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Editorial

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Publicado: 25/02/2019 às 17h12min

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De Maduro à queda

Quando um fruto fica maduro, se não colhido, cai e apodrece. Esse é um processo seqüencial na natureza vegetal que pode explicar o..

Quando um fruto fica maduro, se não colhido, cai e apodrece. Esse é um processo seqüencial na natureza vegetal que pode explicar o destino do governo da Venezuela. Nícolas Maduro está vencido é a uma questão de tempo para que caia de vez e a Venezuela volte a ser uma democracia. Mas antes disso não será fácil destituir um truculento governante sustentado pelos soviéticos.

Todo líder de governo ditatorial quando chega ao fim, promove uma resistência e permanece até uma possível morte no poder. Na cabeça de um ditador é melhor a morte do que a prisão perpetua. Seria uma forma de promover uma saída onde a biografia ficaria como herói morto para aqueles que o seguiam. Foi proposto acordo a Maduro, dando-lhe o direito de exílio político na Rússia ou em qualquer outra nação onde se sentisse seguro, mas ele não aceitou e
prefere o confronto.

A decisão de Maduro tem explicação. Mesmo diante de acordos de exílio, muitos ditadores tiveram o fim em prisões, doenças penosas, biografia hostilizada, vidas privadas de liberdade e de gozo, velhice sem honra. É provável que o líder bolivariano não quêr um destino como o de Alberto Fujimori, ditador peruano que cometeu tantas barbáries que no final, mesmo exilado no Japão, não impediu de condenações e um fim de vida cruel.

A situação na Venezuela está gravíssima e pode resultar em mais mortes. O clima agravou com a tentativa de entrada de ajuda humanitária sem intervenção da ONU (Organização das Nações Unidas). O resultado foram carros incendiados, donativos queimados, e muita gente ferida. Não tem acordo com um homem frio, egocêntrico e abusado como qualquer outro ditador da história.

Até a pouco tempo, o Brasil estava fazendo um papel humanitário importante recebendo os refugiados da Venezuela. Não há motivos para a pátria verde- amarela ter qualquer confronto direto com o vizinho de histórico de paz e de
boas relações comerciais. Mas a afronta de Maduro pode resultar num clima piorado. Não somente fechou a fronteira como vem provocando manobras militares, inclusive com bateria antiaérea e mísseis apontados para o nosso lado.

As astucias de Maduro deixou o Brasil em situação delicada exigindo em breve uma postura diplomática menos harmoniosa como forma de marcar posição. O risco é nossa pátria deixar de ser uma porta humanitária para se
tornar um inimigo temporário de co-irmãos. Estaríamos entrando num problema que até então não era nosso, já que a crise interessa diretamente apenas à Russia e Estados Unidos, e passaríamos a condição de participantes de uma
guerra de libertação e intervenção sem interesse direto. Isso tem um custo e conseqüências.


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