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PLANTÃO DE POLÍCIA

Desabrigados enfrentam dificuldades

No Ramal Aliança, famílias vindas de regiões que foram alagadas em 2014 ainda estão vivendo debaixo das lonas..

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Publicado: 26/05/2015 às 04h25min | Atualizado 26/05/2015 às 04h46min

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No Ramal Aliança, famílias vindas de regiões que foram alagadas em 2014 ainda estão vivendo debaixo das lonas Fotos: Roni Carvalho/Diário da Amazônia

Há cerca de um ano o estado de Rondônia sofreu com a cheia histórica do rio Madeira, a maior registrada nos últimos anos. O resultado da catástrofe foi esse, patrimônios históricos devastados, áreas do centro da capital e também ribeirinhas totalmente destruídas e muitas famílias sem casa, sem auxílio do governo e sem assistência por parte do Executivo municipal.

A equipe de reportagem do Diário, visitou no último final de semana, o Ramal Aliança, onde conversou com famílias vindas de áreas alagadas como: Itacoã, Terra Caída, São Carlos, Ilha dos Veados, Bom Ceará entre outras regiões ribeirinhas. A realidade encontrada é desumana.

São centenas de pessoas vivendo em barracas cedidas pela Defesa Civil, na beira da estrada, em um calor de mais de 40º C, com crianças e sem receber o auxílio social proposto pelo governo. De acordo com os desabrigados, alguns receberam durante poucos meses o auxílio e depois deixaram de receber, outros ainda nem se quer receberam uma parcela do auxílio. Como se não fosse o bastante, a prefeitura deixou de doar as cestas básicas e água mineral para as famílias.

Segundo quatro irmãs, vindas de Itacoã, Auricélia Trindade, Patrícia Trindade, Irene de Lima e Francisca Trindade, a situação está cada dia pior, todas perderam tudo e o que possuíam nas barracas foram coisas doadas após a cheia. Auricélia reclama do que está vivendo, ela diz que não tem quase o que comer e basicamente estão sobrevivendo do que pescam no rio. “Me dá tristeza viver nesse calor, sem dinheiro pra comprar comida, sem água. Nós só temos água hoje porque o dono da mercearia cede água do poço pra gente, é dolorido ver nossos filhos passando por isso”, desabafou.

Para José Reis, vindo de Terra Caída, a humilhação não tem tamanho, após sair da sua casa por conta da cheia, o agricultor foi colocado pela prefeitura em uma área que tinha proprietário, com alguns meses vivendo na barraca dentro das terras, o dono do lote vendeu o terreno e os desabrigados precisaram sair do local. “Agora eu estou montando um barraquinho num terreno emprestado pelo Jacú (proprietário do armazém), por enquanto é a única saída que encontrei pra não ficar debaixo dessa lona”.

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A temperatura dentro das barracas pode alcançar 60°C

O aposentado, Francisco Tavares, atingido pela cheia, vive em um barraca há um ano na ocupação Dilma Rousseff. De acordo com Tavares, na margem esquerda, região de São Carlos onde vivia a vida era melhor, hoje ele reclama da falta de apoio do poder público. “Tem dias que tenho que pedir ajuda de vizinhos pra poder comer, minha família foi para Manaus, ficar na casa de parentes pra não ficar na barraca. É triste viver sozinho e pior ainda, estar separado da família por falta de condições de prover a casa”, declarou.

ESTADO NÃO TEM RECURSOS PARA COMPRAR ÁREA

De acordo com o secretário municipal de Planejamento, Jorge Elarrat, a situação da área foi a seguinte, o proprietário do local ofereceu a terra a prefeitura que se interessou pela área, mas também ofereceu ao governo do Estado. Com isso os dois iniciaram o processo de compra, logo a prefeitura descobriu a situação e em conversa com o governo ficou acertado que o Estado compraria a área. Contudo, agora o governo alega não ter condições de comprar a área e a prefeitura se interessou em fechar o negócio.
“Vamos ter uma reunião agora com o vice-governador, Daniel Pereira (PSB-RO), para solicitar que ele anule o processo de compra, uma vez que o Estado não possuí recursos para compra, e em seguida iniciar o processo de compra do terreno, em pouco tempo esse problema será resolvido”, informou Elarrat.
Quanto a doação de cestas básicas e água mineral, o secretário informou que assim que encerrou o Estado de Calamidade, o município deixa de ter a obrigação de fazer as doações, visto que os recursos vindos do Governo Federal só atendem durante esse período aos desabrigados. “Nós podemos ver com a secretaria municipal de Assistência Social a possibilidade de fazer algo pelos desabrigados”, comentou o secretário de Planejamento.
Sobre a situação do auxílio social, até o fechamento desta edição não obtivemos resposta da Secretária Estadual de Assuntos Estratégicos.

Os desabrigados estão aguardando receber algum tipo de auxílio da prefeitura ou do governo para recomeçarem

Os desabrigados estão aguardando receber algum tipo de auxílio da prefeitura ou do governo para recomeçarem

DEPUTADO IRÁ COBRAR AUDIÊNCIA 

O deputado estadual Jesuíno Boabaid (PT do B-RO) e o vereador Everaldo Fogaça (PTB-RO) realizaram visita no ramal Aliança, na ocasião os parlamentares se surpreenderam com o que viram, de acordo com o deputado Jesuíno, eles não tinham conhecimento de que aquelas pessoas viviam naquela situação.

De acordo com Fogaça, toda visita foi filmada e será mostrada durante sessão na Câmara dos Vereadores, onde também serão convocados o prefeito Mauro Nazif, os secretários de planejamento, Jorge Elarrat, de assistência social, Daniel Vieira, de Defesa Civil, Vicente Bessa e demais pastas envolvidas.

Já o deputado afirmou que solicitará uma audiência pública a fim de cobrar resposta do governo do Estado para com a situação dos desabrigados. “É desumano isso aqui, eu estou indignado e como deputado vou cobrar a responsabilidade por cada pessoa que vive nesse lugar. O que a gente sabe é que aqui está tudo bem, está todo mundo sendo atendido, é essa situação que o governo passa, agora eu chego no local e vejo tudo diferente, é absurdo. E eu vou convocar a audiência nesse lugar pra todo mundo ver”, afirmou.

 

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