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Conheça estratégias básicas para montar seu plano de aposentadoria

A proposta de reforma da Previdência está no Congresso, e o trabalhador já sabe que, salvo algumas exceções ou eventuais mudanças no..

Por Redação Diário da Amazônia
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Publicado: 24/03/2019 às 11h00min

A proposta de reforma da Previdência está no Congresso, e o trabalhador já sabe que, salvo algumas exceções ou eventuais mudanças no texto, terá que trabalhar por 40 anos se quiser conquistar 100% da aposentadoria. Além disso, a vida profissional se estenderá para além dos 60 anos. O fato é que o brasileiro vai ter que trabalhar mais para ganhar a mesma coisa que receberia se fosse se aposentar hoje.

Diante desse cenário, em que o benefício a ser pago pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) provavelmente será insuficiente para bancar um padrão de vida confortável, você precisa se preparar desde já para a “melhor idade”. Além disso, devido à expectativa de vida cada vez maior, será preciso repensar a própria carreira. “Algumas profissões vão desaparecer e outras surgirão”, disse Ricardo Rocha, professor do Insper.

PROJETO BÁSICO

Rocha montou um projeto básico de aposentadoria para garantir uma velhice digna, baseado em cinco pilares, que vão muito além da necessidade de ter um plano de previdência privada. O projeto foi pensado para um jovem na faixa dos 25 anos, em início de carreira. A sequência dos pilares corresponde à evolução natural da vida profissional. Se você já está no mercado de trabalho há algum tempo, pode adaptar as propostas para o momento atual de sua vida. “Não há um modelo único. Cada um pode fazer o seu plano”, disse Rocha.

CINCO PILARES

1) Considere o INSS apenas como um seguro

As pessoas devem olhar o INSS como um seguro social. Ele oferece benefícios importantes para situações inesperadas, como pensão por morte ou auxílio no caso de invalidez. Por outro lado, é preciso contar cada vez menos com a previdência pública como fonte de renda. Ricardo Rocha lembrou que o novo formato de acumulação para aposentadoria, pelo sistema de capitalização, ainda não foi completamente explicado pelo governo. “Vamos ter que avaliar como será essa nova Previdência, como vai funcionar, qual será o rendimento, se realmente valerá a pena. No Chile, as aposentadorias por esse sistema diminuíram de valor”, mencionou.

De acordo com Rocha, no sistema de capitalização proposto, o trabalhador deverá contribuir para uma conta individual de previdência, que servirá de base para o cálculo da sua aposentadoria. No sistema atual, por repartição, todos os trabalhadores contribuem para uma conta única de previdência. O cálculo da aposentadoria, de forma geral, é feito com base na idade, no tempo de contribuição e no valor da maior parte das contribuições realizadas ao longo da vida profissional.

2) Faça um plano de previdência privada

Como o trabalhador terá que contar com seus próprios investimentos para bancar boa parte de sua renda durante a velhice, os planos de previdência privada são uma boa opção para pessoas que não têm disciplina para juntar dinheiro todo mês por conta própria. “Os custos dos planos de previdência vêm caindo bastante. Os bancos estão eliminando as taxas de carregamento e reduzindo as taxas de administração dos fundos, o que torna esse produto mais atraente. Mas é importante comparar a rentabilidade. Há muito fundo rendendo abaixo de 100% do CDI”, observou Ricardo Rocha.

Além disso, conforme o especialista, há a vantagem fiscal do PGBL para quem declara Imposto de Renda pelo modelo completo e a opção da tabela regressiva para quem deixar aplicado por mais de dez anos. Para os mais jovens, Rocha recomenda investir em fundos de previdência que tenham até 70% de renda variável na carteira de investimento. “O jovem tem mais tempo até se aposentar e pode arriscar mais. A longo prazo, o retorno da Bolsa tende a ser superior ao da renda fixa”, ponderou.

3) Aprenda a investir por conta própria

Conforme você evoluir na vida profissional, será importante diversificar seus investimentos. O plano de previdência privada é uma forma de criar disciplina para poupar. Mas, segundo Rocha, o ideal é que você também invista por conta própria para obter rendimentos melhores. “As pessoas precisam conhecer seu perfil de risco e fazer um esforço de aprendizado sobre o mercado financeiro, sobre como funciona o Tesouro Direto e a Bolsa. Quem tem menos conhecimento pode buscar os fundos multimercados e fundos de ações, pesquisar sobre bons gestores, comparar a rentabilidade”, orientou.

O especialista recomenda que os mais jovens montem uma carteira de ações com boas empresas pagadoras de dividendos. “Vai investindo um pouco todo mês na Bolsa”, diz. Para quem tem menos apetite por risco, o especialista sugere comprar NTN-Bs com vencimento mais longo no Tesouro Direto. “São papéis que garantem o poder de compra porque são corrigidos pela inflação, e ainda pagam uma taxa real de juros”, esclarece.

4) Compre imóveis para ter renda de aluguel

O trabalhador que conseguir acumular um bom volume de recursos para sua aposentadoria deve considerar a possibilidade de comprar imóveis com objetivo de obter renda com os aluguéis. “Conforme a gente vai envelhecendo, o nosso apetite por risco diminui e fica mais difícil tomar decisões de investimento no mercado financeiro. Transferir parte do patrimônio para imóveis é uma boa solução”, sugere. O investimento em imóveis já é uma tradição do brasileiro. “Nossos avós tinham esse hábito. Colocavam todas as economias e deixavam 100% do patrimônio imobilizado. Ainda é um bom negócio, mas não há razão para investir tudo em imóveis.”

A sugestão é colocar cerca de 30% do patrimônio em imóveis. “Compre um ou dois imóveis como forma de garantir uma renda de aluguel para a aposentadoria. Você também pode aplicar em fundos imobiliários como forma de diversificar investimentos e ter uma renda mensal”, orienta. O professor do Insper recomenda alguns cuidados antes de bater o martelo. “Tem que pesquisar bastante, olhar a vacância. Dependendo da cidade ou do bairro, comprar imóvel pode ser mais ou menos interessante. Além disso, junte dinheiro para comprar à vista, assim você terá maior poder de barganha”, acentua.

5) Volte a estudar ou empreenda

O plano de aposentadoria não deve levar em consideração apenas quanto de dinheiro você precisará para ter uma boa qualidade de vida na velhice, mas o que você pretende fazer ao longo da sua vida profissional até se aposentar e depois disso. “O conceito de trabalho que conhecemos hoje está se transformando. Algumas carreiras estão se estrangulando, mas novas carreiras surgirão, abrindo novas oportunidades. Somente quem se atualizar irá aproveitar essas oportunidades”, alerta.

O professor também recomenda o empreendedorismo como alternativa para as pessoas que, em algum momento da vida, desejarem dar uma guinada na rota profissional. “Não dá mais para deixar a vida seguir pela inércia. As pessoas precisam repensar seus planos, estudar, se atualizar. Vamos viver muito mais. Não adianta pensar só no que eu vou fazer até me aposentar. E depois? O que eu vou fazer até os cem anos?”, questiona.

6) Quanto juntar para a aposentadoria?

Destine pelo menos 10% do seu salário exclusivamente para o projeto de aposentadoria. Os recursos podem ser direcionados inicialmente para um plano de previdência privada. Conforme seu salário aumentar ao longo da carreira, mantenha a proporção de 10% e redistribua parte dos recursos para outros investimentos. “É importante ter um orçamento, controlar quanto entra e quanto sai. Se a pessoa conseguir tirar 10% do salário todo mês para a aposentadoria e viver com o resto durante toda a vida profissional, a velhice será mais tranquila”, conclui Ricardo Rocha.



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