com três espetáculos, contação de histórias, um debate sobre os 50 anos do livro A sociedade do espetáculo de Guy Debord. A Mostra contou também com um grupo convidado, o Dá o Bote.

2016 foi o ano da montagem e temporada de Era uma vez João e Maria… e ainda é. Nesse ano participou do Festival Matias (AC) com espetáculo Que Palhaçada é Essa Aqui? e com oficina de demonstração de trabalho. Participou ainda, com contação de histórias, do Festival Amazônico em Vilhena, sul de Rondônia.

2015 marca sua chagada à Porto Velho. O Ruante realiza a remontagem do espetáculo Que Palhaçada é Essa Aqui?, que havia montado em 2006 na cidade de São Paulo, onde o grupo foi criado. O espetáculo, criado em família, parte das entradas e reprises clássicas de palhaço e teve sua estreia em Corumbiara (RO), no assentamento da antiga fazenda Santa Elina, que foi palco de conflitos em 1995. Depois foi apresentado também em Porto Velho, no Azul Com Laranja. O espetáculo marca a chegada e o início da contribuição do Ruante com a linguagem circense no estado de Rondônia.

Esse pequeno relato deixa de fora muita coisa: os encontros com os artistas locais e seu acolhimento, a chegada de novos integrantes, as dificuldades cotidianas e a festa a cada encontro com o público de Rondônia.

Fonte: Assessoria



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