Enquanto o Campeonato Estadual começa a se aproximar do fim, é difícil ver que os times de nosso estado não terão grande papel no futebol nacional. A esperança, como já é habitual, é uma boa campanha na Série D. Barcelona e Real Ariquemes serão nossos representantes.
Claro que há muitos fatores que limitam a ascensão dos clubes de nossa região. O poder financeiro para atrair grandes jogadores é menor, o calendário é curto e o estado não tem grande tradição a nível nacional.
Mas não é por isso que não dá para sonhar. E o CSA, de Alagoas, mostra que há um caminho para os times de nossa região sonharem com voos mais altos. Não necessariamente a Série A do Campeonato Brasileiro, como o time de Maceió disputará em 2019, mas fases mais avançadas da Copa do Brasil ou quem sabe uma Série B.
O caminho para os acessos
Claro que não dá para comparar a história do CSA com nossos times, já que é uma instituição de mais de 100 anos. Entretanto seus quase 40 títulos estaduais e até um título continental (Copa Conmebol) não impediram que a equipe jogasse a segunda divisão estadual. E ter jogado a Série A do Brasileirão também não importou quando a equipe teve que se virar na Série D.
Ou seja, dá sim para usar esse exemplo para vermos o que dá para imitar e ter resultados similares. Times considerados pequenos podem ganhar dos grandes e isso acontece toda hora.
Em 2016 a equipe começou sua trajetória na Série D depois de jogar o estadual. O planejamento foi feito no ano anterior, com uma diretoria assumindo o clube com dívidas e sem calendário.
A ideia foi sanar primeiro as dívidas, buscar jogadores com bom custo-benefício e trazer o ídolo Jacozinho para a comissão técnica.
A fórmula pode parecer óbvia, mas não é: muitos clubes apelam para medalhões, jogadores que até podem ter a experiência, mas não necessariamente o preparo físico e a empolgação para fazer parte de um projeto do tipo.
Essa experiência precisa estar nos lugares certos: comissão técnica e diretoria. Trazer alguém que tenha participado de acessos, atuado em jogos importantes e em clubes grandes faz toda a diferença. Não a toa há treinadores que são conhecidos como Rei do Acesso.
Não saia do planejamento
O futebol brasileiro é traiçoeiro no sentido de qualquer empolgação ou erro no planejamento pode te fazer voltar muitas casas. Por isso é normal até um clube viver dois ou três anos de bonança e depois cair de forma acelerada.
Pagar salários acima das possibilidades. Demitir treinadores em sequência e pagar suas rescisões. Uma eliminação antes da hora que pode destruir seu calendário. Tudo isso arrebenta planejamentos.
O CSA subiu na Série D e continuou no seu plano nos anos seguintes, tornando-se o primeiro time a subir do porão até a elite em três anos.
Claro que não é uma trajetória perfeita, infalível e feita com só um treinador. Mas ela é feita com um norte muito claro: não gastar mais do que o devido, contratar atletas com fome de bola e algo a provar. Ao trocar de treinador, não jogar o trabalho antigo no lixo, sempre buscando uma filosofia similar no novo comandante e que ele se aplique ao que o clube busca.
Buscar uma estrutura, não só um time
Jogadores são importantes. Mas o craque não irá jogar aqui na Série D. É mais importante montar uma boa estrutura para fazer o jogador bom ser decisivo, o médio tornar-se bom e o que não tem lá tanta qualidade, ser útil.
Os atletas precisam ter um bom treinador, onde treinar, receber em dia e saber onde o clube quer ir. As equipes de Rondônia vão começar a Série D sem tanta badalação. Mas quem sabe o CSA tenha ensinado algumas lições para eles.