O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa surpreendeu os integrantes da CPI criada pelo Congresso para investigar a empresa ao quebrar o silêncio e confirmar que entregou dezenas de políticos em seus depoimentos à Justiça, mantidos sob sigilo pelo Supremo Tribunal Federal.
Sem entrar em detalhes para não comprometer o acordo de delação premiada que fez para colaborar com a Justiça, Costa resolveu fazer um esclarecimento inicial nesta terça-feira, na sessão em que foi convocado para uma acareação com outro ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.
Preso durante a Operação Lava Jato, que desvendou o maior esquema de corrupção envolvendo a petroleira, Costa só foi solto depois de fazer o acordo e admitiu que entregou “algumas dezenas” de políticos ao ser questionado pelos integrantes da CPI.
O delator afirmou que chegou a ficar “enojado” com o que ocorria na estatal e que a corrupção está espalhada pelo país. “O que acontecia na Petrobras acontece no Brasil inteiro: nas rodovias, ferrovias, nos portos, aeroportos, nas hidrelétricas. Isso acontece no Brasil inteiro. É só pesquisar”, afirmou Costa.
Costa não se pronunciou na CPI sobre a acusação que fez anteriormente à Justiça, de que tinha conhecimento de que Cerveró também recebia propina. O ex-diretor da área internacional negou: “Acho que isso é uma ilação”.
Na sua explanação inicial, Costa fez um breve histórico de sua entrada por concurso na estatal em 1977, mas admitiu ter chegado ao alto escalão da estatal graças a indicações políticas. Eles esteve à frente da diretoria de Abastecimento de 2004 a 2012.
Cumprindo prisão domiciliar e concluída sua bateria de depoimentos ao Ministério Público Federal e à Justiça, agora Costa diz estar “profundamente arrependido”.
“Todos os diretores da Petrobras e de outras [estatais], sem apoio político, não chegavam a diretor. Infelizmente, aceitei”, disse. (FP)