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Diário da Amazônia

Depressão é real e pode levar ao suicídio, alerta especialista

A psicóloga Viviani Cecanho chama a atenção para a gravidade da situação e menciona o diálogo como fator importante.

Por Chagas Pereira
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Publicado: 02/02/2020 às 11h17min

Foto: Roni Carvalho

O índice de suicídios tem aumentado, notadamente entre os jovens, e assusta. Para muita gente isso não significa nada e tudo é levado na brincadeira. Mas o problema é muito complicado e requer mais seriedade. Especialistas enfatizam que uma das causas dos suicídios é a depressão. E é justamente a depressão que não está sendo levada a sério como deveria. Chacotas têm sido comuns quando se faz referência à depressão. O mais agravante é que as vítimas da depressão nem sempre demonstram tristeza e podem estar sorrindo o tempo todo.

A psicóloga Viviani Cecanho, que ministrou palestra para colaboradores de empresas do Grupo Gurgacz, enfatizou que a depressão é um transtorno mental frequente, decorrente de fatores emocionais, que afeta mais de 300 milhões de pessoas, de todas as faixas etárias, em todo o mundo. “É a principal causa de incapacidade que pode levar a várias outras doenças”, mencionou Viviani, acrescentando que as mulheres são mais afetadas que os homens.

Numa realidade conturbada em que estamos vivendo, cabe a cada um de nós passar a observar mais de perto o comportamento de quem está mais próximo. Nossas famílias, nossos amigos, nossos vizinhos, nossos colegas de trabalho, mais do que nunca, precisam da nossa atenção. Especialistas no assunto alertam que tratar a depressão é fundamental para evitar o suicídio, e que o primeiro passo é ver a depressão como uma doença que precisa ser tratada. “É preciso criar um clima de empatia para conseguir a confiança da pessoa depressiva, a fim de que haja condições para que ela aceite ajuda”, disse Viviani Cecanho.

Para a psicóloga, a pessoa depressiva precisa confiar para falar de seus problemas, do que a deixa aflita. “O medo de errar e de ser alvo de críticas pode levar pessoas a isolar-se. O diálogo é fundamental no processo de ajuda, mas é preciso saber acolher, saber ouvir, respeitando a situação da pessoa, que precisa confiar para expor seus problemas”, assinalou Viviani Cecanho. Segundo ela, no ambiente de trabalho se constrói relacionamentos para vida toda por conta da convivência. “Esse relacionamento tende a facilitar abertura para viabilizar ajuda em casos depressivos. Mas, volto a dizer que saber ouvir é primordial nesse processo. Isto porque a pessoa tem necessidade de falar e se interrompida dificilmente voltará ao assunto”, salientou. 

Distúrbios mentais

Mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a distúrbios mentais e transtornos do humor, e que a depressão é o diagnóstico mais frequente, aparecendo em 36% das vítimas. Os dados mostram o aumento dos casos entre os mais novos, com prevalência entre os homens, evidenciando a depressão como a quarta maior causa de suicídio entre jovens no Brasil. Outras doenças que podem ser tratadas, como o alcoolismo, a esquizofrenia e transtornos de personalidade, também afetam esses pacientes e por isso afirma-se que o suicídio pode ser evitado na maioria das vezes.

Viviani Cecanho informou que os casos depressivos são mais frequentes em mulheres, que também respondem pelo maior índice de tentativas de suicídio. Mas, ela alerta que os casos letais acontecem com homens. “Os homens conseguem esconder melhor os problemas que os aflige e o diagnóstico depressivo normalmente é conhecido em estágio elevado da doença, além do que as estratégias que levam os homens ao suicídio normalmente são mortais”, acentuou a psicóloga. “A depressão aprisiona, mas 90% dos casos de suicídios podem ser evitados”, acrescentou.

Maior percentual

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o Brasil é o país com maior percentual de depressão na América Latina, chegando a 5,8% da população, o que corresponde a 12 milhões de brasileiros. A taxa é maior do que o valor global, que é de 4,4%. Igualmente maior do que em outros países, a taxa de suicídio entre adolescentes de 10 a 19 anos aumentou 24% de 2006 a 2015. A cada 46 minutos alguém tira a própria vida no Brasil. A depressão faz parte do cotidiano e precisa ser levada mais a sério.



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