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Casos de malária assustam moradores

Com dores de cabeça e no corpo, fraqueza, febre alta, calafrios e, ainda, dor abdominal, o estudante Gustavo Ribeiro, 15 anos, morador do..

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Publicado: 27/08/2014 às 18h02min

A policlínica Ana Adelaide registrou de 1° de janeiro ao dia 25 de agosto, 760 casos de pessoas com malária no local

A policlínica Ana Adelaide registrou de 1° de janeiro ao dia 25 de agosto, 760 casos de pessoas com malária no local

Com dores de cabeça e no corpo, fraqueza, febre alta, calafrios e, ainda, dor abdominal, o estudante Gustavo Ribeiro, 15 anos, morador do Conjunto Habitacional da Balsa, localizado na margem esquerda do rio Madeira, na BR-319, procurou a unidade de saúde mais próxima de sua casa – a policlínica Ana Adelaide, e depois de uma hora de espera foi diagnosticado com malária – doença típica da floresta, causada por parasitas que são transmitidos de uma pessoa para outra pela picada do mosquito Anopheles.
Com o receituário na mão e vários compridos, Gustavo conta que compartilha os mesmos sintomas com o pai e dois tios – que também contraíram a doença. “Só na minha família foram quatro pessoas, mas aqui na minha rua, foram mais de dez. É uma sensação horrível, uma moleza só. Não tenho coragem de fazer nada, nem de assistir televisão”, diz o estudante. A aposentada Maria Ribeiro Brito, 89 anos – avó de Gustavo, relata a preocupação e cuidados que está tendo com os membros de sua família e vizinhos. “Eu fico de olho nos horários da medicação e na alimentação deles. Não quero que essa doença traga consequências mais graves. Depois das 17h30, entramos dentro de casa e fechamos tudo, toque de recolher mesmo. Não podemos brincar com algo tão sério”, expõe Brito.
Há cinco meses, Gustavo e toda sua família moravam no bairro Balsa, e por conta da construção da ponte sobre o rio Madeira, foram desapropriados e receberam uma casa nova na outra margem do rio. Assim como Gustavo, Alcenir Oliveira, também contraiu malária pela primeira vez depois que se mudou. “Eu nunca peguei uma doença tão ruim, os sintomas são agressivos. Minha irmã que está grávida, também pegou malária e a nossa preocupação é ainda maior. Logo que mudamos para cá, o carro com fumacê passava, só que há meses ele não passa e o resultado é esse, todo mundo com malária”, contesta Oliveira. A malária pode ter evolução rápida e ser grave. Ela pode ser provocada por quatro protozoários do gênero Plasmodium: Plasmodium vivax, P. Falciparum, P. Malariae e P. Ovale. No Brasil, somente os três primeiros estão presentes.

Aumenta casos do tipo falciparum

O estudante Gustavo Ribeiro se recupera da doença

O estudante Gustavo Ribeiro se recupera da doença

Segundo o diretor da policlínica Ana Adelaide – unidade de saúde que atende à população da zona Norte e Centro da Capital, Jocel Soares, os moradores do bairro da Balsa, Estrada da Penal e Belmont, Nacional e Triângulo estão buscando atendimento médico com mais frequência nos últimos dois meses. “A maioria dos casos diagnosticados é do tipo vivax, porém os casos de falciparum estão aumentando, o que é muito preocupante, uma vez que os sintomas são mais fortes. Só na nossa unidade, do dia 1° de janeiro ao dia 25 de agosto, 760 pessoas foram diagnosticadas com malária, sendo 673 vivax e 87 falciparum”, constata o diretor.
De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2013, da Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde, na Região Amazônica, no período de 2000 a 2011, as infecções por P. vivax representavam 78,7% dos casos notificados. As infecções por P. falciparum, que em 2006 representavam mais de 20% dos casos notificados na região, caíram para menos de 12% em 2011. Ainda segundo o boletim, no ano de 2011, 98% dos casos estavam concentrados em seis Estados: Pará, Amazonas, Rondônia, Acre, Amapá e Roraima. Todos os Estados da Região apresentaram uma redução no número de casos no período de 2000 a 2011; com exceção apenas, do estado do Acre, que apresentou um incremento final de 4,8%. O Estado que registrou maior queda no número de casos foi o Maranhão, com 95,5%, seguido pelos Estados de Tocantins (95,4%), Mato Grosso (86,1%), Roraima (61,0%), Pará (58,8%), Amapá (46,2%), Rondônia (43,8%) e Amazonas (38,1%).

Força-tarefa atua em regiões

O chefe de divisão do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), Almir José, aponta que em Porto Velho, os casos de malária tiveram redução de 54%, comparando com o mesmo período de 2013. “No primeiro semestre de 2013, 4.870 casos foram registrados. Esse ano, apenas 2.925. Nas áreas atingidas pela enchente do rio Madeira, o número de casos aumentou, porém já estamos com uma força-tarefa trabalhando na instalação de mosquiteiros impregnados, borrifação intra domiciliar e aplicação de fumacê, além da busca ativa de casa em casa. Em relação ao Conjunto Habitacional da Balsa, desde segunda-feira estamos atuando com o fumacê na localidade. Temos um laboratório que faz coleta na própria balsa e só estamos esperando o consórcio responsável terminar a construção da unidade de saúde para começarmos a atuar ativamente na região”, disse.

Laila Moraes
e-mail: [email protected]
twitter: @DiarioAmazonia

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A policlínica Ana Adelaide registrou de 1° de janeiro ao dia 25 de agosto, 760 casos de pessoas com malária(Foto: Jota Gomes/Diário da Amazônia)

Com dores de cabeça e no corpo, fraqueza, febre alta, calafrios e, ainda, dor abdominal, o estudante Gustavo Ribeiro, 15 anos, morador do Conjunto Habitacional da Balsa, localizado na margem esquerda do rio Madeira, na BR-319, procurou a unidade de saúde mais próxima de sua casa – a policlínica Ana Adelaide, e depois de uma hora de espera foi diagnosticado com malária – doença típica da floresta, causada por parasitas que são transmitidos de uma pessoa para outra pela picada do mosquito Anopheles.

Com o receituário na mão e vários compridos, Gustavo conta que compartilha os mesmos sintomas com o pai e dois tios – que também contraíram a doença. “Só na minha família foram quatro pessoas, mas aqui na minha rua, foram mais de dez. É uma sensação horrível, uma moleza só. Não tenho coragem de fazer nada, nem de assistir televisão”, diz o estudante. A aposentada Maria Ribeiro Brito, 89 anos – avó de Gustavo, relata a preocupação e cuidados que está tendo com os membros de sua família e vizinhos. “Eu fico de olho nos horários da medicação e na alimentação deles. Não quero que essa doença traga consequências mais graves. Depois das 17h30, entramos dentro de casa e fechamos tudo, toque de recolher mesmo. Não podemos brincar com algo tão sério”, expõe Brito.

Há cinco meses, Gustavo e toda sua família moravam no bairro Balsa, e por conta da construção da ponte sobre o rio Madeira, foram desapropriados e receberam uma casa nova na outra margem do rio. Assim como Gustavo, Alcenir Oliveira, também contraiu malária pela primeira vez depois que se mudou. “Eu nunca peguei uma doença tão ruim, os sintomas são agressivos. Minha irmã que está grávida, também pegou malária e a nossa preocupação é ainda maior. Logo que mudamos para cá, o carro com fumacê passava, só que há meses ele não passa e o resultado é esse, todo mundo com malária”, contesta Oliveira. A malária pode ter evolução rápida e ser grave. Ela pode ser provocada por quatro protozoários do gênero Plasmodium: Plasmodium vivax, P. Falciparum, P. Malariae e P. Ovale. No Brasil, somente os três primeiros estão presentes.

Força-tarefa atua em regiões

O chefe de divisão do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), Almir José, aponta que em Porto Velho, os casos de malária tiveram redução de 54%, comparando com o mesmo período de 2013. “No primeiro semestre de 2013, 4.870 casos foram registrados. Esse ano, apenas 2.925. Nas áreas atingidas pela enchente do rio Madeira, o número de casos aumentou, porém já estamos com uma força-tarefa trabalhando na instalação de mosquiteiros impregnados, borrifação intra domiciliar e aplicação de fumacê, além da busca ativa de casa em casa. Em relação ao Conjunto Habitacional da Balsa, desde segunda-feira estamos atuando com o fumacê na localidade. Temos um laboratório que faz coleta na própria balsa e só estamos esperando o consórcio responsável terminar a construção da unidade de saúde para começarmos a atuar ativamente na região”, disse.

O estudante Gustavo Ribeiro se recupera da doença

O estudante Gustavo Ribeiro se recupera da doença(Foto: Jota Gomes/Diário da Amazônia)

Aumenta casos do tipo falciparum

Segundo o diretor da policlínica Ana Adelaide – unidade de saúde que atende à população da zona Norte e Centro da Capital, Jocel Soares, os moradores do bairro da Balsa, Estrada da Penal e Belmont, Nacional e Triângulo estão buscando atendimento médico com mais frequência nos últimos dois meses. “A maioria dos casos diagnosticados é do tipo vivax, porém os casos de falciparum estão aumentando, o que é muito preocupante, uma vez que os sintomas são mais fortes. Só na nossa unidade, do dia 1° de janeiro ao dia 25 de agosto, 760 pessoas foram diagnosticadas com malária, sendo 673 vivax e 87 falciparum”, constata o diretor.

De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2013, da Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde, na Região Amazônica, no período de 2000 a 2011, as infecções por P. vivax representavam 78,7% dos casos notificados. As infecções por P. falciparum, que em 2006 representavam mais de 20% dos casos notificados na região, caíram para menos de 12% em 2011. Ainda segundo o boletim, no ano de 2011, 98% dos casos estavam concentrados em seis Estados: Pará, Amazonas, Rondônia, Acre, Amapá e Roraima. Todos os Estados da Região apresentaram uma redução no número de casos no período de 2000 a 2011; com exceção apenas, do estado do Acre, que apresentou um incremento final de 4,8%. O Estado que registrou maior queda no número de casos foi o Maranhão, com 95,5%, seguido pelos Estados de Tocantins (95,4%), Mato Grosso (86,1%), Roraima (61,0%), Pará (58,8%), Amapá (46,2%), Rondônia (43,8%) e Amazonas (38,1%).

Por Laila Moraes

 



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