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Diário da Amazônia

Conflitos agrários emperram a desenvolvimento

Os números apresentados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) registram ainda uma estatística absurda em torno de 4.316 famílias

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Publicado: 22/07/2018 às 06h00min

Volta e meia surgem noticias revelando a dimensão dos conflitos agrários em Rondônia onde em 2017, foram ceifadas 17 vidas na disputa por um pedaço de terra. Os números apresentados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) registram ainda uma estatística absurda em torno de 4.316 famílias engrossando esse imbróglio no campo, que diga se de passagem não é recente, remonta às décadas de 1970 e 1980, quando teve inicio o processo de colonização de Rondônia.

Tudo que começa mal demora à ser corrigido. Foi assim com Rondônia, quando os governos militares por meio do recém criado Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) despejou milhares de pequenos produtores rurais, oriundos do Centro Sul do País para habitar as áreas desocupadas no até então inóspito Território de Rondônia.

Não cabe aqui discutir se a preocupação dos governantes daquela época era com a segurança nacional ou com uma política de ocupação dos espaços vazios desta área localizada entre Amazônia e o Centro-Oeste. O fato concreto é que falto planejamento e conhecimento sobre as culturas e costumes dos povos que por centenas de anos, guarneceram as florestas, explorando garimpos, látex e suas riquezas naturais.

Os conflitos tiveram inicio, quando começou lá atrás o desordenado processo de colonização, oportunizando aos jagunços e maus feitores que armados invadiram áreas ocupadas à séculos pelos garimpeiros e indígenas, queimando ranchos e barbarizando a vida daqueles povos.

Computar as vítimas recentes dos conflitos agrários em Rondônia, não é uma tarefa das mais difíceis, o complicado é mostrar, se é que é possível, quantos tombaram no passado muitas vezes sem ter tempo para rezar. Por incrível que possa parecer, mas é verdade, Rondônia está mergulhada em mais de 90 conflitos agrários cercados por verdadeiros barris de pólvora.

A regularização fundiária tornou-se complexa em Rondônia pelos mais diversos fatores, que vai da burocracia a má vontade de seus dos gestores, a maioria indicação política, sem o menor compromisso com a realidade daqueles que vivem e exploram a terra aguardando por até 30 anos para receber um titulo definitivo de suas áreas, que lhes garanta segurança jurídica.

Mas nem tudo está perdido. Não vamos desanimar e nem arrancar os cabelos. Temos pela frente uma eleição onde cada um de nós poderá sufragar nas urnas figuras comprometidas com o progresso, desenvolvimento e segurança de quem labuta no campo em Rondônia. Não há nada que uma gestão bem intencionada não possa corrigir, mesmo que essas falhas venham de longas datas.



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