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PLANTÃO DE POLÍCIA

Casal acusado de matar agricultor é absolvido em julgamento

Rafaeli Feliz de Souza e Jean Carlos Tavares Brunelli estavam presos desde novembro do ano passado

Por Folha do Sul Online
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Publicado: 13/06/2019 às 09h27min

Submetido a julgamento nesta quarta-feira, 12, o casal Rafaeli Feliz de Souza, de 28 anos, e Jean Carlos Tavares Brunelli, 26, denunciado pelo assassinato do chacareiro Valdir da Silva Guimarães, 40, padrasto da mulher, foi absolvido das acusações. O Ministério Público irá analisar a possibilidade de recorrer da decisão.

De acordo com os autos, Rafaeli e Jean, na noite de 15 de julho do ano passado, teriam saído de um churrasco na casa de amigos, ido até a chácara onde Valdir estava sozinho e o assassinado a tiros. O primeiro tiro, inclusive, teria sido dado enquanto a vítima dormia. Antes de morrer, Vlamir teria ligado para um irmão e dito que o autor dos tiros seria Jean. Clique aqui e relembre o crime.

Apurou-se, nos autos, que cerca de dois meses antes do fato, durante comemoração dos Dias das Mães, Rafaeli e o padrasto Valmir teriam se desentendido, iniciando uma confusão entre os presentes na chácara, somente terminando quando Jean disparou um tiro para o alto. Os autos apontam esta discussão como a motivação para o crime. Clique aqui e veja saiba mais sobre o indiciamento do casal. Aqui, a prisão dos dois.

A Promotoria de Justiça, representada pelo promotor Elício de Almeida e Silva, pediu a condenação dos réus por homicídio qualificado por recurso que dificultou a defesa da vítima. Almeida e Silva explicou aos jurados que Rafaeli sabia que o padrasto estaria sozinho naquela noite. Ele também traçou uma linha cronológica de eventos para mostrar que o casal se ausentou da festa por tempo suficiente para ir até a chácara e cometer o crime. Além disso, o promotor ressaltou o fato da vítima ter reconhecido o atirador e ligado para o irmão, dizendo que havia sido baleado pelo Jean.

A defesa do casal foi feita pelo advogado Márcio de Paula Holanda, que sustentou como tese principal a negativa de autoria. Primeiro, ele buscou mostrar aos jurados que o casal não tinha motivo. Para isso, ele trabalhou com trechos de depoimentos dos réus, dos irmãos e da mãe de Rafaeli, e até do irmão de Valmir, que traziam falas concordantes de que aquele episódio já havia sido superado por todos.

Sobre o período em que o casal se ausentou da festa, Holanda explicou ser totalmente plausível a demora, pois a moto na qual eles saíram, apresentou um problema mecânico, o que lhes tomou um tempo considerável. E citou, para fortalecer a afirmação, o fato de Jean, quando retornou à festa, estar com as mãos sujas de óleo, pela tentativa de reparar a motocicleta.

O advogado teceu críticas também à forma como as investigações foram conduzidas e pediu aos jurados: “Não levem em consideração o que vem do inquérito. Não levem em consideração o que vem das investigações, porque vocês vão condenar inocentes”, disse, antes de continuar: “A investigação foi mal feita, ela não procurou trazer novas informações, não buscou obter as imagens da câmera que fica no trajeto para a chácara para saber se eles passaram por ali”.

Holanda também citou, no seu entender, potenciais suspeitos que não foram ouvidos. “Poderia ter sido mulher a mulher que ele assediava; ou a outra que ele tentou estrangular na estrada; ou o homem a quem ele devia e que responde pelo apelido de “Legião”; ou ainda pessoas ligadas ao homem que ele, e o irmão para quem ele ligou, mataram em Portugal. Mas, nenhuma dessas pessoas foi ouvida”, pontuou.

Para mostrar aos jurados da dificuldade, ou impossibilidade, de Valmir ter reconhecido o atirador, Holanda levou uma cama para o tribunal. Nela, ele fez uma encenação de como teria ocorrido o momento do ataque, realizando os possíveis movimentos da vítima com base nos locais aonde os disparos a acertaram, buscando mostrar aos jurados que Valmir preocupava-se apenas em fugir. Após a encenação, ele se dirigiu aos jurados: “Então, por que ele teria acusado Jean? Simples: reserva de memória. O subconsciente dele trouxe à tona a memória de Jean atirando para o alto no Dia das Mães. Ou o próprio irmão de Valmir durante a conversa com ele pode ter implantado essa sugestão”, sugeriu.

Após quase 7 horas de julgamento, que não teve réplica, e a Juíza Liliane Pegoraro Bilharva, que presidiu o Tribunal do Júri, leu a decisão dos jurados que absolveu os réus.



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