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Diário da Amazônia

Denunciado ao TC festival de comissionados, comandada pela esposa do governador Marcos Rocha

Falta de profissionais específicos para atuar com a política social fez entender que existe ilegalidade nas contratações

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Publicado: 23/06/2020 às 11h53min | Atualizado 23/06/2020 às 11h54min

Foto: Divulgação

Com apenas um ano e seis meses no cargo, o governador Marcos Rocha mantém o discurso de combate implacável à corrupção e continua prometendo fazer um governo sem os erros que ele apontava aos outros durante a campanha. Mas, a prática cotidiana de sua administração, vai desconstruindo o discurso político dia após dia.

Desde que resolver premiar a falida família Gonçalves com cargos importantíssimos do primeiro escalão da administração pública, vem colecionando dissabores e ações que contradizem o discurso e já tem de andar dando explicações à justiça e aos órgãos de controle, como foi o caso da suspeitíssima compra sem licitação de teste para a covid-19 de uma empresa ligada ao seu chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves. A empresa recebeu uma bolada de 3 milhões de reais adiantados – bloqueados pela Justiça a pedido do Ministério Público – e teve muitos problemas para começar a entregar o que vendeu.

Agora, as denúncias de irregularidades chegam a sua cozinha, com vários órgãos da sociedade civil denunciando a secretaria comandada pela Primeira Dama, Luana Rocha. As denúncias já corriam nos bastidores a algum tempo, mas agora ganham cunho oficial.

Após constatar irregularidades na Secretaria Estadual de Assistência Social (SEAS), como o excesso de cargos comissionados, a sociedade civil e o Fórum de Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA) solicitaram apurações no Tribunal de Contas do Estado sobre o caso. Além disso, outros pontos questionados pelas organizações é a falta de um concurso público para preencher os cargos, que são mais de 150.

A denúncia aconteceu após entidades do terceiro setor entenderem que existe uma ilegalidade por não haver profissionais específicos para atuar com a política social, como assistentes sociais e também sociólogos. “Temos uma estranha situação em que parece não faltar recursos financeiros para custear tantos comissionados, admitidos sem qualquer critério formal de seleção”, comentou um dos coordenadores da articulação, o representante da Arquidiocese de Porto Velho, Clemildo Sá.

Outra das responsáveis por uma das entidades, a assistente social Denise Campos ressaltou ser “notória à inércia e pouca efetividade nas políticas sociais, notoriamente para atendimento de grupos mais vulneráveis, como crianças e adolescentes”.

A ARTICULAÇÃO

A proposta do questionamento surgiu durante uma das reuniões mensais do Fórum DCA em Rondônia, realizada de forma virtual em razão da pandemia do novo coronavírus. “Há muito por fazer e, até o momento, não conseguimos ver medidas concretas, razoáveis e efetivas para combate das situações de pobreza, aumentadas pela pandemia”, disse a representante da Kanindé, a pesquisadora Neidinha Surui.

Já a representante do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Maria dos Anjos, outra associação de proteção da infância com atuação há mais de 20 anos em Porto Velho lembrou a importância de profissionais capacitados para atuar na SEAS.

“A demanda por profissionalização da assistência social é de longa data; inaceitável que continuemos em uma lógica perversa de pseudo-caridade, distante de marco técnico, de cumprimento de normas éticas e de cidadania”, frisou.

A DENÚNCIA

O documento é subscrito por várias organizações que congregam no Fórum DCA, alguns ativistas sociais, como assistentes sociais, sociólogos e conselheiros de direitos.

Foi capitaneada pela Arquidiocese de Porto Velho, Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Maria dos Anjos e Kanindé – Associação de Defesa Etnoambiental.

A denúncia foi protocolada no Tribunal de Contas do Estado, estando autuada sob o nº 01632/20/TCE-RO, estando com o Conselheiro Relator José Euler de Mello. (Fonte: Expressão Rondônia)



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